Análise: mundo teme guerra por semicondutores, e ascensão da China no setor alarma o Ocidente
15:45 26.11.2025 (atualizado: 18:09 26.11.2025)

© AP Photo / Ng Han Guan
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Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas apontam que a China soube desenvolver sua indústria de semicondutores por meio de uma política de Estado e hoje tem uma participação no setor que preocupa os EUA e aliados europeus.
O fornecimento de semicondutores à indústria automotiva brasileira esteve com a corda no pescoço. Isso porque 40% dos nossos chips vêm da Nexperia, uma subsidiária da empresa de semicondutores chinesa Wingtech, sediada nos Países Baixos.
Em outubro, o governo holandês tomou o controle da empresa, citando preocupações com a segurança nacional, e ordenou a remoção do CEO da companhia, Zhang Xuezheng, do cargo. Em resposta, a filial chinesa anunciou a interrupção do envio de matérias-primas à prima europeia, criando um nó logístico mundial.
Na semana passada, entretanto, Amsterdã anunciou a suspensão da intervenção na empresa após conversas com Pequim.
A Nexperia é uma fornecedora crucial de chips básicos para a indústria automobilística, e a escassez desses componentes vem ameaçando a cadeia de suprimento global. Em meio à crise, a China garantiu que as remessas ao Brasil estão garantidas, mas a problemática é mais um indício do papel central dos chips e semicondutores na geopolítica atual.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o presidente da estatal brasileira de semicondutores, Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), Augusto César Gadelha, destaca que hoje os Estados Unidos estão perdendo a liderança nessa tecnologia.
"Os EUA já estiveram à frente nos semicondutores, foram os criadores de todo o uso de semicondutores na área computacional e em tudo que temos na sociedade. Mas eles pararam um pouco no tempo e agora estão querendo recuperar isso com esses esforços de atrair todos os seus recursos humanos."
Do outro lado do mundo, a China trilhou o caminho oposto. Desde a década de 1980 já considerava os semicondutores um setor crucial para o desenvolvimento.
"A China passou a considerar isso uma prioridade nacional."
Nesse mesmo período, o Brasil também estava começando a dar importância ao setor, mas não lhe deu continuidade. O país, diz, não conseguiu definir o setor como um projeto de Estado. "O Brasil jamais transformou semicondutores em uma prioridade nacional."
O presidente da Ceitec explicou ao podcast que o desenvolvimento de uma indústria para o setor leva em torno de 20 anos e que hoje a empresa desenvolve semicondutores para nichos específicos.
"Por exemplo, nós elegemos a fabricação de semicondutores de potência, que são utilizados na área de conversores de potência, de correntes elétricas, de tensões com aplicações em carros elétricos, em energia alternativa e em motores industriais."
"Mas os semicondutores independentes de chips vão ser produzidos no exterior. Nós não temos condições nem capacidade para desenvolver semicondutores mais avançados."
Em contraponto, a China, que conseguiu se estabelecer no mundo inteiro, tem uma indústria "comparável", "compatível" e "competitiva" com a dos EUA, detalhou Gadelha. "E isso preocupa demais os países ligados aos EUA".
Diego Kerber, jornalista e apresentador do canal Adrenaline, enfatiza ao Mundioka que não é só o Brasil que é dependente da importação dos microchips. "Chegamos a um ponto em que a gente afunilou demais essa tecnologia."
"Praticamente toda a produção de chips de alto desempenho é feita em uma ilha na Ásia, no caso, lá em Taiwan. Nós temos praticamente todas as máquinas que fazem os chips […] sendo [de] uma única empresa, lá na Holanda."
Com nossas vidas inteiras armazenadas na nuvem, e quase todos os componentes da tecnologia analógica trocados por digitais, é difícil pensar em um setor que não seria duramente afetado em uma escassez desses produtos.
"Hoje tem mercados que você não imagina que estão usando chips; a gente incorporou isso de uma forma que é surpreendente. A gente tem, hoje em dia, semicondutores em tudo, e, quando não tem, a gente tenta achar um jeito de colocar."
Por conta disso, hoje há uma preocupação com uma possível guerra desencadeada pela falta de semicondutores, e Kerber aponta que a União Europeia e os Estados Unidos vêm investindo bilhões em fábricas do setor.
"Porque os semicondutores começaram a ficar tão importantes quanto qualquer outro insumo, especialmente para quem está preocupado com conflitos, como combustíveis, como equipamento de guerra bélica", destaca o analista.
Exército russo atinge instalações do complexo militar-industrial da Ucrânia com mísseis hipersônicos Kinzhal, diz MD
06:39 25.11.2025 (atualizado: 10:51 25.11.2025)

© Sputnik / Ministério da Defesa da Rússia
/ O Exército russo, em resposta aos ataques terroristas da Ucrânia contra alvos civis na Rússia, realizou na noite passada um ataque combinado em instalações do complexo militar-industrial e de energia da Ucrânia, relatou nesta terça-feira (25), o Ministério da Defesa da Rússia.
Os ataques foram efetuados com armas de baseamento terrestre, marítimo e aéreo, incluindo mísseis hipersônicos Kinzhal e drones de ataque. Todos os alvos designados foram atingidos, detalha o comunicado.
Unidades do agrupamento de tropas russas Tsentr (Centro) prosseguem a ofensiva em Krasnoarmeisk (Pokrovsk, em ucraniano), os grupos de assalto do 2º Exército avançam com sucesso nos distritos de Tsentralny e Dinas da cidade.
Vale destacar que os militares do agrupamento russo Yug (Sul) libertaram o povoado de Ivanpolie, na República Popular de Donetsk (RPD), relatou o comandante do 1º batalhão do 1194º regimento com o codinome Dzhef.
"Na verdade, Ivanpolie é uma saída direta. Abre-se uma enorme cabeça-de-ponte para a introdução de tropas aqui em grandes números, e uma passagem direta para Konstantinovka", disse o comandante do batalhão.
Na área do agrupamento Yug (Sul), o Exército ucraniano perdeu no último dia mais de 235 militares, dois blindados de combate, 19 carros e uma peça de artilharia.
Além disso, as unidades do agrupamento Tsentr repeliram nove ataques na área do povoado de Grishino de grupos que tentavam desbloquear as unidades ucranianas cercadas em Krasnoarmeisk. Até 30 combatentes foram destruídos.
O Exército da Ucrânia perdeu nas últimas 24 horas até 240 militares, dois blindados de transporte, quatro blindados de combate, 11 carros e seis peças de artilharia de campanha na área de operações do agrupamento russo Vostok (Leste).
Segundo a entidade militar russa, o agrupamento Zapad (Oeste) melhorou a posição tática e atingiu formações armadas ucranianas, tendo o adversário perdido até 230 militares, seis blindados de combate, 22 carros, um carro de combate do sistema de lançamento múltiplo de foguetes Grad, nove estações de guerra eletrônica, sete depósitos de munições, entre outros equipamentos bélicos.
Além disso, as unidades do agrupamento Tsentr repeliram nove ataques na área do povoado de Grishino de grupos que tentavam desbloquear as unidades ucranianas cercadas em Krasnoarmeisk. Até 30 combatentes foram destruídos.
As tropas ucranianas perderam mais de 130 soldados, 11 carros, uma peça de artilharia e uma estação de guerra eletrônica na área de operações do agrupamento russo Sever (Norte), relata o ministério russo.
Já os meios russos de defesa antiaérea derrubaram no último dia uma bomba aérea guiada, quatro mísseis guiados de grande alcance Neptun e 419 drones ucranianos de asa fixa.
O agrupamento russo Dniepre eliminou mais de 75 militares ucranianos e dez estações de guerra eletrônica, detalhou o Ministério da Defesa na terça-feira (25).
No total, desde o início da operação militar especial em 2022, o Exército russo destruiu os seguintes armamentos do adversário:
668 aviões;
283 helicópteros;
98.697 veículos aéreos não tripulados;
638 sistemas de mísseis antiaéreos;
26.247 tanques e outros veículos blindados de combate;
1.620 lançadores múltiplos de foguetes;
31.538 peças de artilharia de campo e morteiros;
47.635 unidades de veículos militares especiais.




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