Guerra programada | Por Luiz Holanda

A afirmação de que estamos próximos da terceira guerra mundial dita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha como objetivo não só os conflitos em andamento no Oriente Médio e na Ucrânia como, também, desviar a atenção do mundo sobre do plano de Israel de bombardear as instalações nucleares iranianas. Trump afirmou que em todo o mundo estava agindo rapidamente para acabar com as guerras, resolver conflitos e restaurar a paz no planeta: “quero paz e não quero ver… todo mundo sendo morto”. O problema é que enquanto ele fazia essas afirmações -e conversava com o Irã sobre o controle do enriquecimento do seu urânio-, Israel estaria recebendo centenas de foguetes de longo alcance para atacar o Iran.
Os analistas e especialistas em geopolítica observam que os EUA atuam para conter o desenvolvimento armamentista tanto do Irã como de outros países, já quje a tecnologia desenvolvida permite a qualquer um usá-la como fonte de desenvolvimento econômico e militar. Trump sempre ameaçou bombardear o Irã se os seus dirigentes não chegassem a um acordo sobre o seu programa nuclear. Apesar de ter a 16ª maior força militar do mundo, o poder de ataque do Irã em relação a Israel sempre foi tido como insuficiente. Mas a resposta do Irã surpreendeu todo mundo, inclusive Israel, que tem uma frota de 340 aviões F-15 com alcance de ataque de longa distância, F-35 e aviões “stealth” de alta tecnologia, que escapam de radares com muita facilidade. Isso sem falar nos helicópteros de ataque rápido. Seu domínio no espaço é absoluto.
O Irã tem cerca de 320 aeronaves com capacidade de combate relativa, pois seus jatos datam da década de 1960, incluindo os F-4, F-5 e F-14, sem possibilidade de peças de reparo. A guerra entre os dois países se tornou uma guerra declarada, oficial. Importantes figuras iranianas foram mortas dentro do próprio país, além de dezenas de civis. A reação iraniana foi significativa, causando destruição, mortes e feridos em Israel, mas não `nem perto de destruir o estado judeu.
À medida que Israel intensifica seus ataques, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que continuará “por quantos dias forem necessários”. Vai ser difícil Trump cumprir sua promessa de campanha de manter a paz no mundo e acabar com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia e no Oriente Médio. Ele já se esquivou de qualquer participação americana no conflito, e agora está realocando recursos militares para a região sem explicar a razão. Supondo, segundo Trump, que essa guerra se torne mundial, o Brasil não poderia sequer se defender, pois suas Forças Armadas estão à beira de um colapso pela falta de atenção da atual gestão, enfrentando um sucateamento preocupante pelo descaso do governo em priorizar e financiar os projetos de defesa do país.
Dentre as três forças, a Marinha é a que mais sofre, pois sua frota é insuficiente para evitar a nossa vulnerabilidade em um cenário de guerra global. Diante dessa situação, e considerando as dimensões continentais do nosso país, somos forçados a sentir que o quadro é alarmante. Por trás das aparências de uma nação pacífica, que prega a paz, esconde-se uma verdade inquietante: não estamos preparados para enfrentar um conflito armado de grandes proporções.
No caso da Marinha, sua responsabilidade de proteger uma das maiores costas marítimas do mundo, enfrentando desafios significativos, é insuficiente. Recentemente anunciou-se a aposentadoria de 40% de sua frota, desativando quase a metade de suas embarcações. Entre os ativos remanescentes destacam-se o porta-helicópteros Atlântico, o navio de desembarque Bahia e os submarinos modernos em fase de integração, insuficientes para garantir uma defesa naval adequada. Num cenário de conflito amplo ou restrito, grande parte dos 80 mil militares da Marinha atuaria em terra, apoiando o Exército, devido à falta de meios navais operacionais.
De todas, a Força Aérea Brasileira (FAB) é a mais avançada, pois possui alguns caças F-39 Gripen, equipados com mísseis Meteor de longo alcance, e aeronaves como o KC-390 e os E-99, representando uma pequena vantagem em relação às demais. No Exército o sucateamento é total. Seus principais tanques de guerra, os Leopard 1A5 deixaram de ser fabricados há anos. A obtenção de peças para manutenção tornou-se uma saga, já que o modelo deixou de ser fabricado há décadas. Só restaram os veículos blindados leves, como os Cascavel e Guarani, que não possuem capacidade para enfrentar tanques modernos em combate. Enfim, somos uma inutilidade. Só somos úteis em esbanjar o dinheiro público, aumentar a dívida pública, corrupção, e tirar dinheiro da aposentadoria velhinhos do INSS impunimente.
*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.
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