Lembranças de um Roberto Jefferson jovem, que sentava a meu lado e não falava comigo
Jorge Béja
O editor da Tribuna da Internet lembrou que desde jovem Roberto Jefferson aparecia na televisão, tornou-se conhecido e entrou na política. Era no programa da Cidinha Campos, na então TV Sílvio Santos, que funcionava num galpão improvisado no Campo de São Cristóvão, RJ.
Éramos — ele e eu — os dois advogados que respondiam, ao vivo, às perguntas dos telespectadores. Ora uma pergunta era dirigida a Jefferson, ora a mim. O programa era semanal e durava 3 horas, sempre na parte da tarde. Tudo ao vivo.
JAMAIS FALOU COMIGO – O que trago de lembrança é o gesto do colega de profissão. Ele e eu sentávamos juntos. Um ao lado do outro. Ele era muito gordo e as cadeiras faziam com que até o braço dele tocasse em mim.
Chegávamos juntos. Ficávamos sentados juntos o programa inteiro, um ao lado do outro. Saíamos juntos do prédio da emissora. E juntos esperávamos táxi na calçada.
O que marcou foi o fato de Jefferson nunca ter falado comigo. Nunca olhou para mim. Nunca me dirigiu a palavra. Era como eu inexistisse e não estivesse sentado ao lado dele fazendo a mesma coisa que ele fazia.
DEI UM BOA TARDE – No primeiro dia de nossa apresentação no programa, dei-lhe um “boa tarde, Jefferson” ele ouviu, não me respondeu e não olhou para mim.
E tudo isso durou dois anos. O tempo passou. E eu nunca tive aversão por Jefferson. Não me era simpático. Mas raiva, ódio, malquerença… nunca senti a respeito dele. Foi o tempo que perdemos.
Desde então poderíamos ter ficado amigos, ainda que distantes, colaboradores… É verdade. O essencial é invisível para os olhos. Só se vê bem com o coração, não é mesmo, Exupéry?
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O relato de Jorge Béja mostra quem é Roberto Jefferson. Também trabalhei com Cidinha Campos, mas na Rádio Nacional, num programa líder de audiência. Eu era o único homem na hora dos debates, que contavam com as jornalistas Gilda Muller, mulher do Jacinto de Thormes, e Léa Penteado. Estávamos no regime militar, Cidinha sempre terminava o programa dizendo “até amanhã, se deixarem. Um belo dia, não deixaram. Quando chegamos à emissora, todos estávamos demitidos. (C.N.)
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