Ciro, Simone e Janones precisam se unir logo e começar a fazer campanha juntos
Carlos Newton
Nesta quarta-feira, Ciro Gomes se tornou o primeiro concorrente ao Palácio do Planalto a ter a candidatura oficializada pelo partido. Ele disputará as eleições presidenciais pela quarta vez. Nas outras três (1998, 2002 e 2018), não conseguiu chegar ao segundo turno. Há quatro anos, teve 12,47% dos votos válidos no primeiro turno.
No evento do PDT, o candidato do PDT afirmou querer uma companheira na vaga de vice-presidente. “Adianto que, no que depender de mim, será uma mulher, porque sempre respeitei as mulheres e as tive sempre como companheiras inseparáveis na minha luta”, afirmou o ex-ministro, assinalando que tem intensificado os diálogos com forças democráticas insatisfeitas com a polarização que ameaça o país. “O ritmo deve se acelerar nas próximas duas semanas”, acrescentou.
TRÊS POSSIBILIDADES – Com essa declaração, sem citar nomes, Ciro se referia a três possíveis companheiras de chapa – à senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência pelo MDB; à também senadora Leila Barros (PDT-DF); e à ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP) Suely Vieira, que também é filiada ao partido.
Se ainda estivesse conosco, o desinibido humorista Bussunda logo comentaria: “Fala sério!”, porque o tempo está se esgotando. O prazo para as convenções termina em 5 de agosto e o registro das candidaturas logo a seguir, no dia 15.
É preciso deixar de chorumelas, como dizia o ator Francisco Milani, que gostava de política e chegou a ser vereador no Rio pelo antigo Partido Comunista Brasileiro, o velho Partidão.
É PRECISO ACELERAR – Se realmente pretendem disputar a Presidência e aproveitar a grande rejeição que atinge as candidaturas de Jair Bolsonaro e Lula da Silva, é preciso que os candidatos da terceira via acordem do sono profundo e acelerem o processo.
Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) são os únicos que pontuam. Juntos, já chegam a 16% na última pesquisa BTG/FSB, com 9, 4 e 3 pontos, respectivamente. É fundamental que se reúnam o mais rápido possível, para confraternizar, bater umas fotos e dar uma declaração conjunta, anunciando que enfim estão unindo forças.
Ou seja, o concorrente da terceira via que fechar julho melhor colocado nas pesquisas será o candidato, com o segundo colocado formando a chapa como vice.
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P.S. –Se fizerem isso, no dia seguinte o país acordará diferente. E a maioria silenciosa, que não aceita votar em figuras desclassificadas como Lula e Bolsonaro, começará a fazer muito barulho. A chapa deverá ser Ciro e Simone ou Simone e Ciro. Não importa a ordem dos fatores, porque o resultado será sempre benéfico para o país. Depois, voltaremos ao assunto. (C.N.)
Charge do Duke ( O Tempo)
Fim das sanções? Alemanha recua para ter gás russo e Japão segue o mesmo caminho
Nelson de Sá
Folha
Em manchete no alemão Süddeutsche Zeitung, “Como Putin gosta”. No novo pacote de sanções, “ninguém mais fala em abrir mão do gás russo, pelo contrário, a questão é: como a Europa vai sobreviver?”. Ora, garantindo o retorno do gás russo, que está suspenso.
O financeiro russo Kommersant noticiou então (com a ilustração abaixo) que a turbina do gasoduto Nord Stream 1, que estava presa pelas sanções no Canadá, “foi enviada para a Alemanha por avião, não pelo mar, o que deve acelerar a chegada”, seguindo de lá para a Rússia. Isso porque o novo pacote “não contém a proibição de turbinas”.
PÓS-MANUTENÇÃO – Ato contínuo, a agência Reuters informou e o financeiro alemão Handelsblatt confirmou que “o gás russo deve fluir pelo Nord Stream 1 de novo”, dentro do cronograma, depois de encerrada a manutenção do gasoduto.
Paralelamente, o financeiro Nikkei noticiou que o governo japonês disse para os grupos Mitsui e Mitsubishi “manterem suas participações no Sakhalin-2”, projeto de gás da Rússia, mesmo que isso “ameace a unidade nas sanções” dos países ricos a Moscou.
Duas semanas antes, um decreto do governo russo havia determinado a consolidação do projeto numa nova estatal, com as estrangeiras participantes podendo continuar sob novos termos. “O governo japonês quer, pelo abastecimento energético do país.”
PELOSI E O ABISMO – No Financial Times, “Nancy Pelosi visitará Taiwan no próximo mês”, antes das eleições para o Congresso nos EUA.
O Global Times, ligado ao PC chinês, citando o porta-voz da chancelaria, Zhao Lijian, manchetou então que a presidente da Câmara norte-americana “poderia detonar uma crise no estreito” e levar as relações dos dois países “a cair num abismo”.
O jornalista Hu Xijin explicitou, em mídia social, que ela poderia “desencadear um conflito militar”.
KISSINGER ADVERTE – Na manchete do site da Bloomberg, “Henry Kissinger adverte Joe Biden contra confrontação sem fim com a China”. O ex-secretário de Estado cobrou “flexibilidade nixoniana” para desarmar os conflitos EUA-China e União Europeia-Rússia.
Vê Biden “muito influenciado pelos aspectos internos [da política americana] na visão da China”. E diz que líderes europeus como o alemão Olaf Scholz “perderam o senso de direção”.
Por fim, em manchete “exclusiva” da Caixin, a China estabeleceu uma nova “gigante estatal de minério de ferro”, de 20 bilhões de yuans (US$ 3 bilhões), para “empunhar uma vara maior ao lidar com exportadores da Austrália e do Brasil”. Em 2021, o país respondeu por 70% das compras do minério no mundo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mundo, mundo, diria Carlos Drummond de Andrade. Cresce, evolui, mas não muda nada (C.N.)
Nota oficial da Embaixada dos EUA teve aval do Departamento de Estado
Valdo Cruz
g1 Brasília
A nota divulgada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil nesta terça-feira (19), defendendo que o sistema eleitoral brasileiro é modelo para o mundo, foi aprovada pelo Departamento de Estado norte-americano em Washington. O órgão é análogo ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, mas concentra muito mais poder e influência.
O texto, que desagradou ao Palácio do Planalto, foi divulgado um dia após o presidente Jair Bolsonaro reunir embaixadores em Brasília para repetir ataques às urnas eletrônicas e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
DISSE PRICE – O governo dos Estados Unidos reafirmou nesta quarta-feira, 20, que o processo eleitoral brasileiro deve ser visto como um modelo pelos demais países. Porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price disse que o sistema de votação usado no Brasil já se provou confiável ao longo dos anos. Segundo ele, o governo Joe Biden espera que as instituições brasileiras ajam de acordo com seu papel previsto na Constituição durante as eleições de outubro.
“Eleições vêm sendo conduzidas pelo sistema eleitoral brasileiro, capacitado e já testado, e pelas instituições democráticas com sucesso por muitos anos, então ele é um modelo para nações deste hemisfério e além”, afirmou Ned Price, durante pronunciamento à imprensa em Washington.
“Como um parceiro democrático do Brasil, vamos acompanhar as eleições de outubro com grande interesse e expectativa total que sejam conduzidas de forma livre, justa e confiável, com todas as instituições agindo segundo seu papel constitucional”, assinalou.
DESCORTESIA – No Planalto, assessores presidenciais ouvidos pelo blog reclamaram que a nota acabou sendo uma “descortesia” com Bolsonaro. Ao mesmo tempo, reconheceram que a posição do governo Joe Biden sobre o sistema eleitoral brasileiro é amplamente conhecida – e contrária às investidas de Bolsonaro no tema.
Segundo aliados do Centrão, o governo acabou colhendo o que plantou: mais desgaste, não só interna como também externamente. A reunião foi classificada pelo Centrão como mais um erro político do presidente Bolsonaro na busca de agradar os seus apoiadores diretos. Como consequência, acabou desagradando o eleitor moderado que Bolsonaro precisa atrair para buscar a reeleição.
Na nota, por sinal, a embaixada faz questão de frisar que o conteúdo divulgado repete declarações anteriores.
DIZ A NOTA – “Como já declaramos anteriormente, as eleições no Brasil são para os brasileiros decidirem. Os Estados Unidos confiam na força das instituições democráticas brasileiras. O país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores”, diz parte do comunicado.
O trecho que mais incomodou o Palácio do Planalto diz que “as eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo” – na linha oposta do que disse Bolsonaro durante a reunião com os embaixadores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É impressionante como Jair Bolsonaro consegue se isolar cada vez mais. Na verdade, o presidente não ouve ninguém. Quem está mais perto dele são os filhos. E isso explica tudo. Nenhum político consegue se tornar um grande homem público se não contar com uma assessoria de altíssimo nível. Seria exigir demais dele. (C.N.)
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