sexta-feira, 15 de julho de 2022

 

Brasil colhe o que Bolsonaro plantou: ódio, adoração às armas, convocação ao golpe

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Paixão (Gazeta do Povo)

Eliane Cantanhêde
Estadão

No sábado, 9 de julho, o bolsonarista Jorge Guaranho matou o petista Marcelo Arruda na sua festa de 50 anos, em Foz do Iguaçu (PR). No domingo, dia 10, o bolsonarista Eduardo Bolsonaro, o 03, festejava seus 38 anos com um bolo que diz tudo: um revólver “tresoitão” (de calibre 38). Como dito aqui no domingo, essas coisas não são coincidência, têm relação direta de causa e efeito.

No próprio sábado do assassinato, enquanto Arruda, casado, quatro filhos, preparava a sua festinha em Foz Iguaçu, o 03 participava da marcha “ProArmas, pela Liberdade”, a partir da Catedral de Brasília. O que armas que matam têm a ver com liberdade e com Deus?!

NADA A VER? – A pergunta do papai Jair Bolsonaro, presidente da República, porém, é outra: “O que eu tenho a ver com o episódio?” Referia-se ao assassinato a tiros do petista Arruda, que reduziu a uma “briga de duas pessoas”. Ele e seus seguidores reclamam de quem chama o assassino de “bolsonarista”.

Por que será? Só porque o assassino faz campanha para Bolsonaro e entrou na festa armado e gritando que “aqui é Bolsonaro”? Só porque a vítima era petista e a festa tinha motivos do PT e do ex-presidente Lula?

Há muito petista metido a machão e adepto da violência, mas é evidente que, neste caso, a responsabilidade é de Bolsonaro, pelo discurso de ódio, pela louvação às armas e por atiçar milicianos – como Guaranho, agente penitenciário –, a partir para o ataque.

SEM CONTROLE – Objetivamente, o presidente, que tem vários projetos para liberar geral o uso e a posse de armas, desautorizou pela internet três portarias do Exército para monitorar o armamento de civis.

Assim, o número de armas se multiplicou e as Forças Armadas perderam o controle sobre elas.

Subjetivamente, Bolsonaro faz apologia de revólveres e fuzis, usa crianças para fazer “arminha” com as mãos, prestigia propagandistas de armas e, na live da quinta-feira antes do assassinato de Marcelo, convocou: “Você sabe o que está em jogo, sabe como deve se preparar”. E frisou: “Antes da eleição”.

CLIMA RUIM – No ambiente jurídico, o clima é de pavor. No político, há uma divisão: os bolsonaristas insistem que é “cedo” para conclusões e aderem à tese de “uma briga de duas pessoas”, um crime passional, por dinheiro ou por motivos “mundanos”.

A realidade, porém, está documentada e tem testemunhas: o bolsonarista foi à festa sem ser convidado, aos gritos contra Lula e o PT, e avisou que voltaria para acabar com “a raça” dos petistas. Voltou e matou Marcelo.

A motivação, as circunstâncias, as falas e a loucura ideológica são tão gritantes que não há o que discutir. O País colhe o que Bolsonaro plantou.

 

Petróleo atinge menor valor desde o início da guerra da Ucrânia e a Bolsa tomba 1,8%

Dólar sobe a R$ 4,796; Bolsa cai puxada pela Eletrobras

Em São Paulo, a Bolsa de Valores caiu e o dólar subiu

Clayton Castelani
Folha

O petróleo atingiu seu menor valor nesta quinta-feira (14) desde a eclosão da Guerra da Ucrânia. O barril de Brent chegou a ficar abaixo dos US$ 95 (R$ 518). Houve recuperação no final da tarde, e a commodity caminhava para encerrar o dia perto da estabilidade (alta de 0,17%), cotada a US$ 99,74 (R$ 544,20).

A invasão comandada pelo presidente russo, Vladimir Putin, levou a uma disparada do petróleo no começo do ano, que chegou a ficar acima dos US$ 130 à medida em que países impunham sanções ao país, um dos maiores exportadores mundiais da commodity. O movimento de queda, agora, ocorre na esteira de temores de uma inflação global e seu impacto sobre a demanda.

MELHOR INDICADOR – “Commodities são o seu melhor indicador econômico, e o que elas estão dizendo é que há sofrimento à vista para a economia”, afirmou o especialista em petróleo Stephen Schork ao Financial Times.

O tombo desta quinta ocorre um dia após a inflação nos Estados Unidos ter renovado a maior alta em quatro décadas, o que levou os mercados a apostar que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) promoverá uma alta de juros ainda mais agressiva do que a esperada.

O aperto ao crédito tem o objetivo de frear a alta de preços na principal economia do planeta, mas o efeito colateral poderá ser uma recessão mundial.

CLIMA SINISTRO – Esse cenário leva investidores a estimarem quedas da atividade industrial, no consumo e na arrecadação de impostos. É uma percepção que provoca desvalorização generalizada das ações de empresas e depreciação das matérias-primas como o petróleo.

O contexto de maior aperto monetário dos EUA e temor de uma recessão global é adverso para mercados emergentes, com grande dependência de commodities, como o brasileiro.

A Bolsa de Valores brasileira caiu nesta quinta à sua pontuação mínima em 20 meses. Com perda de 1,80% no dia, o índice de referência Ibovespa mergulhou aos 96.212 pontos, seu menor patamar desde 3 de novembro de 2020.

DÓLAR EM ALTA – Parte considerável da baixa no mercado de ações no Brasil foi provocada justamente pelo tombo do setor de commodities, com destaque para o afundamento de quase 7% dos contratos futuros de minério de ferro no fim desta tarde. A mineradora Vale despencou 6,66%. As ações mais negociadas da Petrobras caíram 2,69%.

Em busca de segurança, investidores procuraram ativos ligados ao dólar. Houve valorização global da moeda americana, segundo o indicador da Bloomberg.

No Brasil, o dólar subiu 0,51%, aos R$ 5,4320. Durante o pregão, chegou a ser cotado a R$ 5,49, na máxima do dia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Calma, gente! É só uma freada de arrumação. Mais um pouco e o ônibus vai em frente. A guerra da Ucrânia foi um erro terrível, mas o boicote à Rússia foi ainda mais grave. Esse Biden, novo gerente do mundo, é um trapalhão senil(C.N.)

Falso dilema inspirou a oposição a apoiar um brutal retrocesso na responsabilidade fiscal

Como funciona a Câmara Federal? | Política

Na Câmara, o único partido que votou contra foi o Novo

Helio Schwartsman
Folha

Foi aprovada a PEC Kamikaze, que deverá dar a Jair Bolsonaro os votos de que ele precisa para não ser derrotado no primeiro turno e que faz regredir em três décadas as normas de responsabilidade fiscal do país.

Que governos tentem gestos desesperados para não perder eleições é da natureza do mundo. Que parlamentares da oposição votem em massa a favor de uma medida que eles próprios veem como estelionato eleitoral é uma anomalia.

DILEMA DA FOME – No Senado, um solitário José Serra teve a coragem de opor-se à PEC. Na Câmara, foram 469 votos a favor e 17 contrários (segundo turno). O único partido que orientou seus deputados a votar contra o mostrengo foi o Novo.

Os parlamentares oposicionistas que apoiaram a PEC recorrem à retórica dos dilemas para justificar sua posição. O pacote de medidas é ruim, dizem, mas é a forma de ajudar a população mais pobre, que passa fome.

O problema com esse raciocínio é que ele é demonstravelmente falso. A minoria não conseguiu nem suprimir as piores exorbitâncias jurídicas da PEC, de onde se conclui que a aprovação estava garantida. Os mais pobres receberiam o dinheiro independentemente de como votasse a oposição.

PREJUÍZO INSTITUCIONAL – Ficar contra uma manobra demagógica tão escancarada resguardaria a dignidade do Parlamento e reduziria marginalmente o prejuízo institucional de implodir numa única votação todo o sistema de controle das contas públicas.

Os oposicionistas não fizeram isso porque, num cálculo que não explicitam, eles próprios poderiam experimentar prejuízos eleitorais se ficassem contra a PEC. Em psicologia, isso leva o nome de percepção seletiva, que é a tendência de interpretar estímulos e informações de modo que se coadunem com nossos interesses pessoais. É o mecanismo que está na base do cinismo e da hipocrisia.

Paro um pouco antes de concluir que, com uma oposição dessas, o Brasil merece mesmo ser governado por Jair Bolsonaro e seus comparsas.

Sanções contra a Rússia foram um fracasso e provocaram isolamento de EUA e Europa  

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/ZH)

J.R. Guzzo
Estadão

Uma das melhores piadas do ano, com certeza, é esse Boris Johnson, que até outro dia despachava como primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Johnson, um dos mais excitados militantes das represálias econômicas contra a Rússia, em castigo pela invasão da Ucrânia, deu como certo, mais de uma vez: “Putin está morto”.

Na sua análise dos fatos, ele garantia que as sanções que os países da Europa e os Estados Unidos socaram em cima da Rússia tinham transformado o presidente Vladimir Putin em farinha de rosca; a economia russa seria destruída, a população iria se levantar em revolta e o regime seria derrubado.

TUDO AO CONTRÁRIO – Aconteceu o contrário. Putin continua na sua cadeira, com popularidade de 80%. O rublo está mais forte hoje do que quando as sanções começaram. O superávit da Rússia na balança comercial é de US$ 250 bilhões, o dobro do que foi no ano anterior à guerra. Mais de US$ 1 bilhão entra a cada dia no país em petróleo e gás.

Em compensação, Boris Johnson é o mais recente político desempregado do Primeiro Mundo – acaba de ser posto para fora do governo.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou sua renúncia na última quinta-feira, 7, devido a desgaste no governo, perda de apoio em seu próprio partido e queda de popularidade.

FRACASSO MISERÁVEL – As sanções econômicas contra a Rússia, que iriam liquidar Putin, acabar com a guerra e levar a Ucrânia à vitória, foram um fracasso miserável. Europeus e americanos acharam que estavam dando um espetáculo mundial de unidade, força e virtude com a sua política de extermínio econômico total.

Mas foram completamente ignorados pelo resto do mundo, da China ao Brasil, da Ásia à África, que continuaram seu comércio normal com a Rússia. Houve declarações educadas de condenação “à guerra” e de incentivo ao bem, mas em dinheiro, que é bom, ninguém mexeu.

O resultado é que quem ficou isolado foram a Europa e os Estados Unidos; são eles, e não a Rússia, que estão hoje em crise econômica, com crescimento perto do zero e inflação perto dos 10% ao ano. Acharam que iam quebrar a Rússia fechando lojas da Gucci. Não entenderam nada.

CAIXINHA DE ILUSÕES –  As sanções são uma lição admirável sobre a caixinha de ilusões, cálculos errados e arrogância mental em que vivem os países de Primeiro Mundo e os seus governozinhos globaloides, medíocres e metidos a besta. Europeus e americanos continuam convencidos de que os seus problemas são os problemas do resto do mundo.

Estão aflitos com a proibição das sacolas de plástico, a participação de “transgêneros” no concurso de Miss Espanha e a alta na temperatura média na Groenlândia – e acham que todos têm de estar também. Seus desejos, da mesma forma, têm de ser os desejos dos 8 bilhões de habitantes da Terra, do combate ao “racismo sistêmico” até a vitória da Ucrânia. O fiasco das sanções mostra o quanto estão perdidos.

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