Senador bolsonarista é incluído no inquérito sobre o desvio de verbas das emendas
Deu no Correio Braziliense
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu pela inclusão do senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB-MA) no rol de investigados do inquérito que apura o possível desvio de emendas parlamentares por parte de congressistas maranhenses. Desde 2017, Rocha é o titular da Corregedoria Parlamentar do Senado, órgão responsável por manter o decoro e a disciplina na Casa.
A investigação é a mesma que levou a Polícia Federal a realizar uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a três deputados federais do PL, o partido de Jair Bolsonaro, em 11 de março.
DINHEIRO NA MÃO – Naquele dia, um dos alvos foi o deputado Josimar Maranhãozinho (PL) — em dezembro de 2021, se tornaram públicas imagens dele manuseando uma grande quantidade de dinheiro, que, de acordo com a PF, são fruto do desvio de emendas parlamentares.
A decisão de Lewandowski foi baseada numa manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão passou a defender a inclusão do corregedor do Senado na investigação após relatório da Polícia Federal mostrar menções ao nome de Roberto Rocha em documentos trocados pelo grupo que seria responsável pelo desvio das emendas. O caso ficou sob a relatoria de Lewandowski por ele já ser o relator de outro inquérito sobre Josimar Maranhãozinho.
ROCHA É CITADO – Na troca de mensagens de WhatsApp entre os suspeitos, o nome de Roberto Rocha é mencionado em anotações e em tabelas de valores que também trazem o nome de municípios maranhenses. Uma das tabelas tem por nome “Roberto Rocha” e três colunas identificando data, município e valor.
Os valores mencionados somam R$ 980 mil, ao lado dos nomes “Magla”, “Bela Vista” e “Milagre do MA”. O estado tem os municípios de Bela Vista do Maranhão e de Milagres do Maranhão.
Em outra imagem, uma tabela intitulada “Rocha” traz os nomes “Milagre”, ao lado da cifra de R$ 32 mil; e “Barreirinhas” com o valor de R$ 55 mil. O último nome pode ser uma menção ao município maranhense homônimo, localizado na região dos Lençóis.
VERBAS DESVIADAS – Segundo a PF, o esquema seria abastecido com o desvio de verbas das emendas parlamentares destinadas à área da Saúde. Ainda segundo o inquérito, o processo aconteceria por meio de contratos com empresas de fachada — a PF acredita que os valores seriam destinados a Josimar Maranhãozinho e aos outros dois deputados investigados. Eles negam irregularidades.
Procurado pela reportagem, Roberto Rocha negou envolvimento com o caso e atribuiu a menção no inquérito ao “meu adversário comunista”, referindo-se ao atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB). Em fim de mandato, Rocha deve disputar a reeleição para o Senado numa disputa contra Dino, que é pré-candidato ao cargo.
Em nota, a assessoria de imprensa do senador disse que ele “não teve conhecimento oficialmente sobre o fato” — a investigação corre em sigilo no STF. Ainda segundo a assessoria, Rocha só conhece Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, um dos participantes da troca de mensagens do grupo, “como um empresário do Maranhão, com quem não tem nem jamais teve qualquer relação comercial”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Maranhão tem se notabilizado pela corrupção, fato que não representa a menor novidade. É uma cultura criminosa que se espalhou desde a era Sarney e contaminou a política estadual. (C.N.)
Marcelo Odebrecht entrega gravações à Justiça e acusa de extorsão seu pai e seu irmão
Malu Gaspar
O Globo
A guerra entre Marcelo e Emílio Odebrecht, que já vem desde a prisão do empreiteiro pela Lava Jato, ganhou mais um capítulo explosivo na semana passada. Em documentos protocolados na Justiça de São Paulo e na da Bahia, o empreiteiro acusa o pai e o irmão de extorsão.
Segundo ele, seu pai e seu irmão, Maurício, condicionaram o fechamento de um acordo que estava sendo negociado com o grupo Odebrecht a que ele entregasse de graça aos dois a sua participação de 20,9% numa firma chamada EAO empreendimentos, que inclui as fazendas e as obras de arte da família.
GRAVAÇÕES OCULTAS – As negociações estavam sendo feitas em caráter confidencial. Mas o próprio Marcelo confirma, nos documentos, ter gravado conversas ocorridas em paralelo com negociadores indicados por Emílio, ao perceber que o acordo não sairia.
São essas gravações, transcrições de diálogos e mensagens eletrônicas trocadas até com os pais, Emílio e Regina, que Marcelo entregou à Justiça.
Os diálogos transcritos sugerem que a proposta para encerrar a briga entre Marcelo e empresa previa que ele desse como contrapartida sua parte na EAO. Nas conversas, os negociadores comentam ter proposto um pagamento de R$ 30 milhões, que Marcelo dispensou. Procurados, nem a Odebrecht, nem Emílio, nem Maurício e nem Marcelo quiseram comentar o caso.
QUANTO VALE? – Para Marcelo, sua parte nas fazendas, registrada na contabilidade da EAO com valor de R$ 74 milhões, vale na verdade entre R$ 150 e R$ 200 milhões. Isso levaria a EAO a um valor entre R$ 600 e os R$ 800 milhões. Em 2016, no processo de recuperação judicial da Odebrecht, a empresa foi avaliada em R$ 375 milhões.
Nos documentos, Marcelo acusa Emílio e Maurício de usar a Odebrecht para conseguir vantagens particulares às custas de seu patrimônio pessoal. Segundo ele, suas ações da EAO são hoje todo o seu patrimônio.
“O objetivo da chicana que as apeladas (a Odebrecht e a Odebrecht SA) movem contra ele e sua família nunca foi de questionar os acordos firmados”, diz ele, referindo-se ao fato de que as ações que o grupo Odebrecht move contra ele não iriam fazê-lo devolver os valores que a empresa pagou para que ele fechasse o acordo de delação com a Lava Jato. “Trata-se unicamente de uma tentativa espúria de usar a Justiça para fazer calar, retaliar e extorquir”.
AÇÕES JUDICIAIS – Em São Paulo correm as duas ações que a Odebrecht move contra Marcelo, sua mulher, Isabela, e suas filhas. Os processos estavam suspensos desde setembro de 2021, para que ele e a companhia negociassem um acordo.
No último dia 10, porém, as negociações se encerraram por causa da questão das fazendas.
Marcelo e o grupo Odebrecht vêm se digladiando na Justiça desde dezembro de 2019, quando ele saiu da cadeia e passou a fazer novos depoimentos à Lava Jato, acusando o pai e outros executivos de desviar recursos da Odebrecht e da petroquímica Braskem .
Na época, o novo presidente da companhia, Ruy Sampaio, acusou Marcelo de chantagear a Odebrecht, exigindo R$ 240 milhões de reais para fechar o acordo de delação com a Lava Jato.
OUTROS PROCESSOS – Em seguida, a companhia moveu quatro ações contra o empreiteiro e sua família, pedindo a anulação dos pagamentos e devolução de R$ 143,4 milhões que teriam sido pagos em razão de chantagem.
Duas delas, porém, a Odebrecht perdeu, e foi condenada a pagar R$ 300 mil em multas por litigância de má-fé.
As duas que restaram são essas em que Marcelo acusou o pai e o irmão de tentar extorqui-lo. Já na Bahia, o empreiteiro conseguiu na semana passada uma liminar suspendendo a realização de uma assembleias de acionistas da EAO prevista para o último dia 13. Marcelo também queria que fossem anuladas as atas de todas as assembleias da empresa realizadas nos últimos 5 anos.
ATAS FRAUDADAS – Marcelo afirma que, para legitimar empréstimos irregulares de R$ 70 milhões para o irmão, Maurício, a direção da EAO fraudou as atas das assembleias ao fazer constar que ele estava presente, até mesmo quando estava preso em regime fechado domiciliar.
Na assembleia prevista para o dia 13 de abril, cancelada pela Justiça, a EAO daria garantia de R$ 30 milhões para dívidas de outras empresas ligadas a Emílio.
Embora tenha concedido a liminar para suspender a assembleia que ainda não tinha acontecido, a Justiça determinou que sejam feitas audiências de conciliação para resolver o que fazer com as atas de assembleias dos últimos 5 anos. Ou seja: a briga entre Marcelo Odebrecht e o pai deve continuar ainda por muito tempo, com lances surpreendentes.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Além de ser um corruptor de alcance internacional, que fazia negociatas com governos de vários países, Marcelo Odebrecht é um tremendo mau caráter. Brigou com o pai, por ele ter feito uma delação coletiva da empresa para tirá-lo da cadeia. Ao sair, proibiu o pai de ver as netas e destruiu a família.
De que adianta serem bilionários sem terem um pingo de felicidade, vivendo uma vida afetiva miserável e rancorosa? Mas todos eles só pensam (?) em dinheiro. Embora todos saibam que existe uma certeza intransponível – a de que dinheiro compra tudo, menos saúde e felicidade. (C.N.)
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