terça-feira, 2 de dezembro de 2025

 

Coluna Magnavita | Correios: o escandaloso empréstimo de R$ 20 bilhões. União pagará anualmente R$ 4 bi só de juros a quatro bancos

O escandaloso empréstimo de R$ 20 bilhões | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O mensalão começou com o escândalo dos Correios. O estopim foi a gravação da entrega em um bolinho de reais. Agora foi anunciado o prejuízo recorde de R$ 20 bilhões e a demissão em massa. Só que em pleno sábado, 29 de novembro, o Conselho de Administração da estatal se reuniu e aprovou a operação de R$ 20 bilhões, que só de juros ao consórcio de bancos, a União será responsável por mais de R$ 3 bilhões por ano, isso considerando apenas a taxa Selic, sem o spread das instituições financeiras.

Considerando 136% do CDI, divulgado nas matérias, serão mais de R$ 4 bilhões repassados todos os anos pelo Governo aos bancos para salvar uma empresa estatal quebrada, mal administrada e inviável.

É um escândalo pior do que o do Master, mas, como envolve os parceiros do Governo Federal, todos se esforçam para dar um ar de licitude e moralidade que simplesmente não existem. Pior é analisar o consórcio de bancos "salvadores": Banco do Brasil (BB), Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra.

Um dos principais arquitetos de salvação dos Correios e do empréstimo emergencial com garantia da União tem sido o banqueiro André Esteves, agora melhor amigo do ministro Fernando Haddad.

O BTG, que se prepara para assumir o controle da Cosan, de Rubens Ometto (SHELL), é o principal beneficiado pelo colapso da Refit. Também ganhou muito com a crise do Master.

A entrada do BTG Pactual novamente na área de combustível acelerou um processo de arrocho com os operadores de combustíveis, promovido pelo ICL- Instituto Combustível Legal. As empresas que fazem parte deste grupo passaram a ganhar R$ 0,20 centavos por cada litro vendido aos postos independentes. Ganham também com a valorização das suas ações.

Se não tivesse a Refit e nem o Master, a manchete de toda a mídia brasileira seria a crise colossal dos Correios. O mensalinho que deu início à crise do Mensalão, agora virou um negócio bilionário. Que empréstimo com esta elevada taxa de juros, com a garantia da União, vai injetar nos cofres destes bancos? Uma pergunta curta: por que Bradesco e Itaú ficaram fora deste negócio?

O papel do Banco do Brasil neste consórcio é compulsório. O Citi e o Safra não poderiam perder uma operação com esta taxa de juros e aval da União. E o ABC Brasil?

Vale lembrar que o principal acionista é Arab Banking Corporation (Bank ABC), um banco sediado no Bahrein, que detém a maior parte das ações. O banco também possui ações negociadas em bolsa e parte do capital é de propriedade de seus executivos, como o CEO, Sergio Lulia Jacob.

Alguém lembra como nasceu o ABC? O banco foi fundado em 1989 como Banco ABC Roma, uma parceria entre o grupo Roberto Marinho e o Arab Banking Corporation. Em 1997, o grupo Roberto Marinho vendeu sua participação, tornando o Bank ABC o único controlador.

O próprio site do Banco explica a sua história no seu site: "O Banco ABC Brasil iniciou suas atividades em 1989, através de uma joint-venture do Arab Banking Corporation e do Grupo Roberto Marinho, da qual originou o Banco ABC Roma S.A., com atuação em crédito corporativo e tesouraria. Desde então, o Banco construiu uma sólida base de clientes no segmento Corporate, com oferta de produtos financeiros de maior valor agregado e adaptados a necessidades específicas. Em 1991, a atual administração tomou posse, contando com executivos brasileiros de grande experiência no segmento financeiro.

Em 1997, o Arab Banking Corporation adquiriu a participação acionária do Grupo Roberto Marinho e tornou-se o acionista controlador. Os executivos adquiriram participação minoritária, com interesses alinhados aos do controlador e o nome do banco passou a ser Banco ABC Brasil S.A. Em 2007 foi realizada a oferta pública inicial de ações do Banco ABC Brasil, que passou a ser listado no Nível 2 de governança corporativa da BM&FBovespa."

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