Ponto de vista: A geopolítica de
Trump
Por Luiz Holanda*
56 minutos
Depois da chegada do presidente Trump ao poder os Estados Unidos começaram a mudar sua política de governo. Para tanto, predomina nas decisões a geopolítica da segurança e da continuidade do progresso americano. As tarifas sobre produtos importados do Canadá, México, China, Rússia e a Groelândia estão sendo usadas por Trump para resolver o grande déficit americano, única forma de fazer a América crescer novamente. Uma das causas da diminuição desse crescimento, segundo Trump, é a imigração ilegal, seguida pela importação de produtos estrangeiros em detrimento dos fabricados nos Estados Unidos. Considerando que nas relações políticas e econômicas a geopolítica é fundamental para qualquer país crescer, problemas como a localização de áreas estratégicas, posse de recursos naturais e contingente populacional passam a ser fatores fundamentais para a aquisição das riquezas necessárias para o atingimento desses objetivos.
Trump começou com o uso das tarifas como uma forma de pressão política, principalmente levando-se em conta que a economia e o poder militar americano podem causar um impacto muito grande na vida das nações, quase todas dependentes dos Estados Unidos. Por ser, sem dúvida, a maior potência militar e econômica do mundo, Trump atua dentro desse contexto criando os conflitos diplomáticos de acordo com a sua vontade, ai incluídas as disputas territoriais, as crises externas, as questões separatistas, o uso dos organismos internacionais e os blocos econômicos para conseguir tornar a América novamente grande.
A possível anexação da Groenlândia faz parte desse processo, pois a área, antes completamente gelada (sem muita importância estratégica), tornou-se, com o aquecimento global, uma fonte de riqueza, criando novas oportunidades de navegação e acesso a recursos naturais. A ilha pertence à Dinamarca, mas possuí autonomia própria para autogovernar-se desde 1953, quando deixou de ser colónia e passou a fazer parte do Reino da Dinamarca, inclusive com dois representantes no Parlamento dinamarquês. A ilha conta com um Parlamento próprio para lidar com seus assuntos internos e sua economia depende da pesca, que representa 95% de suas exportações, além de um subsídio anual do governo dinamarquês de 3,9 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 2,4 bilhões), o que representa mais da metade do seu orçamento anual. Segundo os analistas, há duas razões pelas quais os Estados Unidos e a China estão de olho na Groenlândia: econômica e geoestratégica. E ambas estão ligadas às mudanças climáticas. Do ponto de vista econômico, a Groenlândia possui um dos maiores depósitos de neodímio, praseodímio, disprósio e térbio — cada vez mais utilizados na fabricação de telefones celulares, computadores e carros elétricos. Do ponto de vista estratégico, a ilha, com uma área impressionante de 2.166.086 quilômetros quadrados está localizada no nordeste da América do Norte, ao largo da costa do Canadá e separada do continente pelo Estreito de Davis, com 339km de extensão.
Os Estados Unidos, quando têm interesse, conseguem realizar seus desejos. Foi assim com o Havaí, anexado aos Estados Unidos por decisão do presidente William McKinley (1843-1901), em 1898. A medida foi decisiva para a expansão do território americano, e segundo alguns autores, para o seu domínio do mundo. Desde a anexação o Havaí tem sido uma das grandes plataformas do poderio dos Estados Unidos na região da Ásia e do Pacífico. Em 1941, o ataque a Pearl Harbour marcou o início das hostilidades japonesas contra os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O evento deixou evidente a importância do Havaí para os americanos, pois se o Japão tivesse tomado o arquipélago, teria atacado a costa oeste dos Estados Unidos. Daí a preocupação dos Estados Unidos com a Groelândia.
*Luiz Holanda é advogado e professor universitário
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