Por Michael Martina
WASHINGTON (Reuters) - Com a nomeação do senador Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou que sua política externa em relação à China pode ir além das tarifas e do comércio, assumindo uma postura mais agressiva ante o principal rival estratégico do país.
O anúncio de Rubio na quarta-feira veio junto com outras escolhas de gabinete que podem incomodar a China, como o deputado Mike Waltz para o cargo de conselheiro de segurança nacional e John Ratcliffe para liderar a Agência Central de Inteligência (CIA).
As escolhas sugerem que Trump quer reverter a abordagem do governo do presidente Joe Biden de "administrar a concorrência" com Pequim em questões que vão desde o apoio a Taiwan até o papel do gigante asiático na crise de fentanil nos EUA.
Republicanos têm criticado a posição de Biden por considerá-la muito conciliatória.
Rubio "acredita em seu coração que a China é inimiga dos Estados Unidos", disse David Firestein, ex-diplomata dos EUA com experiência na China. "Isso vai influenciar tudo o que ele fizer com relação à China."
Trump tem prometido acabar com o status da China de país mais favorecido no comércio e impor tarifas sobre as importações chinesas superiores a 60% - muito mais altas do que as impostas durante seu primeiro mandato.
É quase certo que Rubio seja confirmado pelo Senado dos EUA, onde é membro sênior dos comitês de relações exteriores e de inteligência.
O apoio do senador aos manifestantes democráticos de Hong Kong lhe rendeu sanções chinesas em 2020.
Esta seria a primeira vez que a China teria restrições ativas de viagem para um secretário de Estado dos EUA, apresentando um teste inicial de como Pequim poderia se envolver com o novo governo Trump.
Por sua vez, Rubio tem defendido a imposição de sanções contra vistos de autoridades chinesas nos EUA e pressionou o Departamento de Estado a impedir que o chefe-executivo de Hong Kong, John Lee, viajasse a San Francisco para a cúpula da Apec em 2023.
A embaixada da China em Washington não comentou sobre as sanções a Rubio ou sua nomeação, mas o porta-voz Liu Pengyu disse que Pequim espera trabalhar com o novo governo para promover os laços "em uma direção estável, saudável e sustentável".
Não está claro qual é a margem de manobra que Trump -- que já elogiou o líder chinês, Xi Jinping -- dará ao seu novo principal diplomata para adotar restrições à China, especialmente aquelas que se chocam com outras metas de seu governo.
"A equipe (de política externa de Trump) é claramente agressiva em relação à China, mas pode-se contar com ela para seguir o líder se ele mudar do confronto com Pequim para a arte da negociação", disse Daniel Russel, do Asia Society Policy Institute.
Alguns analistas acreditam que Pequim pode tentar contornar Rubio e buscar um compromisso diretamente entre Xi e Trump, ou com outras autoridades sênior dos EUA.
"Se isso não funcionar, acho que vamos entrar em uma escalada muito mais regular de um relacionamento ruim", disse Steve Tsang, diretor do Instituto da China na Escola de Estudos Orientais e Africanos de Londres.
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