sexta-feira, 16 de junho de 2023

 Marcos do Val diz que operação da PF é "tentativa de intimidação"Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados ao parlamentar em Brasília — inclusive no gabinete do senador — e em Vitória (ES)

Correio Braziliense
postado em 15/06/2023 23:47 / atualizado em 16/06/2023 00:09
 (crédito: Senado Federal/Divulgação)
(crédito: Senado Federal/Divulgação)Após ser alvo de uma operação feita pela Polícia Federal (PF), Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou, na noite desta quinta-feira (15/6), que a ação é uma “tentativa de intimidação” coordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

"Isso é notório, ele (Alexandre de Moraes) invadiu um Poder, invadiu um gabinete de um senador da República. Acredito que a única razão para ele fazer isso, como eu o convoquei para a CPMI e mostrei publicamente que o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral já sabiam com antecedência (dos atos), eu já esperava uma ação dessas da Polícia Federal. Não há novidade e, para mim, é clara a tentativa de intimidação ou a tentativa de recolher materiais para ele conferir se há algo contra ele”, declarou do Val à GloboNews.

Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados ao parlamentar em Brasília — inclusive no gabinete do senador — e em Vitória (ES), durante a tarde desta quinta. Ele é investigado por obstruir investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

PUBLICIDADE. Os agentes apreenderam computadores, pen drives e o celular de Marcos do Val. Para o senador, “houve uma invasão, uma irregularidade”, que será cuidade pela equipe jurídica do Senado. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou que o parlamentar preste depoimento. Em fevereiro deste ano, o senador acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, no fim de 2022, para propor o envolvimento do senador em um plano de golpe de Estado. Ele também afirmou que consultou Alexandre de Moraes sobre o que fazer e o ministro teria dito “vai porque informações são importantes”.

O episódio rendeu a ele uma investigação — além de acusações contra Moraes e outras autoridades nas redes sociais, incluindo a divulgação de documentos sigilosos. À GloboNews, o parlamentar comparou a investigação com uma “emboscada” arquitetada por Moraes.

"É como se eu dissesse para você: Olha, vai lá onde está vendendo droga, me diz o que está acontecendo. E depois você volta, e eu te incluo no inquérito dizendo que você é traficante", disse durante a entrevista.

Ele também se defendeu e disse que não contou mais que uma versão sobre a reunião, porque a que contou em depoimento à PF é a “a versão verdadeira, com detalhes até da roupa que todo mundo estava usando. O que foi dito para a imprensa não era nada oficial. Eu usei a estratégia da persuasão”.

A declaração é uma admissão de que o parlamentar mentiu para a imprensa, o que, na visão dele, foi uma estratégia. “Desde a Segunda Guerra Mundial isso é usado, para ter engajamento da imprensa para mandar as mensagens que eu precisava mandar, que era para os ministros", declarou.

“Retaliação”

À Band News, Marcos do Val afirmou que o episódio era uma retaliação de Moraes ao pedido de convocação do ministro na CPMI do 8 de janeiro.

“Eu recebi na minha casa no dia do meu aniversário esse presente. Já tinha avisado a todos que pelo fato de eu ter colocado uma petição para o Alexandre de Moraes se apresentar na CPMI, porque no documento da Abin informa que o STF e o Superior Tribunal Eleitoral também foram comunicados com antecedência. Então, eu também fiz movimentos claros dessa invasão de poderes e da quebra da Constituição (feita por Moraes)”, declarou o senador.

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