Voto envergonhado de quem rejeita Lula ou Bolsonaro desmoraliza pesquisas eleitorais
Carlos Newton
Desde que se iniciaram as pesquisas eleitorais no Brasil, em 1942, com a criação do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), pioneiro no Brasil, jamais se viu tanta contestação ao trabalho dessas empresas. Da mesma forma, o mercado nunca tinha sido ocupado tão indiscriminadamente. Basta dizer que, no final de setembro, a eleição de 2022 já tinha registrado 2.130 pesquisas de intenção de voto.
Foi impressionante o número de empresas disputando esse mercado, que é muito rentável, caso contrário não haveria tanta concorrência, conforme nos ensina a Lei da Oferta e Procura, que é semelhante à Lei do Cão – apesar de não estarem escritas em nenhum código, ninguém pode duvidar da eficácia delas.
ERROS COLOSSAIS – Com institutos de pesquisa à venda por 30 dinheiros, jamais houve tamanha discrepância, com previsões à la carte, para todos os gostos. O resultado já era esperado, pois foram cometidos erros colossais, não somente nas eleições para a Presidência, mas também nas disputa dos governos estaduais e das vagas no Senado.
A reação foi fortíssima. Quem perdeu a eleição imediatamente culpou os institutos de pesquisa. No Congresso, não se falava em outra coisa. Com rapidez foram conseguidas 29 assinaturas para criar no Senado a CPI das Pesquisas, mas o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) preferiu deixar para o ano que vem.
Na Câmara, o presidente Arthur Lira (PP-AL) tentou colocar em votação um projeto para criminalizar os erros das pesquisas, condenando os estatísticos a dez longos anos de prisão, vejam como esse povo é exagerado.
E A EXPLICAÇÃO? – Bem, ficou claro que nestas eleições a situação das pesquisas fugiu completamente ao controle, é preciso tomar providências, mas ninguém será punido, porque se trata de atividade não regulamentada.
O projeto existente na Câmara é primário, necessita de aperfeiçoamento, especialmente para a fixação de regras elementares. Por exemplo, no início da campanha, não se deve fazer pesquisa induzida, mostrando ao eleitor nomes de prováveis candidatos.
Ou seja, deve-se fazer apenas a pesquisa espontânea, que indaga diretamente: “Em quem você pretende votar?”. E depois seguir com perguntas sobre partidos e outros possíveis candidatos. E a pesquisa induzida, com exibição da lista de concorrentes, somente passaria a ser feita quando as candidaturas estivessem aprovadas em convenção.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Na eleição deste ano, há um fator específico que prejudica as pesquisas. É o eleitor da chamada maioria silenciosa, que rejeita Lula da Silva ou Jair Bolsonaro, mas agora precisa admitir que votará em um deles no segundo turno. Trata-se de um número enorme de eleitores que as pesquisas têm dificuldade de identificar, pois não é nulo, em branco nem indeciso – é simplesmente o voto envergonhado. (C.N.)
Charge do Duke ( O Tempo)
Pastores evangélicos que hoje estão com Bolsonaro “apoiavam” Lula com intenso fervor
Guilherme Amado e Paulo Cappelli
Metrópoles
Apoiadores de Jair Bolsonaro nas eleições deste ano, líderes evangélicos de diferentes denominações já caminharam de maneira fervorosa com Lula em outras corridas presidenciais. Fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo chegou a criticar o pastor da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, em 2006, por não apoiar a petista Dilma Rousseff, indicada por Lula para ser sua sucessora.
“Para justificar que não apoiaria a candidata Dilma, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, acusou o PT de ser a favor do aborto e apoiar o casamento de homossexuais. Pronto, o caminho estava aberto para, sabe-se lá com que interesse, apoiar o candidato José Serra (então presidenciável do PSDB)”, atacou Macedo.
MALAFAIA ADMITE… – O próprio Malafaia, que protagonizou atritos com Macedo, já apoiou Lula na corrida ao Planalto por mais de uma vez. “Em 2002 e 2006, apoiei Lula”, reconheceu em postagem numa rede social. Não poderia ser diferente: uma foto em que aparece de mãos dadas com o petista não daria margem para que dissesse o contrário.
Da Assembleia de Deus de Madureira, o pastor Manoel Ferreira afirmou em 2006 que sua igreja apoiava Lula devido às políticas públicas desenvolvidas para as classes sociais mais baixas.
A “razão maior” do apoio da Assembleia de Deus a Lula, disse Ferreira, é o fato de o governo ser o “que tem dado comida ao maior número de pobres”.
“DÃO MAS DÍZIMO…” – Em 2002, Bispo Rodrigues, integrante da igreja de Edir Macedo, trabalhou arduamente por Lula. “Todos pelo Lula era difícil, e o meu temor era que fossem todos para o Serra”, disse, após conseguir apoios religiosos para o petista. Atualmente, a Igreja Universal do Reino de Deus é uma das principais apoiadoras de Bolsonaro no segmento evangélico.
Um dos maiores símbolos da mudança de lado é o bispo Marcelo Crivella, da Universal. Sobrinho de Macedo, ele chegou a ser ministro da Pesca de Dilma Rousseff e, em 2013, deu a seguinte declaração:
“Lula e Dilma ajudam os pobres, que dão mais dízimo”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Vejam que no Brasil a guerra santa tem outra conotação e está sendo travada por soldados mercenários, que substituem os antigos missionários. É um apocalíptico sinal dos tempos. (C.N.)
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