“Possibilidade de Bolsonaro dar virada no 2º turno é real”, diz ex-diretor do Datafolha

 (crédito: GloboNews/Reprodução)

Paulino diz que o gato de Lula pode ter subido no telhado…

Rafaela Gonçalves
Correio Braziliense

O ex-diretor do Datafolha e comentarista político da Globonews, Mauro Paulino, afirmou durante o programa “Central das Eleições”, transmitido pelo canal de TV, que o segundo turno das eleições presidenciais tem possibilidade real de uma virada inédita.

“Com apenas cinco pontos de diferença entre Lula e Bolsonaro. A possibilidade de virada inédita em segundo turno é real, é uma zona de muita proximidade. Lembrando que no segundo turno, um voto roubado significa dois, porque tira de um e vai para o outro”, declarou.

CINCO PONTOS – A pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (8/10), encomendada pelo grupo Globo e pela Folha de S.Paulo, apontou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 49% de intenção de votos no segundo turno, enquanto Jair Bolsonaro (PL) tem 44%. Este foi o primeiro levantamento do instituto feito para a disputa do segundo turno das eleições.

Ao analisar os resultados, Paulino disse que Lula “perdeu o favoritismo que tinha durante o primeiro turno”. “Analisando os números friamente significa um país dividido. Lula está na liderança, favorito ainda, mas com o favoritismo muito menor do que se via em primeiro turno. É uma disputa equilibrada”, afirmou.

O comentarista ainda avaliou que neste ano tivemos uma eleição atípica, moldada nas redes sociais. “Existe uma luta para convencer os eleitores que estão decidindo. Vai ser uma campanha muito quente”, concluiu.

DADO IMPORTANTE – A pesquisa Datafolha mostra, também, que um em cada dez eleitores diz ter definido o voto para presidente da República apenas na véspera do primeiro turno ou no próprio dia da eleição.

Os maiores percentuais de escolha na última hora estão entre os que dizem ter votado em Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). No primeiro caso, 25% afirmam ter se decidido apenas no sábado (1º) ou no domingo (2); no segundo caso, 18%.

Entre os eleitores de Lula e Bolsonaro houve um grau maior de convicção precoce. Apenas 8% dos entrevistados dizem ter escolhido o petista no final de semana eleitoral, taxa que é de 7% entre os que afirmam ter votado no atual presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Como se vê, os institutos de pesquisas estão apavorados com o erros cometidos no primeiro turno e querem limpar a barra neste segundo turno, reconhecendo que Bolsonaro tem condições até de vencer as eleições. Então, preparem-se para escolher o “menos pior” ou o “menos ruim”. Confesso que essa sensação de não precisar votar em nenhum dos dois me proporciona uma paz infinita. Já estou até ligado na Copa do Mundo. (C.N.)

Congresso do Partido Comunista chinês apoia autoritarismo e não resolverá desafios do país

Desfile em Pequim exibe retrato gigante de Xi Jinping

Em matéria de adoração a mitos, a China é incomparável

Deu em O Globo

Começa neste domingo em Pequim o 20º Congresso do Partido Comunista da China, realizado a cada cinco anos. Como nos anteriores, é tido como certo que o encontro não será palco de grandes debates. As decisões já foram todas tomadas com antecedência. O papel dos 3 mil delegados será apenas de figurantes.

Toda a coreografia buscará exibir poder e união. Na edição deste ano, porém, são esperados anúncios inéditos de extrema relevância.

TERCEIRO MANDATO – Quebrando a tradição das últimas décadas, o líder e secretário-geral Xi Jinping provavelmente receberá um terceiro mandato de cinco anos, que poderá abrir caminho para que ele se mantenha no poder indefinidamente. Não está descartado que seja agraciado com o título simbólico de presidente do partido, cargo ocupado por Mao Tsé-Tung e abolido poucos anos depois de sua morte.

Nos próximos dias, governos de diferentes países estarão atentos, sobretudo aos nomes que serão promovidos às altas instâncias de poder. Xi sempre deu preferência ao grupo de aliados da época em que atuava nas províncias, assim como a tecnocratas do setor de defesa, tendo como régua a fidelidade, não a capacidade profissional.

Mantido esse padrão, aumentarão as chances de a China ter mais dificuldades para enfrentar desafios que vão do imbróglio envolvendo Taiwan à crise no setor imobiliário. As melhores soluções costumam aparecer nos ambientes em que não há medo do contraditório. O confronto de ideias entre especialistas é chave para elevar as chances de sucesso de uma decisão. Na China de Xi, essa prática tem perdido espaço.

EXEMPLO SOVIÉTICO – Sempre em busca de preservar o poder, a elite chinesa é obcecada com o esfacelamento da União Soviética. Na década de 1990, líderes como Jiang Zemin permitiram maior abertura ao debate e mais liberdade para a imprensa. A ideia era que o arejamento do regime permitiria ajustes para evitar o destino soviético.

Xi e seus apoiadores chegaram ao poder há dez anos com a visão oposta. Para eles, a glasnost de Mikhail Gorbachev foi a causa da derrocada da URSS. Prevendo tempos mais difíceis e críticas mais contundentes, endureceram o regime.

A liderança coletiva deu lugar à centralização do poder. Como mostrará a coroação de Xi, essa é a ideia que ainda prevalece.

OPÇÃO ESTATAL – Na economia, a China provavelmente continuará a privilegiar o setor público. Embora o setor privado represente mais da metade da produção e seja responsável por nove entre dez novos postos de trabalho, as estatais têm preferência na concessão de crédito. Na área externa, os embates com os Estados Unidos prosseguirão, assim como o vínculo com a Rússia.

Ao Brasil, cabe seguir de perto o que acontece no maior destino das nossas exportações e maior origem das nossas importações.

Além da importância na troca de mercadorias, a China é fonte de investimentos diretos e de novas tecnologias. Isso exige pragmatismo em qualquer decisão brasileira sobre o reino de Xi.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, embora ainda acredite que o comunismo tem todos os defeitos, O Globo reconhece que não há o que fazer, em relação à China, apenas usar o pragmatismo. Bem, em matéria de política externa, sabe-se que o governo Bolsonaro não adota o menor pragmatismo. Pelo contrário, só não rompeu com a China porque não tem a menor condição de fazê-lo. O nacionalismo de Bolsonaro é apenas ilusório, da boca para fora. Por dentro, ele é um tremendo americanista, mas só aceita presidente republicano. Mas por que essa partidarização da política externa? Não tem motivo, é apenas burrice, mesmo. E la nave va, cada vez mais fellinianamente(C.N.)  

Supremo e Pacheco que se cuidem! Ganhe quem ganhar, o Congresso será bolsonarista…

Capitão Cloroquina agora é propriedade do Centrão!

Charge do Latuff (Brasil de Fato)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Os apoios da elite e das lideranças não decantaram para o eleitor, mas, seja quem for o futuro presidente, vai precisar negociar, convencer ou provocar a traição desses partidos-pêndulos a favor de seus programas e projetos

O Planalto listou, um a um, os senadores antigos e novos que são alinhados ao governo, ou ao bolsonarismo, e avisa a quem interessar possa que não se sabe quem será o futuro presidente do Senado, mas não será Rodrigo Pacheco (PSD-MG). E avança: é melhor os 11 ministros do Supremo botarem as barbas de molho, porque qualquer pedido de impeachment de um deles irá adiante. Há uma espada de Dâmocles sobre a cabeça deles.

Se o presidente Jair Bolsonaro já era majoritário e fazia o que queria na Câmara, ele deixará de enfrentar o anteparo do Senado e terá o controle total do Congresso, caso reeleito. Mas isso vale também para a vitória do ex-presidente Lula (que mantém a dianteira no segundo turno), que enfrentará um Congresso hostil se vitorioso. Ou seja, o início de 2023 e do novo governo será tenso, agitado.

MAIORIA MÍNIMA – No Senado, os bolsonaristas terão 41 das 81 cadeiras. Na Câmara, foram eleitos 99 deputados do PL, partido do presidente, 47 do PP, do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e 41 do Republicanos, do candidato mais forte ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A bancada bolsonarista tem, portanto, 187 dos 513 deputados federais.

A palavra da campanha de Lula é “pacificação”, mas a prioridade no QG do seu opositor é criar um novo personagem: o Bolsonaro “normal”, como depois do debate da Globo e na primeira manifestação no fim do primeiro turno. Isso, porém, pode valer para eleitor ver, mas não significa paz. A turma é da guerra.

O foco, assim, vai para os “partidos-pêndulo”, que nem são pró-PT e Lula, nem são pró-Bolsonaro em troca de nada: União Brasil, com 59 deputados, MDB (42), PSD (42), PSDB (13) e Podemos (12). Eles somam 168 votos na Câmara e todos liberaram seus liderados para irem para Lula ou Bolsonaro.

EM CIMA DO MURO – A nota do MDB, por exemplo, é em cima do muro, mas defende o voto popular, o sistema eleitoral, a Constituição e o estado democrático de direito, o que soa pró-Lula, e Simone Tebet manifestou apoio claro, firme, ao petista.

O partido, porém, é dividido como o Brasil: do Nordeste ao Norte, lulista; do Sul ao Centro-Oeste, bolsonarista. O governador reeleito Helder Barbalho (PA), campeão de votos, é pró-Lula. Ibaneis Rocha (DF), pró-Bolsonaro.

Os apoios da elite e das lideranças não decantaram para o eleitor, mas, seja quem for o futuro presidente, vai precisar negociar, convencer ou provocar a traição desses partidos-pêndulos a favor de seus programas e projetos. E o Centrão está com Bolsonaro, mas continuará se ele perder? Lula e Bolsonaro conhecem o jogo, sabem jogar. Mensalão e orçamento secreto são prova disso.