Campanha na TV e nas redes importa mais que mobilização de rua em eleição apertada

Lula terá maior tempo de TV enquanto Bolsonaro 2º maior tempo

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Silvio Cascione
Estadão

Nos últimos dias do segundo turno, é preciso ter foco no que mais importa para tentar antecipar o resultado: a mensagem de campanha dos candidatos e como ela é recebida pelos eleitores indecisos. Nesse quesito, Lula continua favorito à vitória. Mas é preciso estar atento às chances de uma virada.

Bolsonaro vinha acertando o tom da campanha – pelo menos até o ataque de Roberto Jefferson à polícia – e melhorando sua posição nos últimos dias da reta final.

POUCOS INDECISOS – A maior parte do eleitorado já está decidida. Não importa o que aconteça daqui até domingo, votarão em Lula ou Bolsonaro. Não só isso: engrossarão passeatas, farão barulho nas redes sociais, comentarão cada detalhe do debate da Globo. É preciso ter muito cuidado para não confundir os sinais de mobilização dessas bases com uma possível virada.

O foco tem de estar no eleitor que ainda está em disputa pelas principais campanhas, o fiel da balança. Ele tem muitas preocupações diferentes.

Mas um ponto une a maioria dessas pessoas, segundo praticamente todos os levantamentos feitos desde o início da campanha até agora: a preocupação com suas condições de vida – renda, emprego, oportunidades – nos próximos quatro anos, após um longo período de dificuldades com a recessão e a pandemia.

PRÓS E CONTRAS – A campanha de Lula, no primeiro turno e no início do segundo, vinha enfatizando as promessas de uma volta aos anos de inclusão social e crescimento da renda no primeiro período do PT no poder.

Ao longo do segundo turno, porém, Bolsonaro foi encontrando um contraponto forte no discurso de campanha, que conseguiu conectar pontos fracos da imagem de Lula – os escândalos de corrupção, o discurso menos duro na segurança pública – com a ideia de que herdou um país em crise que agora está se recuperando.

Bolsonaro passou a ser mais claro em suas promessas de campanha e martelou por dias uma mensagem de esperança na propaganda de TV que começava a surtir efeito nessa parcela do eleitorado menos engajada politicamente.

PRINCIPAL FATOR – Muitos fatores podem influenciar o resultado das eleições nos próximos dias, mas o principal deles deve ser a continuidade – ou não – dessa dinâmica de campanha. Bolsonaro tentou se distanciar rapidamente de Roberto Jefferson para não perder esse ímpeto. O PT ganhou uma boa oportunidade de quebrar o ritmo de Bolsonaro e terá pelo menos um ou dois dias de um ciclo de notícias mais favorável para tentar reimpor a narrativa da reta final de campanha.

Outros fatores podem ser decisivos se a eleição estiver muito apertada, mas importam menos. A abstenção é um deles. Um aumento na abstenção tende a prejudicar Lula, mas mesmo um crescimento muito acima da média histórica ainda seria insuficiente, por si só, para virar a eleição a favor de Bolsonaro.

O mesmo vale para o voto em Minas Gerais, onde o governador Romeu Zema tem tentado ajudar Bolsonaro. O presidente precisa tirar votos de Lula em muitas regiões do País, e não apenas em Minas. A eleição ainda está em aberto, mas a campanha de Lula entra na semana final com a vantagem.

Atlas indica Lula vencendo fácil, com 53,2%, contra apenas 46,8% de Jair Bolsonaro

TRIBUNA DA INTERNET | Nestas importantes eleições, está em jogo também a  credibilidade dos institutos de pesquisas

Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

Gabriela Oliva
O Tempo

Pesquisa do Instituto Atlas, contratada pela Intel e divulgada nesta quinta-feira (27), traz o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 53,2% das intenções de votos válidos, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 46,8%. A contagem de votos válidos não considera os votos brancos e nulos. Se um dos candidatos receber a marca de 50% mais um dos votos válidos, ele vence o segundo turno das eleições presidenciais, que está marcado para este domingo, 30 de outubro.

Quando analisados os voto totais, que incluem brancos e nulos, Lula soma 52,4% das intenções, contra 46% do atual chefe do Executivo. Os que afirmaram não saber ou pretendem votar em branco ou nulo somam 1,6%.

A pesquisa ouviu 7.500 pessoas em 1.776 municípios entre os dias 21 e 25 de outubro. A margem de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no TSE sob o número BR-01560/2022.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – 
Mais um resultado para a coleção, e ainda faltam outros, porque pesquisa é como praga, vem uma atrás da outra, cada qual com uma conclusão diferente. Haja saco! (C.N.)