segunda-feira, 3 de outubro de 2022

 

Eleito senador, Sergio Moro mantém aceso o sonho de chegar a presidente da República

Moro cumprimenta apoiadores ao chegar à seção eleitoral

Felipe Bächtold
Folha

O ex-juiz Sergio Moro (União) venceu a eleição para o Senado no Paraná neste domingo (2) e assumirá a vaga ocupada hoje pelo senador Alvaro Dias (Podemos), entusiasta da Operação Lava Jato e padrinho de sua entrada na política.

Ele conseguiu 1,9 milhão de votos, equivalentes a 34% dos votos válidos. Alvaro Dias, que está no Senado há mais de vinte anos e buscava a reeleição, obteve 24% e ficou atrás de Paulo Martins (PL), que conseguiu 29%.

ESTREIA PROVEITOSA – Esta foi a primeira eleição disputada por Moro, que largou a magistratura em 2018 para ser ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PL) e desde então tropeçou em diversos movimentos políticos.

Na campanha, Moro prometeu liderar no Senado a oposição a um eventual governo liderado pelo PT, partido que foi o principal alvo dos processos que conduziu nos anos em que esteve à frente da Lava Jato. Ele assumirá o mandato de oito anos em fevereiro.

Moro conduziu as ações da Lava Jato no Paraná de 2014 a 2018, mas teve sua reputação abalada após a exposição de mensagens trocadas com os procuradores à frente da operação. O Supremo Tribunal Federal anulou suas decisões nas ações movidas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

FORA DA POLÍTICA – Em entrevistas nos tempos de juiz, ele rejeitou a ideia de ingressar na política várias vezes. “Não seria apropriado da minha parte postular qualquer espécie de cargo político porque isso poderia, vamos dizer assim, colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz “, disse em evento da revista Veja em 2017.

O ex-juiz ocupou o cargo de ministro da Justiça por um ano e quatro meses, mas rompeu com Bolsonaro em 2020 e saiu do governo acusando-o de tentar interferir na Polícia Federal. Após a demissão, foi trabalhar para uma consultoria americana que tinha entre clientes empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

Em 2021, incentivado por Dias, Moro se filiou ao Podemos com a ambição de organizar uma candidatura presidencial. Ele buscou aproximação com diferentes forças políticas que tentavam viabilizar a chamada terceira via, mas o desempenho fraco nas pesquisas fez murchar o interesse pelo seu projeto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A matéria é mais longa, porém vamos ficar por aqui, porque o texto passa a ser comovente tentativa de traçar uma  biografia negativa de quem tanto lutou por este país. O fato concreto é que o Estado do Paraná reconheceu a importância do trabalho de Sérgio Moro, que com certeza será candidato a presidente em 2006 e vai começar sua campanha desde agora. Seu grande amigo Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato, também se elegeu, para deputado federal.. (C.N.)

Ninguém ganhou a eleição, porque todos saem perdendo, previu Dilma, que acertou em cheio

LULA LIVRE e BOLSONARO são IGUAIS? - YouTube

Charge reproduzida do Arquivo Google

Eduardo Affonso
O Globo

Neste domingo, 2 de outubro, ao cair da tarde, teríamos uma boa e uma má notícia. A boa era que poderíamos estar chegando à reta final esta corrida maluca pela Presidência. A má era que ia se aproximando a hora de ter de encarar o segundo governo Bolsonaro ou o terceiro governo Lula.

Vejamos pelo lado bom: não tem como Bolsonaro II ser pior que Bolsonaro I — ainda que lhe sobrem vontade e talento para isso. Mas não há indícios de uma Covid-23, que o ajude a dizimar mais uma parte da população. As instituições já estão vacinadas (e com dose de reforço) contra seu autoritarismo e sua compulsão golpista.

E haverá oposição — daquele tipo que leva adiante pedidos de impeachment e não aposta no “quanto pior, melhor” para depois ficar com o butim da terra arrasada. Oposição como a que o PT sempre fez quando lhe foi conveniente fazer.

ÚLTIMA OPORTUNIDADE – Quanto a Lula III, pode ser sua última oportunidade de não entrar para a História como um Ademar de Barros II, o do “rouba, mas faz”. Lula não tem herdeiros políticos à altura — ele mesmo esterilizou tudo à sua volta para reinar soberano, árvore sob cuja copa nada floresce.

É agora ou nunca para deixar um legado inquestionável, que se sobreponha ao mensalão, ao petrolão, à responsabilidade por nos ter impingido Dilma, ao apoio a ditaduras, ao sítio do amigo etc. Para fazer um ajuste de conduta e não mais tirar dos pobres para dar aos empreiteiros, banqueiros, doleiros e cerverós.

20 ANOS ATRÁS – No seu discurso de posse, 20 anos atrás, Lula I disse que “enquanto houver um irmão brasileiro ou uma irmã brasileira passando fome, teremos motivo de sobra para nos cobrirmos de vergonha”.

A quantos brasileiros não faltariam comida, saúde, educação se tivessem sido investidos em programas sociais os bilhões desviados pelo PT?… E até hoje ninguém do partido se mostrou envergonhado.

Lula I falou em pacto social — e cindiu a sociedade. Falou em combate à corrupção — e produziu uma batelada de escândalos. Falou em derrotar a cultura da impunidade — e ei-lo aí, impune.

TUDO AO CONTRÁRIO – Já Bolsonaro, há quatro anos, disse “vamos unir o povo” — e potencializou a desunião; “valorizar a família” — devia estar se referindo à sua própria; “respeitar as religiões” — e demonizou o Estado laico.

Falou em “restaurar e reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica” — e fez, minuciosamente, o contrário.

No final do segundo turno, saberemos o que nossa democracia terá de enfrentar — se a investida daquele que quer colocá-la abaixo ou do outro que pretende miná-la por dentro. Em qual vice prestar atenção — se no neossocialista Alckmin ou no “cumpridor de ordens” Braga Netto. Se teremos de nos conformar à linguagem rasa ou à chula.

A PROFESSIA DE DILMA – Talvez seja mesmo hora de pedir perdão à Dilma — não pelas críticas, mas por termos duvidado de sua sapiência.

Ela cravou, em 2010: — Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.

Neste domingo, com o resultado das urnas eletrônicas, sua profecia realmente se cumpriu.

Eleições desmoralizaram os institutos de pesquisas e a mídia, que lutaram juntos para eleger Lula

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Newton Silva (Arquivo Google)

Carlos Newton

Parodiando o grande compositor e cantor Geraldo Vandré, para não dizer que não falei das flores, vamos recordar alguma coisas aqui. Por exemplo, é bom lembrar o artigo que publicamos na Tribuna da Internet antes das eleições, no dia 24 de setembro, sob o titulo “Nestas importantes eleições, está em jogo também a credibilidade dos institutos de pesquisas”.

Bem, quando o jornalista erra, tem obrigação de se retratar, mas quando faz a mira sozinho, remando contra a maré e acerta em cheio, tem todo o direito de comemorar a façanha.

Então, vamos reler os principais trechos do artigo, porque todos sabem que recordar é viver.

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“NESTAS IMPORTANTES ELEIÇÕES, ESTÁ EM JOGO TAMBÉM A CREDIBILIDADE DOS INSTITUTOS DE PESQUISAS”

Temos criticado aqui na Tribuna da Internet as inacreditáveis disparidades entre os tais institutos de pesquisa. Alega-se que é apenas um problema de metodologia, mas nada pode justificar tamanha discrepância. No momento, há pesquisas para todos os gostos. A maioria traz Lula da Silva (PT) na frente, mas existem levantamentos indicando empate técnico e até mesmo vitória de Jair Bolsonaro (PL).

No mesmo dessa bagunça estatísticas, chamam atenção os resultados do instituto Atlas, que alardeia ter conseguido os melhores índices de previsão em 2020, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e nas eleições municipais das capitais brasileiras .

ERROS CLAMOROSOS – Essas afirmações sobre acertos nas pesquisas do Atlas não têm sido contestadas pelos demais institutos, que vêm deixando muito a desejar, digamos assim, com erros verdadeiramente clamorosos, que fazem o presidente da Câmara, Arthur Lira, defender investigações e até punições.

O único fato concreto é que, nestas eleições, está em jogo não somente a escolha dos representantes do povo, mas também a credibilidade das pesquisas eleitorais, que está abaixo da crítica, digamos assim 

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A MÍDIA E OS INSTITUTOS DE PESQUISAS CLARAMENTE TENTARAM DESTRUIR BOLSONARO

Terminadas as apurações, gostaríamos de saber o que os jornalistas, observadores sociais e cientistas políticos têm a dizer sobre as pesquisas eleitorais, que também erraram grotescamente na eleição para governador e para senador em muitos estados, especialmente em São Paulo.

No caso da Presidência da República, conforme denunciamos o tempo todo aqui na Tribuna da Internet, é como se tivesse sido armado um complô midiático para eleger Lula da Silva (PT), que foi até declarado “inocente” (“O senhor não deve nada”) pelo apresentador global William Bonner. Os dois principais institutos, Datafolha e Ipec (ex-Ibope) cravaram 14% de diferença para Lula…

Esta armação, é claro, só funcionaria se a terceira via fosse descartada, o que foi também conseguido com o descarte da candidatura do ex-juiz Sérgio Moro, a desidratação de Ciro Gomes, o lançamento de Simone Tebet e Soraya Thronicke, e a preservação das candidaturas natimortas de Felipe d’Avila, padre Kelmon e outros pretendentes que apenas desejavam seus 15 minutos de fama.

SEGUNDO TURNO – A terceira via foi neutralizada, mas o resultado é que Jair Bolsonaro demonstrou uma resistência absurda. Provou ser um candidato com forte apoio popular.

Não será nada fácil vencê-lo. No segundo turno, prevê-se número maior de votos brancos ou nulos, porque a faixa do eleitorado que defendia a terceira via tem dificuldades enorme em apoiar qualquer um dos dois.

E vejam a que ponto chegamos. Teremos de voltar às urnas no final do mês para decidir se o país será governado por um presidiário que tão cedo não deveria ter sido libertado ou por um político totalmente despreparado e antiético, que decididamente jamais deveria ter sido eleito presidente, mas o povo quis assim.

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P.S. –
 Quanto às pesquisas eleitorais, quem quiser continuar acreditando nelas, que tenha bom proveito, como se dizia antigamente. Aqui na Tribuna da Internet sabemos que a Estatística pode ser a arte de torturar os números até que eles confessem os fins que pretendemos.
 (C.N.)

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