segunda-feira, 5 de setembro de 2022

 

Reparem: só há robôs de Lula e Bolsonaro, porque Ciro e Tebet atuam de forma ética

Ciro, Tebet, Lula e Bolsonaro marcam presença este sábado em Salvador -  Folha PE

Ciro e Simone são éticos e não usam robôs na internet

Carlos Newton

Em época de eleição, chega a ser insuportável o número de robôs que invadem os mais importantes espaços da internet, atingindo portais, sites e blogs de informação política, como a Tribuna da Internet. Recebemos muitas queixas contra essa deplorável atuação de robôs, humanoides, autômatos, replicantes e androides que poluem nosso espaço.

Sempre respondemos que isso faz parte do jogo democrático e é impossível evitar essa contaminação robótica. Mas é preciso deixar claro que se trata de um recurso eleitoral execrável e que merece repúdio de todas as pessoas de bem, como se dizia antigamente.

FALTA DE ÉTICA – Sem a menor possibilidade de erro, a robotização realmente deve ser considerada um instrumento eleitoral abominável, vergonhoso e ignóbil. É só reparar a diferença de comportamento entre os candidatos.

Nesta eleição, por exemplo, enquanto estamos invadidos por uma enorme variedade de humanoides que defendem os erros de Lula da Silva ou Jair Bolsonaro, podemos garantir que na Tribuna da Internet não existe um só androide que esteja a serviço de candidatos que reconhecemos serem éticos, como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União), assim como os demais concorrentes que não estão pontuando. Nenhum deles age através de robôs.

É importantíssimo fazer essa distinção, para que os eleitores entendam que na política nada se deve esperar de candidatos que não se comportem de uma forma essencialmente ética.

NO MUNDO INTEIRO? – E não adianta argumentar que no mundo inteiro é assim, a informatização causou essas deturpações e manipulações, não há o que fazer. Isto não é verdade. Sempre há o que fazer. E a responsabilidade por estabelecer a distinção entre candidatos éticos e antiéticos é dos jornalistas, sem a menor dúvida, pois são os profissionais da informação.

Desgraçadamente, isso não acontece. Aqui no Brasil a grande mídia demonstra claramente sua opção por Lula da Silva, um candidato comprovadamente corrupto e amoral, a ponto de contratar a amante para chefiar o gabinete presidencial e lhe prestar serviços diretos e amplos, se é que vocês me entendem, como dizia Maneco Müller, o celebre colunista Jacinto de Thormes.

A grande imprensa pode se sujar à vontade, mas sempre haverá alguns nichos, como a Tribuna da Internet, onde poderão ser encontradas informações isentas, realmente comprometidas com o interesse público.

BALANÇO DE AGOSTO – Como sempre fazemos todo início de mês, vamos divulgar agora a relação das contribuições feitas à Tribuna no mês de agosto, para manter este espaço utópico na web.

De início, os depósitos na Caixa Econômica Federal:

DIA  REGISTRO  OPERAÇÃO        VALOR
02    021613       DP DIN LOT……….50,00
17    171314       DP DIN LOT……..100,00
19    191406       CRED TEV………….30,00
30    200001       DOC ELET………….35,00
31    311236       DP DIN LOT……..230,00

Agora, as contribuições no Itaú/Unibanco:

01    TBI 0406.49194-4………………100,00
04    PIX TRANSF ANTONIO…………..70,00
05    TED 001.3097HENR.A.C……. 150,00
10    TBI 8624.18877-0liberd……..100,33
15    TED 001.4416MAR A C RO….250,00
29    TBI 6201.14959-5 C/C………..100,00
30    TED 033.3591ROBERSNA……200,00
31    TBI 0406.49194-4……………….100,00

Por fim, os depósitos no Bradesco:

08    TBI 0406.49194-4 JFD………..100,00
22    0857197 LCB PAIM……………..200,00

Agradecendo muitíssimo a todos os amigos e amigas que colaboram para manter a utopia deste espaço independente na web, e vamos em frente, sempre juntos, sob o signo da liberdade.

Eleitor se horroriza com a corrupção de Lula, mas aceita bem o dinheiro vivo de Bolsonaro

Charge do Zé Dassilva: Em dinheiro vivo | NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Vera Magalhães
O Globo

É impressionante quanto o eleitor bolsonarista é impermeável à profusão de casos de diferentes formas de corrupção ao longo da vida política do presidente e também em seu governo. A seletividade no peso que essa fatia do eleitorado atribui aos escândalos a depender de onde eles partam — se do PT ou se do entorno do capitão— é um fenômeno pouco estudado e, também ele, engenhosamente burilado a partir das ativas redes sociais e subterrâneas da comunicação bolsonarista.

Esta semana foi pródiga na revelação de muitos indícios de corrupção associada ao núcleo mais próximo de Bolsonaro. O levantamento pormenorizado do UOL a respeito das transações imobiliárias da família ampliada do presidente, com nada menos que 51 em parte ou integralmente em dinheiro vivo, foi recebido com um dar de ombros pelo próprio Bolsonaro.

TUDO NORMAL – Segundo o presidente, não tem nada demais transacionar casas, apartamentos e salas comerciais com sacolas cheias de notas sem procedência garantida.

As mesmas pessoas que se indignaram diante dos processos que atribuíam a Lula a propriedade, disfarçada por meio de laranjas, do sítio de Atibaia e do triplex no Guarujá, compram essa justificativa pelo valor de face e continuam dizendo que não votam no PT porque não toleram corrupção.

O argumento mais comum quando se tenta extrair desse “sommelier” de corrupção qual seria a distinção das cepas de escândalos é que o petrolão e o mensalão representaram a pilhagem em série e em volumes bilionários de recursos públicos, enquanto rachadinha e outras práticas seriam algo que “todo mundo faz”, de pequena monta, quase traquinagens pueris.

CULPAR A LAVA-JATO? – Como o PT ainda não descobriu como lidar com seus escândalos, que, apesar de restarem comprovados e terem resultado na devolução de bilhões por parte de ladrões confessos, o partido insiste em negar e atribuir apenas a um “golpe” da Lava-Jato, também perde a força a tentativa do partido de explorar as nada explicadas transações imobiliárias de Bolsonaro, filhos e ex-mulheres.

O caso da mansão de Ana Cristina Valle, mãe do filho Zero Quatro do presidente, é daqueles que têm cheiro, cor e forma de lavagem de dinheiro. E não estamos falando de tostões, mas de ao menos R$ 2,9 milhões, valor pelo qual a casa foi comprada por um corretor que a Polícia Federal acredita ser laranja.

O eleitor sempre disposto a ser complacente quando se trata de Bolsonaro tenta convencer a si mesmo dizendo que ela não tem mais nada a ver com o Mito, apesar de ser candidata com o nome de Cristina Bolsonaro e de ter atuado durante anos, de acordo com as investigações, como administradora de recursos humanos dos gabinetes rachadistas da família.

EFEITO CORRUPÇÃO – Havia muita dúvida por parte de especialistas de pesquisas e cientistas políticos se a corrupção seria um fator definidor de voto em 2022 como foi em 2018. O declínio e as derrotas da Lava-Jato, a recuperação de Lula junto ao eleitorado e a predominância de temas econômicos na cabeça do eleitor pareciam dizer que não.

Mas a aproximação da campanha fez com que o assunto voltasse a ganhar importância, sobretudo para o eleitor que manteve o antipetismo latente, mas agora o exibe com força renovada pela investida direta do próprio Bolsonaro contra Lula.

Estacionado nas pesquisas e vendo a distância para o presidente cair lenta mas continuamente há dois meses, o petista ainda não sabe como tratar do assunto. E, como não sabe nem explicar o próprio passivo, menos ainda se arrisca a apontar o cinismo de um eleitorado, em geral de elite, que se horroriza com a roubalheira do PT enquanto faz vista grossa a orçamento secreto, rachadinha, Banco Imobiliário em dinheiro vivo e outros telhados de vidro (e a peso de ouro) de Bolsonaro, família e aliados.

Três dos últimos presidentes eram vices, pense nisso antes de escolher candidato

Charges: Um criadouro de traíras

Charge do Genildo (Arquivo Google)

Luciano Trigo
Gazeta do Povo

Desde a redemocratização, oito presidentes tomaram posse no Brasil: José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro (Tancredo Neves, eleito indiretamente em 1985, morreu antes de assumir).  Três destes oito eram vices que herdaram o cargo: Sarney, Itamar e Temer.

Três em oito é um número assombroso. Por uma conspiração de fatores que não cabe analisar aqui, ser eleito vice-presidente no Brasil é quase colocar um pezinho na presidência. Ainda assim, os eleitores não costumam prestar muita atenção no candidato a vice da chapa em que votam. A História recente e a estatística demonstram que deveriam.

COM PODER ZERO – Embora formalmente, no Brasil, o vice-presidente tenha poucas funções e zero poder – diferentemente, por exemplo, dos Estados Unidos, onde cabem ao vice diversas responsabilidades, inclusive a de presidir o Senado – ele tem sempre chances palpáveis de se tornar um ator importante na tragicomédia da política, sobretudo em momentos de crise. E, por diferentes motivos, pode até amealhar o papel principal da peça.

A chapa Tancredo Neves-José Sarney nasceu de uma crise no PDS (antiga Arena), por sua vez ancestral do PFL e do atual Democratas. Sarney e outros políticos formaram a dissidente Partido da Frente Liberal quando Paulo Maluf venceu a disputa interna do PDS para ser indicado candidato à presidência, na última eleição via Colégio Eleitoral.

TANCREDO-SARNEY – Daí veio o acordo do PFL com o PMDB de Tancredo Neves, que era apontado como o candidato da conciliação. A chapa Tancredo-Sarney foi eleita com folga no Colégio Eleitoral: 480 votos x 180 (e 26 abstenções, aliás quase todas do PT). Mas veio a tragédia, e o destino quis que, após 21 anos de ditadura militar, o primeiro presidente do país redemocratizado fosse… um vice.

O governo de José Sarney foi marcado por crises econômicas e planos fracassados, como o Plano Cruzado, que congelou preços e exortou os brasileiros a se tornarem “fiscais do Sarney”, denunciando comerciantes que não respeitassem as tabelas.

Não tinha como dar certo, é claro – embora a mesma receita continue sendo adotada por governos populistas na América Latina, sempre com resultados desastrosos, como vemos hoje na Argentina.

VICE ITAMAR – A consequência de José Sarney foi a eleição de Fernando Collor – mais uma vez, em uma chapa montada para acomodar interesses discrepantes. Seu vice foi Itamar Franco, um político mineiro que criticava publicamente vários pontos da agenda do presidente, incluindo o programa de privatizações. Denúncias de corrupção e o fracasso do plano Collor levaram ao impeachment do presidente. Sobrou de novo para o vice.

Os eleitores não costumam prestar muita atenção no candidato a vice. A História recente e a estatística demonstram que deveriam

Assumindo o cargo em 1992, Itamar Franco inaugurou a “República do Pão de Queijo” (já que sua equipe era majoritariamente formada por mineiros).

PLANO REAL – Sem vocação para o poder, Itamar se meteu em alguns episódios folclóricos (como aquele no camarote do carnaval carioca) e teve um desempenho modesto, mas merece o crédito de ter bancado o Plano Real, que finalmente deu cabo da inflação então pandêmica no país.

(Uma curiosidade: ainda que por motivos diferentes, na votação do Plano Real no Congresso Nacional, em julho de 1994, tanto o então deputado Jair Bolsonaro quanto os deputados do PT votaram contra.)

Fernando Henrique (cujo vice foi Marco Maciel) e Lula (cujo vice foi José Alencar) concluíram dois mandatos cada um, então fogem do escopo deste artigo. Mas com Dilma Rousseff voltou a aparecer a maldição do vice, com uma peculiaridade: Michel Temer, diferentemente de Sarney e Itamar, tinha apetite e vocação para o poder.

TEMER NO PLANALTO – O desastre econômico, os escândalos, as pedaladas e uma inédita pressão das ruas criaram as condições jurídicas e políticas para o impeachment. Dilma caiu, e Temer assumiu: foi, talvez, o único reserva que entrou em campo feliz e realizado.

No início de seu curto governo, Michel Temer implementou reformas importantes e deu início à recuperação da economia. Mas, quando parecia que o Brasil tinha um encontro marcado com a normalidade, dois episódios quebraram as pernas do presidente: o estranho caso das gravações dos irmãos Joesley e Wesley Batista – que ensejaram uma tentativa coordenada e clara de apeá-lo do poder, na sequência, a greve dos caminhoneiros que paralisou o país.

Resultado dessa sabotagem: o final ruim do governo Temer, após um começo promissor, levou ao acirramento ainda maior da divisão dos brasileiros e, finalmene, à eleição de Bolsonaro em 2018 – que foi, de certa forma, uma consequência do “Primeiramente, fora Temer”.

VEIO BOLSONARO – O ressentimento é um mau conselheiro: os inconformados com Temer acabaram contribuindo para a eleição de Bolsonaro (e, em vez de amadurecer, trocaram o “Fora Temer” pelo “Ninguém solta a mão de ninguém”).

Causas sempre têm consequências, e as consequências costumam vir depois. Sarney, Itamar e Temer foram consequências inesperadas – mas não imprevisíveis, já que estavam contempladas no nosso sistema – das chapas montadas para a eleição.

No Brasil, deveria entrar sempre no cálculo do eleitor a possibilidade de o vice assumir o cargo, para evitar frustrações futuras. Quais seriam as consequências de uma eventual quarta ascensão ao poder do reserva da chapa? Todos estariam de acordo em respeitar as regras do jogo, por maior que fosse a frustração? Teríamos uma transição pacífica ou um novo ciclo de instabilidade? Os eleitores estão pensando nisso? Deveriam.

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