O drama de um poeta pobre, que nem pode se aproximar da amada, segundo Álvares de Azevedo
Paulo Peres
Poemas & Canções
O dramaturgo, ensaísta, contista e poeta paulista Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um escritor da segunda geração romântica (Ultra-Romântica, Byroniana ou Mal-do-século). O poema “Minha desgraça” fala de alguém que apesar de ser poeta é vítima do desamor da cândida donzela devido a sua indigência que, consequentemente, acarreta solidão, indiferença e desesperança pela vida.
MINHA DESGRAÇA
Álvares de Azevedo
Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco….
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro….
Eu sei…. O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro….
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
E’ ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.
Bolsonaro reforça ‘pauta do medo’ contra Lula para forçar eleição em dois turnos
Rafael Moraes Moura
O Globo
Estacionado nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro decidiu reforçar a ofensiva contra Lula concentrando os vídeos da eleição nos temas que promovem a “pauta do medo” para impedir que a disputa pelo Palácio do Planalto seja liquidada já no dia 2 de outubro.
Assuntos sensíveis em costumes – como o discurso contra a descriminalização das drogas e do aborto – e peças sobre os escândalos de corrupção dos governos petistas são a aposta para minar a candidatura petista na reta final da campanha, inclusive na noite deste sábado (24), no debate do SBT.
GUERRA TOTAL – “Vamos usar tudo que desgasta o PT”, afirma um integrante do núcleo duro da campanha bolsonarista. “Segurança pública, drogas, aborto, vão destacar os valores conservadores que o presidente sempre defendeu. Estamos preparados para a guerra.”
Na última sexta-feira (23), aliados do presidente começaram a reproduzir nas redes sociais um vídeo que contrapõe um discurso contra o aborto de Madre Teresa de Calcutá a uma fala em que o petista defende tratar a medida como uma “questão de saúde pública”.
“Então para pra pensar, nas próximas eleições iremos escolher mais do que um presidente, iremos escolher o tipo de exemplo que daremos pras nossas filhas, filhos e família”, diz o locutor do vídeo bolsonarista.
PESQUISAS PREOCUPAM – Ainda que aliados do presidente da República menosprezem os resultados das pesquisas mais recentes, chamadas por eles de “piada” e “peças de ficção”, os números do último Datafolha preocuparam – e muito – o Palácio do Planalto.
No levantamento, o petista tem 47% das intenções de voto contra 31% de Bolsonaro e chega ao patamar de 50% dos votos válidos, o que alimenta a esperança de petistas de encerrar a disputa daqui a sete dias.
Até agora, as tentativas de Bolsonaro de recuperar terreno e crescer nas pesquisas não funcionaram. O presidente corre o risco de se tornar o primeiro presidente da República que não conseguiu mais quatro anos no cargo, desde que o instituto da reeleição entrou em vigor, em 1997.
PAUTA DE COSTUMES – Os bolsonaristas sabem que a retomada da pauta de costumes não tem retorno garantido, já que o tema não está entre as prioridades do eleitor, mais preocupado com a situação econômica e o derretimento do poder de compra devido à elevada taxa de inflação.
“Corrupção não é mais preditor de voto, ainda mais agora que Bolsonaro está metido até o pescoço nela. O povo tá com fome, a classe média com medo do golpe. Qual o medo que sobra? De virar uma Venezuela?”, comenta um pesquisador com experiência em captar os ânimos do eleitorado.
Há, porém, uma ressalva: uma porcentagem significativa de eleitores católicos (na faixa de 20%) ainda não definiu o candidato – e para essa fatia do eleitorado, o discurso antiaborto pode sensibilizá-los. É o que esperam os bolsonaristas
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