Ai que saudades d’ocê”, diz o sertanejo, na visão poética de Vital Farias, num clássico do sertanejo

Elba Ramalho - Dicionário Cravo Albin

Elba fez um tremendo sucesso com esta música

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O músico, cantor e compositor paraibano Vital Farias, na letra de “Ai Que Saudade D’ocê”, tematiza a saudade do outro, de alguém distante. Alguém que não deve se admirar ao ser beijado pelo beija-flor, pois isso seria muito natural já que se trata de uma flor, objeto de desejo do cantador, cuja sina é trabalhar.

A música foi gravada por Vital Farias no LP Sagas Brasileiras, em 1982, pela Polygram e, depois, regravada com grande sucesso por Elba Ramalho no LP Coração Brasileiro, em 1983, pela Ariola.

AI QUE SAUDADE D’OCÊ
Vital Farias 

Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei um beijo

Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d´ocê

Se uma dia “ocê” se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim

E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você caia no choro
E eu chorando pela estrada
Mas o que posso fazer?
Trabalhar é minha sina
E eu gosto mesmo é d´ocê

       

 

Ministério Público acorda do sono profundo e descobre que existem fraudes nas pesquisas 

Se você confia em pesquisa eleitoral, não perca tempo por aqui, estamos  ocupados demais… - Flávio Chaves

Charge do Tiago Recchia (Arquivo Google)

Carlos Newton

Somente agora, na reta final das eleições, o Ministério Público Federal enfim acordou de seu sono letárgico e descobriu que as pesquisas eleitorais são uma iniciativa que possibilita fraudes absurdas, praticadas dentro da lei. O excelente repórter Rayanderson Guerra, apurou esse escândalo para o Estadão, mas sua importante matéria passou meio despercebida em meio às notícias sobre o Sete de Setembro.

A reportagem mostra que a atual legislação permite que os tais institutos de pesquisa não revelem de onde veio dinheiro para pagar as sondagens eleitorais. Basta informar que o levantamento está sendo feito sem patrocinador, vejam bem até onde vai a desfaçatez dessa gente,

VÉU DA CORTINA – O repórter Rayanderson levantou o véu dessa cortina que esconde os bastidores da política brasileira, com o número de pesquisas eleitorais aumentando significativamente em 2022. Ao mesmo tempo, as sondagens viraram alvo de crescentes questionamentos judiciais.

De 1º de janeiro a 30 de agosto de 2022, o volume de processos em todo o País saltou 582% na comparação com o mesmo período de 2018, mostra levantamento feito pelo Estadão em Tribunais Regionais e no Tribunal Superior Eleitoral.

Um dos casos mais escabrosos envolve o estatístico Augusto da Silva Rocha, do Instituto Ranking Brasil, que foi denunciado pelo procurador regional eleitoral Pedro Gabriel Siqueira Gonçalves, do Mato Grosso do Sul,

CAIXA DOIS – Em parecer enviado ao juiz eleitoral Alexandre Branco Pucci, o procurador sustenta que a prática de os institutos “custearem” os próprios levantamentos pode mascarar caixa 2, e essas pesquisas autofinanciadas hoje representam quase 2/3 das que são registradas no TSE

Se alegar que usa recursos próprios, o instituto não precisa apresentar nota fiscal, tampouco prestar contas sobre a origem do dinheiro das pesquisas, configurando assim caixa 2 eleitoral, segundo o procurador Branco Pucci.

Recordista em sondagens eleitorais nas duas últimas eleições, o estatístico Augusto da Silva Rocha é investigado por suspeita de manipular levantamentos em diferentes campanhas nos últimos anos. Também enfrenta apurações no Conselho Federal de Estatística.

BATENDO RECORDE – Rocha foi o profissional que liderou o maior número de levantamentos financiados pelos próprios institutos desde 2018 no País. Somente em 2022, tem sob sua responsabilidade 62 trabalhos com essa modalidade de financiamento. Sua defesa nega que ele tenha cometido irregularidades, é claro.

Bem, isso é apenas a ponta do iceberg. As pesquisas com patrocinador, feitas por institutos mais conhecidos, também não sofrem a menor fiscalização, embora sejam indutoras da opinião pública, porque a grande maioria dos eleitores sempre tende a votar nos dois candidatos favoritos, a pretexto de “não perder o voto”.

Infelizmente, esta é a nossa realidade. Em toda eleição, os eleitores são movidos pelas pesquisas e  não escolhem os candidatos que acham melhores, preferindo aqueles que têm mais chance de vencer, que invariavelmente são os piores, como é o caso agora de Lula e Bolsonaro.

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P.S. –
 É por isso que a estatística é considerada a arte de torturar os números até que eles confessem os resultados que almejamos. E como não é crime fazer essas pesquisas claramente fraudadas e nenhum desses “estatísticos” pega cadeia por essa prática amoral, a situação jamais mudará, enquanto não chegarmos a ser uma civilização. Até lá, teremos de ser governados quase sempre pelos piores(C.N.)

Bolsonaro fez “insinuações golpistas” para manter o eleitor mobilizado nesta reta final

Bolsonaro chega ao Rio e participa de motociata antes de novo ato

Bolsonaro participou de motociata e circulou na multidão

Bruno Boghossian
Folha

Jair Bolsonaro acordou neste 7 de Setembro com um golpe de Estado na cabeça. Ainda no café da manhã, o presidente tentou agitar seus apoiadores com uma lista de “momentos difíceis” do passado. Citou revoltas, o impeachment de 2016, a eleição de 2018 e também o ano de 1964, que inaugurou a ditadura militar. “A história pode se repetir”, emendou.

Não era um alerta, era uma promessa. Bolsonaro incorporou insinuações de ruptura à plataforma de sua campanha. Depois de cultivar ameaças de atropelar as regras e ampliar seus poderes, o presidente pediu um segundo mandato para fazer exatamente isso, à moda de outros autocratas contemporâneos.

ATIVO ELEITORAL – Mensagens desse tipo se tornaram um ativo eleitoral importante para Bolsonaro. Elas servem para reforçar o figurino de adversário do sistema político e, principalmente, manter seus apoiadores mobilizados num momento em que sua chance de vencer no voto não é das maiores.

Os atos organizados pelo presidente cumpriram essa função. Bolsonaro explorou um ambiente de enfrentamento com a esquerda e o STF para levar uma quantidade considerável de gente às ruas.

Em Brasília e no Rio, o político que lança suspeitas sobre as urnas eletrônicas organizou comícios com dinheiro público para pedir votos. Nos dois discursos, ele fez uma referência a ministros dos tribunais, repetiu a acusação de que eles agem fora dos limites da Constituição e disse que, se for reeleito, pretende fazer uma jogada para enquadrá-los.

ESTRATÉGIA – Dada a dimensão conhecida do bolsonarismo no país, as imagens do 7 de Setembro podem não impressionar, mas ajudam o presidente a sustentar a impressão de que é um candidato competitivo. Com isso, ele mantém um público atento às mensagens que pretende disparar na reta final da campanha.

Além das insinuações golpistas para os mais radicais, Bolsonaro quer puxar gatilhos do discurso conservador e contra o PT.

A equipe do presidente acredita que essa é a chave para recuperar votos perdidos de 2018.