sexta-feira, 9 de setembro de 2022

 

Este Sete de Setembro pode ter o mesmo efeito eleitoral da facada de Adélio Bispo?

Após falar para cerca de 1 milhão em Brasília, Bolsonaro encontra multidão  na orla de Copacabana - Prisma - R7 Blog do Nolasco

A manifestação de Bolsonaro foi mesmo impressionante

Eliane Cantanhêde
Estadão

As manifestações gigantescas que o presidente Jair Bolsonaro proporcionou para o candidato Jair Bolsonaro à custa do 7 de Setembro e do bicentenário da Independência podem se transformar na facada de 2022, criando um “antes e depois” na eleição presidencial. Ou, em outras palavras, agora é ou vai ou racha.

Como já escrito neste espaço, Bolsonaro se preparou para o “maior espetáculo da Terra”, enquanto a expectativa dos adversários, principalmente do PT, era de que o dia da Pátria, usado como dia de Bolsonaro, fosse o último cartucho, ou munição, ou bala em busca da reeleição.

O ATO E OS FATOS – As próximas pesquisas dirão, mas até lá precisamos nos ater aos fatos: os atos do Rio e de Brasília foram, sim, os maiores já vistos ao longo desta campanha, talvez até de muitas, e cumpriram o objetivo de dar uma baita demonstração de força para uma campanha que vinha cambaleante, ganhando um ponto daqui, outro dali, sem jamais ameaçar o principal candidato, o petista Lula.

Isolado no palanque, sem os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara, e esnobando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, Bolsonaro atacou não apenas os adversários, mas as pesquisas, confrontando os índices que elas divulgam com as imagens deste 7 de Setembro. No discurso de Brasília, aliás, ele já contrapôs o Datafolha ao “Datapovo”.

Assim como o presidente sempre confundiu militantes bolsonaristas da internet com “o povo” e tomou decisões de governo com base neles, seus assessores militares, ideológicos e de marketing têm certeza de que os que foram às ruas para fingir que saudavam a Pátria, mas para, de fato, participar de comício de campanha são “a grande maioria da população”.

DE QUALQUER JEITO – É assim que Bolsonaro confirma ser capaz de qualquer coisa pela reeleição. Implodiu a lei eleitoral, o teto de gastos, a responsabilidade fiscal, o 7 de Setembro da Av. Presidente Vargas, o bicentenário da Independência com todos os Poderes.

De outro lado, abriu alas para Daniel Silveira, Eduardo Pazuello e Fabrício Queiroz, enquanto provocava o Supremo e trocava beijinhos com a primeira-dama Michelle, “mulher de Deus e da família”, conclamando os homens solteiros a encontrar suas “princesas”.

Sei não, mas isso é pregar para convertido. As multidões do 7 de Setembro realmente foram imensas multidões, mas não são maioria, são compatíveis com os menos de 40% que o “mito’ tem nas pesquisas. Pelo menos, tinha antes. Agora, é ver o depois.

Moraes, STF e ‘juízes eleitorais’ não conseguem tirar de Bolsonaro a bandeira verde e amarela

O que Moraes, o STF e todos os 'juízes eleitorais' não conseguirão mais fazer é tirar de Bolsonaro a bandeira e as cores verde e amarela; em Copacabana, apoiadores do presidente estenderam uma bandeira gigante na orla.

Sucesso das manifestações demonstra a força de Bolsonaro

J.R. Guzzo
Estadão

As ruas falaram, mais uma vez, e sua voz esteve mais forte do que nunca. Multidões se manifestaram, em cidades de todo o País, com um recado óbvio neste dia Sete de Setembro: querem a reeleição do presidente da República nas eleições de outubro. A festa foi dos 200 anos de Independência do Brasil, mas nunca houve dúvida nenhuma a respeito de que lado está a massa verde-amarela que lotou as principais avenidas e praças brasileiras, numa das maiores manifestações públicas que já se viu em tempo recente.

Foi um ato político, e a massa declarou que está do lado de Jair Bolsonaro (PL) – por mais incômodo que seja admitir isso. É o exato contrário do que dizem as pesquisas de intenção de voto. É o contrário da “Carta aos Brasileiros” do dia “11 de agosto”.

TRIBUNAL ELEITORAL – É o contrário do que querem as classes intelectuais, a mídia e o STF – ou o seu “tribunal” eleitoral, que faz os mais extraordinários esforços para ganhar a eleição no horário de propaganda política, na repressão às redes sociais e no controle do material de campanha. Proíbe o máximo que pode nas ações do candidato que declararam inimigo; permite o máximo que pode nas ações dos seus adversários.

Manifestação de rua é uma coisa. Urna no dia da eleição é outra. Não há, necessariamente, uma relação de causa e efeito entre as duas coisas – o resultado das eleições de outubro será o que for decidido por 156 milhões de eleitores brasileiros com o seu voto, daqui a vinte dias.

Mas é perfeitamente inútil fingir que não aconteceu nada neste dia Sete de Setembro – ou vir com teorias negacionistas para esconder que o único beneficiário das demonstrações que levaram a massa para a rua é o presidente da República, e não os seus adversários.

CAMPANHA DE TERROR – Foi inútil, da mesma forma, a campanha de terror dos últimos dias, prevendo ou garantindo que os “bolsonaristas” iriam provocar todo o tipo de violência na rua; era muito mais seguro ficar em casa, mesmo porque, segundo a campanha, quem fosse às manifestações poderia estar violando alguma lei do ministro Alexandre Moraes, ou coisa parecida.

Não pegou, também, a espantosa ideia de que comemorar o Sete de Setembro seria um ato “antidemocrático”. No fim, centenas de milhares de pessoas foram para a praça pública no Brasil inteiro e não se quebrou uma única vidraça, nem se jogou uma única pedra ou se tocou fogo em nada.

Para que serviu a palhaçada de colocar atiradores de elite em volta da Praça dos Três Poderes, em Brasília? Do que adiantou cercar o prédio do STF com um aparato de segurança ridículo, como se fosse uma casamata sitiada por tropa inimiga? De que adiantaram as ameaças e as análises dos “cientistas políticos”?

CADÊ O OUTRO? – Tanto quanto a massa que esteve presente no Sete de Setembro, chama a atenção os que estiveram ausentes. Onde estava o candidato que as pesquisas até outro dia davam como eleito com 150% dos votos?

Por que ele nunca aparece quando a população vai para a rua? Porque fica trancado com as suas plateias de intelectuais, sindicalistas e empresários de esquerda, cercado de seguranças e com ingresso controlado?

Como se explica que o candidato que se apresenta e é apresentado como o candidato do povo se esconde no dia em que se comemoram os 200 anos de independência do seu próprio País? O fato é que Lula, o PT e as forças que o apoiam cometeram o erro trágico de abandonarem para Bolsonaro e a “direita”, de graça, a bandeira do Brasil, as datas nacionais, os símbolos da pátria, o verde e amarelo. O resultado é o que se viu nas ruas no Sete de Setembro: a bandeira brasileira, definitivamente, passou a ser o grande símbolo de um dos candidatos – nas costas das pessoas, nas janelas dos prédios, nos vidros dos carros.

PARCIALIDADE DO TSE  – Não há como, agora, parar com isso. O TSE do ministro Moraes, num momento especialmente insano, quis proibir o governo de divulgar qualquer material sobre a comemoração da independência; depois voltou atrás e permitiu, mas não deixou que ficassem menções à “proteção das nossas famílias” e à “construção de um Brasil melhor”.

Não surpreende – essa é a imparcialidade do TSE, e vai continuar assim, numa tentativa cada vez mais desesperada para ganhar a eleição na base de despachos judiciais. O que Moraes, o STF e todos os “juízes eleitorais” não conseguirão mais fazer é tirar de Bolsonaro a bandeira e as cores verde e amarela; passaram a funcionar como o seu cartaz de campanha, ou como uma declaração de voto.

Teriam, para tirar essa vantagem eleitoral do presidente da República, de declarar “antidemocrático” e, portanto, ilegal e sujeito à inquérito criminal, o uso em público dos símbolos nacionais. Se pudessem, fariam isso, sem dúvida. O problema é que não sabem se podem. O Sete de Setembro veio para atrapalhar mais um pouco o seu projeto de País.

Ao cancelar visita ao Congresso, Bolsonaro faz revide a boicote de Fux, Lira e Pacheco

Em celebração à Independência, Pacheco faz defesa enfática da democracia —  Senado Notícias

Na sessão, Pacheco fez uma enfática defesa da democracia

Lucyenne Landim
O Tempo

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cancelou a ida ao Congresso Nacional para participar de sessão solene pelo Bicentenário da Independência do Brasil. A informação foi confirmada pelo cerimonial do evento cerca de 30 minutos antes do início da cerimônia, marcado para 10h desta quinta-feira (6). O cancelamento também foi anunciado pelo Senado.

Não foi apresentada justificativa para a ausência. A agenda oficial de chefe de Estado não prevê outros eventos públicos do presidente nesta quinta. Há expectativa, no entanto, que ele cumpra compromissos da campanha eleitoral em Brasília (DF).

DE REPENTE – Além da agenda oficial informar a presença de Bolsonaro no “Aniversário do Bicentenário da Independência do Brasil” às 10h desta quinta, a ida dele foi anunciada tanto pelo Senado, quanto pela Câmara dos Deputados.

Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada – residência oficial do presidente da República na capital federal – por volta de 9h desta quinta e foi atender a apoiadores que estão no local no chamado “cercadinho”, ainda em indicação da ida ao Congresso. O momento foi transmitido no Facebook do candidato.

Nos bastidores, havia a expectativa de que Bolsonaro pudesse ter suas ideias confrontadas em algum discurso no Congresso, o que o desagradaria e poderia tensionar o clima de campanha eleitoral.

DISSE PACHECO – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por exemplo, afirmou que o “amplo direito de voto – a arma mais importante em uma democracia –  não pode ser exercido com desrespeito, em meio ao discurso de ódio, com violência ou intolerância em face dos desiguais”.

A desistência do presidente da ida ao Congresso acontece um dia depois dos atos convocados por ele pelo 7 de Setembro.

Nesta quinta-feira, a cerimônia no Congreso teve a presença dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; e do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux. Apesar de convidados, nenhum deles compareceu ao palanque de autoridades no desfile militar do 7 de Setembro. O procurador-geral da República Augusto Aras também foi à sessão solene no Congresso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Como se vê, a ausência de Bolsonaro na sessão solene do Congresso foi apenas um revide aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, que boicotaram o desfile em Brasília, como protesto ao aproveitamento político-eleitoral que Bolsonaro fez, usando o Sete de Setembro como instrumento de campanha. Apenas isso. (C.N.)

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