sexta-feira, 26 de agosto de 2022

 

Rejeição a Lula e Bolsonaro indica que o eleitor precisa conhecer melhor os outros candidatos

Quem são os 12 candidatos a presidente nas eleições 2022 | Política | Valor  Econômico

É preciso esquecer a polarização e escolher o melhor candidato

Editorial do Estadão

As grandes taxas de rejeição de Lula e Bolsonaro expõem os imensos problemas envolvendo as duas candidaturas. Conforme mostrou o Estadão, grande parte do eleitorado diz ter medo da volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao poder e da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os dois candidatos à frente nas pesquisas de intenção de voto têm grandes taxas de rejeição: 45% dos eleitores têm medo da continuidade do atual governo e 40% temem um novo mandato de Lula. Assim, é tempo de o eleitor conhecer bem os outros candidatos e suas propostas

MOTIVOS DE SOBRA – Tais rejeições não se baseiam em fake news. O eleitor tem motivos de sobra para temer ambos os candidatos. Assim, esse sentimento de temor não é necessariamente algo ruim para o exercício dos direitos políticos. Antes, representa a democracia em seu normal funcionamento, com o eleitor sabendo identificar, na prática, o que faz mal ao País.

Segundo as pesquisas de opinião, os motivos do medo a Lula e a Bolsonaro relacionam-se com fatos concretos das trajetórias dos dois candidatos. O eleitor teme que, com o retorno do PT ao poder, voltem a corrupção, o alinhamento internacional com ditaduras de esquerda e o fortalecimento de pautas minoritárias, como a descriminalização do aborto e das drogas.

Com eventual reeleição de Bolsonaro, o medo é de aumento da pobreza, acirramento do discurso de ódio, isolamento internacional, incompetência na gestão pública e, no limite, uma ruptura com a ordem constitucional democrática.

APRECIAÇÃO REALISTA – Tal cenário revela que cerca de metade da população tem uma apreciação realista de quem é Lula e do que representa a volta do PT ao poder. E que a outra metade da população, que rejeita o bolsonarismo, entendeu bem o que significa Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Ao contrário do que às vezes se diz, o eleitor não está inteiramente desinformado – e não tem uma memória assim tão curta.

Perante essa situação de amplas taxas de rejeição aos dois primeiros colocados nas pesquisas de opinião, duas conclusões se impõem. A primeira é a de que escolher um candidato simplesmente por rejeição ao outro pode ser um grande equívoco, uma vez que tanto Lula como Bolsonaro têm grandes problemas – que são percebidos e temidos por grandes parcelas da população. Os erros de um não tornam o outro uma boa solução para o País.

POLARIZAÇÃO FORÇADA – A segunda conclusão refere-se a um aspecto fundamental do regime democrático e do exercício dos direitos políticos. O eleitor não precisa escolher unicamente entre Bolsonaro e Lula. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que recebeu, neste ano, 12 pedidos de registro de candidatura para a eleição presidencial.

Além dos candidatos do PL e do PT, há Simone Tebet (MDB), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil), Vera Lúcia (PSTU), Ciro Gomes (PDT), Felipe D’Avila (Novo), Léo Péricles (Unidade Popular), Pablo Marçal (PROS) e Roberto Jefferson (PTB).

As grandes taxas de rejeição de Lula e de Bolsonaro devem ser um estímulo para a população conhecer a fundo, durante o período de campanha eleitoral, os demais candidatos, suas trajetórias e suas propostas. Há um regime de pluripartidarismo, com múltiplos candidatos. Nada obriga o eleitor a limitar sua escolha entre duas opções ruins, que despertam grandes e fundados temores.

OS DOIS TURNOS – É precisamente para assegurar a mais ampla possível liberdade de escolha que a Constituição de 1988 prevê a possibilidade de dois turnos, em caso de um candidato não alcançar, no primeiro escrutínio, a maioria absoluta dos votos válidos nas eleições para presidente da República, governador e prefeito (nos municípios com mais de 200 mil eleitores).

Não há nenhum problema no chamado “voto útil”, quando o eleitor antecipa, no primeiro turno, sua definição última de prioridades e rejeições. O problema está quando o voto, seja no primeiro ou no segundo turno, é definido por simples medo, sem atentar para as reais qualidades e deficiências do candidato no qual se vota.

E é sempre bom lembrar: até o dia das eleições, nenhum candidato tem um voto sequer. Todos estão na mesma situação. Que o eleitor possa escolher livre e responsavelmente quem ele considera ser a melhor opção para o País.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Sensacional o posicionamento do Estadão, neste editorial enviado por Duarte Bertolini. Mostra que a Tribuna da Internet não está mais sozinha em sua luta contra a farsa da polarização. É preciso votar no melhor candidato, sem esses fanatismos pretensamente ideológicos que marcam os eleitores de Lula e Bolsonaro. (C.N.)

Lula se enrola, compara mensalão ao orçamento secreto e ataca os “produtores rurais fascistas”

Entrevista de Lula ao JN ocupa 19 dos 20 temas mais comentados no Twitter | Sonar - A Escuta das Redes | O Globo

Tenso, Lula disse uma série de asneiras no Jornal Nacional

Carlos Newton

Aconteceu o que se esperava na entrevista do ex-presidente Lula da Silva ao Jornal Nacional. O candidato do PT foi tratado sempre com cortesia, mas William Bonner e Renata Vasconcellos capricharam nas perguntas. O tema principal foi a corrupção nos governos do PT, que levaram Lula a ficar na cadeia por 580 dias.

Esperava-se que o petista se defendesse atacando a Lava Jato e ele realmente o fez, com muita ênfase. Envelhecido, visivelmente tenso e com a voz cada vez mais rouca, o candidato tratou de culpar a força-tarefa da Lava-Jato pelos grandes problemas nacionais, como as dificuldades financeiras das empreiteiras corruptas, o aumento do desemprego e a redução dos investimentos externos no país.

DEVER DE CASA – Inseguro no início, recorreu ao dever de casa que trouxe por escrito e leu elogios à liberdade de atuação que seu governo deu à Polícia Federal e ao Ministério Público, para assim criticar à interferência de Bolsonaro na proteção aos filhos. Lula foi bem nesta parte e fez uma boa piada, ridicularizando os decretos de 100 anos de sigilo, baixados pelo atual presidente.

Falar sobre corrupção, porém, é muito penoso para Lula. E ele acabou fraquejando. Ao invés de negar o mensalão, como sempre fez, pela primeira vez acabou reconhecendo a existência das propinas aos parlamentares, ao comparar o mensalão com o orçamento secreto.

Além de culpar a Lava Jato pelos maiores problemas do país, criticou também a imprensa, ao dizer que os réus no Brasil são “condenados pelas manchetes dos jornais”.

ATAQUE A BOLSONARO – Lula aproveitou a entrevista para atacar Bolsonaro, ridicularizando-o e dizendo que ele não manda nada no governo, “quem manda é o Lira” (Arthur lira, presidente da Câmara). E prometeu “acabar com esse semipresidencialismo”.

Lula foi se empolgando e falando o que não devia. Disse que no Brasil os únicos partidos são PT, PSOL, PCdoB e PSB, o resto é formado por grupelhos de deputados que se unem. Esqueceu que é apoiado também pela Rede, PV, PROS e Avante…

Vaidoso, em várias oportunidades se intitulou “o maior presidente da História do Brasil”, e também falou no “melhor governo de todos os tempos’, fazendo uma Piada do Ano atrás da outra. Aliás, comportava-se como se já estivesse eleito e até pediu duas vezes para Renata Vasconcelos cobrar as promessas dele quando estiver governando.

ADMIRAÇÃO POR ALCKMIN – Também já se esperava que Lula defendesse a polarização, que é a única forma dele chegar ao poder, herdando os votos daqueles que não aceitam Bolsonaro e no primeiro turno vão preferir Ciro Gomes, Simone Tebet ou outros candidatos.

Fez altos elogios a Geraldo Alckmin e disse a Bonner que o ex-tucano já conquistou os petistas, algo que não aconteceu e jamais ocorrerá. No embalo, disse que em todo país tem polarização, citando Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Finlândia, mas de repente lembrou de China e Cuba, e teve de fazer a ressalva de que há países de partido único, ficou todo enrolado.

O pior viria a seguir, quando foi falar sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Escorregou feio e disse que há produtores rurais “fascistas e direitistas”, que incentivam o desmatamento, foi mais uma mancada forte. E o resto é folclore, jogo de cena, caras e bocas…

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P.S.
 – O resultado é que essas entrevistas estão levantando a campanha de Ciro Gomes, pois a diferença entre ele e os demais candidatos é colossal. Os eleitores que não querem Lula nem Bolsonaro vão apoiá-lo, com toda certeza. Aliás, nesta quinta-feira, sem citar Ciro Gomes, o jornal Estado de S. Paulo publicou um editorial pedindo votos para ele, ao criticar a polarização e propor que os eleitores escolham o melhor candidato. O vento está virando e Ciro Gomes pode e deve surpreender. (C.N.)     

Alexandre de Moraes descumpre de forma indecorosa a Constituição e afronta o país

Moraes rebate Aras e mostra aviso à PGR sobre ação contra empresários

Moraes bloqueou até a conta da mulher de Daniel Silveira

J.R. Guzzo
Estadão

O Brasil vive neste momento num estado oficial, sistemático e hipócrita de ilegalidade – o pior desde a revogação do Ato Institucional nº 5, mais de 40 anos atrás. O responsável direto por esse processo de degeneração da democracia é o Supremo Tribunal Federal e, dentro dele, o ministro Alexandre de Moraes. De que outra maneira se pode definir as ações de uma autoridade pública que viola diariamente as leis do País, há mais de três anos, e desrespeita de forma grosseira o que está escrito na Constituição Federal?

É muito simples. Moraes, basicamente, conduz desde 2019 um conjunto de investigações que a lei não lhe permite conduzir. A partir daí, como na árvore envenenada que só pode produzir frutos com veneno, tudo o que ele faz em seu inquérito é ilegal.

OPERAÇÃO POLICIAL – O último espasmo dessa aberração é a operação policial contra os “empresários golpistas”, como diz o noticiário, comandada por Moraes. Seu crime foi falar entre eles mesmos num grupo de WhatsApp. Não organizaram nenhuma manifestação pública, nem publicaram nada do que disseram, nem praticaram qualquer ato político “contra a democracia”; só falaram, em conversas privadas.

“Não existe crime de opinião”, observou a respeito o ex-ministro Marco Aurélio Mello. O STF também não pode, segundo diz a lei, investigar, processar ou fazer o quer que seja contra pessoas que não tenham foro privilegiado – e nenhum dos empresários denunciados nesta operação tem foro privilegiado.

Enfim, e para ficar só no grosso, é um princípio básico da Constituição que a única autoridade que tem direito de fazer uma acusação criminal é o Ministério Público. Mais uma vez, nesse caso, Moraes invade a área exclusiva do MP e se comporta como um promotor de justiça.

POLICIAIS A SERVIÇO – Alguém já ouviu falar que exista, em alguma democracia séria do mundo, um ministro de Suprema Corte que tenha uma equipe de policiais a seu serviço, trabalhando em seu gabinete?

Ou que prenda quem lhe dá na telha – inclusive um deputado federal com as imunidades do seu mandato, que só poderia ser preso em flagrante, e por crime inafiançável? Ou que condene esse deputado a quase nove anos de cadeia, por um óbvio crime de opinião?

Algum magistrado de tribunal supremo manda colocar tornozeleiras, aplica multas diárias exorbitantes ou bloqueia contas bancárias, salários e outros tipos de remuneração? Ou se comporta como vítima, delegado de polícia, promotor público e juiz de direito, tudo ao mesmo tempo e no mesmo processo?

MINISTRO ÚNICO – Moraes faz tudo isso, com o apoio invariável de quase todos seus colegas de STF; só ele, em todo o planeta.

A maioria das forças políticas, e o que passa por “sociedade civil”, finge que não está acontecendo nada de errado; há, inclusive, quem bata palmas para isso tudo.

Mas nem o silêncio, nem a cumplicidade e nem os aplausos podem conferir legalidade a atos que são expressamente ilegais.

TUDO AO CONTRÁRIO – Cada vez mais, para os brasileiros, é incompreensível a conduta de um Supremo que solta sistematicamente corruptos, traficantes de drogas e delinquentes perigosos – mas prende cidadãos que não cometeram crime nenhum, a não ser tomar posições políticas proibidas pelo ministro Moraes e seus colegas.

Eles deram a si próprios o papel de comandantes da oposição. Ninguém tem coragem, ou condições práticas, de lhes dizer um “não”.

Vão continuar governando ilegalmente o Brasil – com os 16% de respeito que a população tem pelo seu mais elevado tribunal de justiça.

Comandante do Exército critica notícias ‘infundadas’, em evento ao lado de Bolsonaro

Bolsonaro nomeia general Freire Gomes para o comando do Exército

Freire Gomes exaltou a defesa dos interesses nacionais

Iander Porcella
Estadão

O comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, criticou nesta quinta-feira, 25, o que chamou de “notícias infundadas e tendenciosas” e “verdades transfiguradas” sobre a corporação. Em evento para celebrar o Dia do Soldado, do qual participou o presidente Jair Bolsonaro (PL), o militar também falou em hierarquia e disciplina e disse que a instituição é “perpétua defensora dos interesses nacionais”.

“Soldado Brasileiro! Se, em algum momento, verdades transfiguradas, notícias infundadas e tendenciosas ou narrativas manipuladas tentarem manchar nossa honra, na vã esperança de desacreditar a grandeza de nossa nobre missão, lembrem-se de que a calúnia jamais maculou a glória de Caxias. O bravo guerreiro demonstrou que seu coração de pacificador era ainda maior que a formidável têmpera de sua espada invencível”, disse Gomes, em ordem do dia lida nesta quinta-feira no Quartel General do Exército, em Brasília (DF).

NA HORA H – A declaração do comandante ocorre num momento em que Bolsonaro, candidato à reeleição, aumenta a ofensiva para colocar em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral, sem apresentar provas. Alguns setores da sociedade têm dúvidas sobre como as Forças Armadas se comportariam se o presidente se recusasse a aceitar o resultado da eleição caso perca em outubro.

No discurso lido hoje, o comandante do Exército pediu coesão e defendeu a hierarquia nas Forças. “Discípulos de Caxias! Mantenham a fé na missão de nossa Força! Continuem espelhando-se em nosso patrono, o marechal e glorioso Duque, sempre firmes e coesos, sob o sagrado manto da hierarquia e da disciplina, para que o Exército Brasileiro, perpétuo defensor dos interesses nacionais, permaneça servindo à Nação e seja reconhecido por seu patriotismo vibrante, pela busca da modernidade e pelo eficiente e permanente estado de prontidão na garantia de nossa soberania!”, declarou.

Bolsonaro não discursou hoje no QG do Exército.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Bolsonaro se fechou em copas, como se diz na linguagem do pôquer. Ninguém sabe como ele irá proceder, em caso de derrota. O suspense parece ser permanente

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