terça-feira, 16 de agosto de 2022

 

Desse jeito, Lula acaba elegendo Bolsonaro, para alegria dos militares e dos extremistas

Lula tem 51% ante 20% de Bolsonaro entre jovens de capitais, aponta  Datafolha | Exame

A pergunta é: “Você vai votar no ladrão ou no maluco”?

Carlos Newton

À medida que se aproximam as eleições, as pesquisas vão ficando mais sintonizadas com a realidade. Mesmo assim, sempre ocorrem disparates, como no caso do antigo Ibope, ridicularizado no Amazonas pelo então senador tucano Arthur Virgílio Neto, assim como aconteceu em 1978 nas pesquisas do Datafolha em Minas Gerais, caindo em descrédito com o fracasso da favorita Dilma Rousseff ao Senado.

Portanto, não é por coincidência que os resultados comecem a mudar. Assim, na última pesquisa da agência FSB para o banco BTG, o candidato Jair Bolsonaro (PL) encostou na traseira de Lula da Silva (no bom sentido, ressalve-se), em empate técnico.

AÇÃO CONJUNTA – Estas eleições são atípicas e desde o início os dois candidatos favoritos vêm fazendo o possível e o impossível para evitar o crescimento dos candidatos da terceira via, com apoio entusiástico da grande mídia.

Primeiro, boicotaram habilmente Ciro Gomes (PDT), que teve quase 13% dos votos em 2018 e agora tinha chances de passar ao segundo turno. Depois, armaram uma trama diabólica para impedir o crescimento de Sérgio Moro (Podemos), de tudo fazendo até inviabilizar a candidatura dele.

Por fim, um golpe mortal, ao dar força à  candidatura de Simone Tebet (MDB), para estimulá-la a não desistir, evitando que integrasse à chapa de Ciro Gomes, que seria muito forte, nesta hipótese.

POLARIZAÇÃO – Simultaneamente, o plano para fortalecer a polarização foi muito bem urdido e tudo parecia certo. Mas esses esquemas jamais atingem a perfeição, sempre surgem brechas e lacunas.

Com o enfraquecimento da terceira via, Lula pensou que já estava eleito e as lideranças de sua coligação dormiram no ponto no Congresso, votando a favor da PEC Kamikaze, que derrubou o teto de gastos e colocou R$ 41 bilhões à disposição do governo para uso eleitoreiro.

O resultado é a mudança nas pesquisas e o desespero no quartel-general do PT, que já contava com a vitória no primeiro turno. O comando da campanha esperava – e ainda espera – que os votos de Ciro Tebet e Simone Tebet caíssem no colo de Lula. Mas ainda não aconteceu.

ERRO ESTRATÉGICO – Destruir a terceira via precipitadamente foi um erro para os petistas. Desde o início da campanha, Lula deveria ter se aproximado de Ciro e Simone, visando a uma futura coligação no segundo turno. Agora é tarde para fazê-lo, porque o ódio já foi semeado e disseminado.

A maioria silenciosa de indecisos, que a pesquisa interna do PT avaliou em 27% dos eleitores, não quer votar em Bolsonaro ou Lula. Agora, o PT tenta desesperadamente atraí-los, mas não é nada fácil.

Os indecisos sabem que Lula não tem caráter nem dignidade para o cargo, mas também não aceitam as insanidades de Bolsonaro. E é justamente essa maioria silenciosa que vai decidir a eleição, quando tiver de escolher entre os dois.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Nesta conjuntura esquisita, as pesquisas precisam se adaptar. Ao invés de indagar “em quem você vai votar?”, deveriam perguntar logo de cara: “Você vai votar no ladrão ou no maluco?”. (C.N.)

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