sexta-feira, 19 de agosto de 2022

 

Sudeste é decisivo! Lula tem vantagem em São Paulo e Minas, mas empata com Bolsonaro no Rio

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do César (Arquivo Google)

Eliane Cantanhêde
Estadão

A pesquisa Ipec confirma a vantagem do ex-presidente Lula, do PT, no Sudeste, região em que tanto ele quanto seu principal oponente, o presidente Jair Bolsonaro, jogam todas as suas energias, esperanças e fake news. Lula, para tentar uma improvável vitória em 1º turno; e Bolsonaro, para conquistar condições de vencer.

No Rio, reduto eleitoral desde sempre de Bolsonaro e onde o PT vem penando constante esvaziamento, a situação é imprevisível, com empate técnico e leve vantagem para Lula, de 35% a 33%. Mas a campanha petista pode comemorar os resultados em São Paulo e Minas Gerais.

VANTAGEM EM SP – A diferença de dez pontos em São Paulo, maior economia, maior população e maior eleitorado do País, tem peso e significado: 38% para Lula e 28% para Bolsonaro. Isso se reflete na disputa estadual, com Fernando Haddad, do PT, mantendo a liderança com folga (29%), e seus principais adversários disputando ponto a ponto.

Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro, tem 12%, empatado tecnicamente com o governador Rodrigo Garcia, do PSDB, mas sem padrinho, que tem 9%. Numa guinada de estratégia, Tarcísio passou a assumir o vínculo (ou dependência) com Bolsonaro e deixou de atacar Garcia para mirar Haddad. Por quê? Para encarnar o “antipetista”, condição que pode ser determinante, sobretudo, no interior.

Em Minas, onde o governador Romeu Zema (Novo) lidera confortavelmente todo o tempo contra o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), o resultado do Ipec é motivo de preocupação para Bolsonaro e de comemoração para Lula: o ex-presidente tem 39%, ante 26% do presidente. Já que se trata de Minas, isso tem até efeito psicológico: quem perde em Minas não ganha a eleição. Pelo menos até agora.

EM CIMA DO MURO – Não foi à toa, assim, que Zema exercitou toda sua mineirice para ficar em cima do muro e tem evitado, determinadamente, vincular sua campanha à de Bolsonaro. Ao contrário, ele deixa correr solta a ideia do Lulema, ou do Zelula, para tentar minar a aliança explícita e pública de Kalil com o ex-presidente.

Como curiosidade, Kalil foi muito mais afirmativo e corajoso ao adotar as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na pandemia de covid do que Zema. Assim como o então governador João Doria foi também afirmativo e corajoso ao bater de frente com Bolsonaro em favor das vacinas, das máscaras e do isolamento social.

Agir corretamente na que é, provavelmente, a maior pandemia da história parece não estar dando muito resultado nestas eleições. A não ser que seja um dos fatores para impedir que Bolsonaro se aproxime de fato de Lula. Mesmo assim, não será o único. E a campanha começou nesta terça-feira. E o pau vai comer para todo lado.

Senador Reguffe deixa União Brasil e está abandonando a política por quatro anos

Traído pelo União Brasil, Reguffe ameaça sair da política no DF | VEJA

Reguffe, candidato a governador, foi traído pelo partido

José Carlos Werneck

O senador José Antônio Reguffe (sem partido) declarou que não conseguiu ser candidato ao governo do Distrito Federal e que prefere deixar temporariamente a vida pública. Seus assessores informaram que ele já se desfiliou do União Brasil.

O partido desistiu de lançar a candidatura de Reguffeo Palácio do Buriti e anunciou apoio ao atual governador Ibaneis Rocha, do MDB, que é candidato à reeleição.

OPÇÃO NEGADA – O União Brasil ofereceu ao senador Reguffe a possibilidade de se candidatar à Câmara dos Deputados, mas ele recusou, afirmando que só concorreria se fosse ao governo do Distrito Federal.

“Eu sonhei com essa candidatura e despertei o sonho em muita gente. Por isso não seria correto de minha parte ser candidato a deputado federal. Nos últimos dias teve uma grande mobilização de pessoas. Eu não me sentiria a vontade”, afirmou em uma rede social, declarando:

“Até breve de quatro anos (…) Saio de cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido”.

SOLIDARIEDADE – Na tribuna do Senado Federal, Reguffe agradeceu aos colegas pelas manifestações de solidariedade. Entre eles, estava o senador Izalci Lucas do PSDB, que é candidato ao governo do DF.

“Com relação a você, meu amigo, vá firme! Você tem todo o preparo para enfrentar essa eleição, para enfrentar um governo, para devolver à nossa população o que a nossa população precisa e merece”, assinalou.

“Você é uma pessoa preparada. Você é uma pessoa que tem muito conteúdo, que tem muito o que oferecer para a nossa população”, disse Reguffe.

HONESTIDADE – Em seus oito anos de mandato, o senador José Antonio Reguffe sempre fez apologia à honestidade e à lisura que devem guiar um político.

Sempre dizia que a honestidade, embora seja uma qualidade indispensável a qualquer ser humano, num político deve ser acompanhada por uma atuação incisiva em prol da unidade da Federação que representa.  

Em seu mandato, porém, Reguffe teve uma atuação apagada, jamais se destacou entre os membros do Senado e as pesquisas até agora indicam reeleição do governador Ibaneis Rocha, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Empresários bolsonaristas espalham fake news contra Dom e Bruno e atacam gays e jornalistas

Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito -  Jornal ContratempoGuilherme Amado, Bruna Lima e Edoardo Ghirotto
Metrópoles

Empresários bolsonaristas do grupo de WhatsApp em que foi defendido um golpe de Estado em caso de vitória de Lula também legitimam a disseminação de desinformação como uma arma a ser usada na disputa política. Ao longo dos meses em que a coluna acompanhou as conversas no grupo, foram espalhadas fake news sobre o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, vacinas e urnas eletrônicas, entre outros temas.

Pautados pela lógica da guerra, em que instituições e princípios democráticos são vistos como inimigos, empresários por trás de marcas como Havan, Mormaii, Valeshop, Dalçoquio, entre outros, espalharam mensagens de homofobia, preconceito contra quem trabalha com moradores de rua e ódio a jornalistas e a veículos da imprensa.

FAZ PARTE... – A disseminação de fake news é, para alguns, parte do método usado para apoiar Bolsonaro. O empresário Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono das lojas de surfwear Mormaii, disse no grupo que “guerra de informação é uma das armas mais poderosas”.

Ele afirma com frequência que há uma guerra em curso no país contra os adversários do presidente. “Em todas as guerras [as fake news] são de importância estratégica!!!! Eles usam direto. Nós apenas estamos olhando”, escreveu.

Morongo foi repreendido por um jornalista que está no grupo e volta e meia faz ponderações aos mais radicais. O dono da Mormaii saiu-se com uma defesa enfática da legitimidade de espalhar desinformação.

DISSE MORONGO – “Se não precisar mentiras… ótimo!!!! Mas se precisar para vencer a guerra é aceitável. Muito pior é perder a guerra!!!! Esta mídia e políticos em geral são todos mentirosos profissionais! O Bolsonaro é o esteio da verdade… Isso é indiscutível e muito nobre. Mas os soldados rasos não precisam ou não podem ter a mesma nobreza exatamente porque estão lutando corpo a corpo. Dedo no olho, pontapé no saco. Também não apoio eticamente a mentira. Óbvio. Mas não posso no momento condenar quem usa de todas as armas para lutar contra um mal muito, muito. Muito maior!!! É GUERRA!!!!”, esbravejou.

Uma das mentiras compartilhadas no grupo tratava do desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips, assassinados no Vale do Javari, na Amazônia. Marconi Souza, dono da Valeshop, empresa de cartões de benefícios para empresas, compartilhou no dia 13 de junho um texto que culpava a dupla por não ter autorização da Funai para transitar na região.

“O inglês Dom Philips… este aí tem uma outra história, que é a ponta de um iceberg que a esquerda mundial, o PT, PSOL e a mídia farão de tudo para desviar a atenção, pois foi um tiro no pé, tal qual o caso Marielle”, dizia o texto, que Marconi Souza encaminhou admitindo não saber se era verdade.

“FINANCIADORES” – O tom conspiratório prosseguia na mensagem: “Ele [Phillips] fazia uma reportagem, sem autorização legal da Funai, Ibama e sem o conhecimento do governo estadual e federal em reservas indígenas. Ele trabalha para uma ‘Fundação Internacional de Jornalistas Engajado’, chamada Fundação Alicia Patterson. Procurem no site. Buscando quem financia estas reportagens, que oferece bolsas, etc… eis que encontrei.. ele mesmo Bill Gates e outros gigantes que querem controlar a mídia e o mundo”. Em resposta ao texto, e Morongo, da Mormaii, debochou: “karma existe…”.

Outra adversária recorrente do grupo é a TV Globo. O ex-piloto Nelson Piquet, motorista de Jair Bolsonaro no Sete de Setembro do ano passado, compartilhou no dia 20 de junho um texto defendendo que “os transmissores da Globo precisam ser lacrados urgentemente em todo o Brasil”.

“A guerra ao presidente do Brasil já não é mais velada, tornou-se escancarada e desproporcional, levando a uma inversão de papéis que atenta contra a democracia”, dizia a mensagem compartilhada por ele e tarjada pelo WhatsApp com o selo “Encaminhada com frequência”. Piquet também já havia compartilhado no grupo o vídeo com ataques ao STF que geraram a prisão do autor, Daniel Silveira.

JORNALISTA NOJENTA – No geral, liberdade de imprensa é um princípio pouco caro ao grupo. Emílio Dalçoquio, dono da transportadora Dalçoquio, a maior de Santa Catarina e que ostenta uma frota de centenas de caminhões, escreveu em 25 de maio contra a jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo: “Nojenta, como todo apoiador de bandidos vítimas da sociedade. (…) Hipócrita traidora”.

O empreiteiro Meyer Nigri, dono da Tecnisa e bolsonarista que gosta de influir em nomeações no governo, acompanhou Dalçoquio nas ofensas à colunista. “Ela é uma fdp!”, disse. O usineiro José Pessoa arrematou a conversa: “essa feladaputa (sic) iria festejar se tivesse policiais mortos!!!! Bandida!!!!”.

Em outra ocasião, em 28 de maio, Luciano Hang, dono da Havan, tachou um jornalista especializado na cobertura do mercado financeiro de “esquerdista caviar”. “Este portal e seu proprietário são contra o presidente”, disse.

HOMOFOBIAS – O economista Daniel Fuks, criador do grupo, escreveu em seguida: “Eu o acho um bom jornalista e tinha um viés liberal. Em 2018, eu achei que ele ficou entre o JB (por causa do PG) e do Amoedo (por causa do Gustavo Franco)”, afirmou, passando a tecer considerações sobre a orientação sexual do jornalista.

A vida sexual de terceiros parece importar para Fuks. Lia-se em uma mensagem compartilhada por ele no dia 30 de abril:

“Vendedor gay chama a PM porque um cliente falou ‘querido’, e o viado (sic) queria que fosse ‘querida’, em seguida na presença dos PMs queria o flagrante porque o cliente chamou o viado de ‘cara’. Enquanto isso, morre mais um baleado por bandido numa tentativa de assalto em outro local da cidade.”

VIADOLOGIA – O empresário José Koury, dono do shopping Barra World, no Rio de Janeiro, também entrou na discussão sobre a reportagem. “Graças ao STF que criou ilegalmente o crime inexistente de homofobia. Precisa eleger um congresso de grande maioria de direita e acabar com esse absurdo, enquanto isso PM tem que estudar VIADOLOGIA para ir resolvendo essas ocorrências”, dizia o texto, compartilhado em 29 de abril.

Alguns participantes do grupo também manifestam posturas preconceituosas com homossexuais. Às 20h51 do dia 24 de abril, Paulo Perlott, que se apresenta no Linkedin como diretor de Marketing e Vendas da Gerdau, mas, segundo a companhia, deixou os quadros da Gerdau há seis anos, referiu-se ao ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite como “Leite Moça gaúcha”.

Perlott afirma que ele é da “mesma escola” de “aspirações totalitárias” que o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. “Exato”, respondeu Carlos Molina, dono da empresa de auditoria Polaris. Leite assumiu ser homossexual em julho do ano passado.

João Doria volta à sua empresa e deixa a política de lado – até quando, ninguém sabe

João Doria

Doria deixa a política sem jamais ter perdido uma eleição

Edoardo Ghirotto
Metrópoles

Dirigentes da alta cúpula do PSDB estão descrentes com a possibilidade de João Doria ensaiar o retorno para a vida pública com a disputa de um cargo majoritário nas eleições de 2026.

Quando são questionados sobre o futuro do ex-governador, os tucanos de alta plumagem afirmam que será muito difícil Doria conseguir apoio no partido para concorrer ao Executivo estadual ou federal.

Doria voltou a trabalhar em seu grupo empresarial Lide após desistir de concorrer ao Planalto. Escondido por Rodrigo Garcia na eleição em São Paulo, Doria disse que votará nulo se o pleito federal for decidido entre Lula e Bolsonaro.

GARCIA SE PRESERVA – Apesar de sua histórica posição de centro-direita, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), quer deixar para anunciar apenas em um eventual segundo turno se apoiará Jair Bolsonaro (PL) ou Lula (PT) na disputa nacional.

Em entrevista exclusiva a Gustavo Zucchi, do Metrópoles, o tucano diz apenas que irá se posicionar “diante do cenário” que se apresentar na disputa nacional caso ele esteja no segundo turno.

“A política não é uma ciência exata como a matemática, onde dois mais dois é igual a quatro. Vamos aguardar e ver exatamente como vamos estar em São Paulo. Espero estar no segundo turno. Eu não escolho adversário, quem escolhe quem vai para o segundo turno é a população. E vamos avaliar como terminou a eleição presidencial também até o dia 2 de outubro”, afirma o candidato.

DISPUTA ACIRRADA – Na eleição em São Paulo, Garcia disputa o voto da direita e da centro-direita com Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro. Segundo as pesquisas, ambos concorrem a uma vaga no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), aliado de Lula na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.

Mesmo diante da falta de um padrinho em sua campanha, Garcia não comenta sobre a ausência do ex-governador João Doria em seu palanque. O atual governador nega esconder seu antecessor na campanha, apesar de não ter citado o tucano durante o primeiro debate entre os candidatos paulistas.

Na entrevista ao Metrópoles, o governador paulista ainda explica os trechos de seu plano de governo na área de segurança, em que defende alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente e o fim das “saidinhas” de presos, uma posição coincidente com as bandeiras dos bolsonaristas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A decepção de João Doria é imensa, mas ele erra ao se afastar da política. Deveria ter se candidatar a deputado federal para continuar no ramo, à espera de novas alterações no panorama eleitoral, que é do gênero mutante “como as nuvens”, no dizer do ex-governador mineiro Magalhães Pinto. (C.N.)  

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