terça-feira, 16 de agosto de 2022

 


Campanha de Lula teve aperto financeiro, mas agora vai deslanchar com o Fundo Eleitoral

Abaixo-assinado · Fim do fundo eleitoral · Change.org

Charge do Casso (Arquivo Google)

Catia Seabra e Julia Chaib
Folha

A liberação do fundo eleitoral do PT, de quase R$ 500 milhões, deve deixar para trás um duro período da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que o partido se viu forçado a economizar devido a um aperto nas suas contas.  Despesas com contratos e dívidas judiciais — cobradas até mesmo por antigos aliados — fizeram o PT frear a agenda de viagens de Lula na pré-campanha e reduzir custos com eventos.

Programada para ocorrer há pelo menos dois meses, a viagem do ex-presidente à região Norte do país só acontecerá, por exemplo, a partir da oficialização da campanha, nesta terça-feira (16).

REUNIÕES VIRTUAIS – Ao longo da pré-campanha, o PT optou por reuniões virtuais, como na aprovação do nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para vice da chapa.

A realização da convenção partidária em uma sala no subsolo de um hotel do centro de São Paulo foi outra amostra da contenção de despesas nessa pré-campanha. O problema financeiro também pesou na substituição do publicitário Augusto Fonseca no marketing da campanha de Lula.

Segundo petistas, Fonseca não contava com estrutura básica até a liberação do fundo eleitoral. Pessoas próximas do marqueteiro diziam que o PT queria que ele fizesse uma espécie de empréstimo à campanha, bancando ele próprio a primeira parte das ações até que o partido recebesse recursos do fundo eleitoral. Dirigentes do partido, porém, dizem que o problema para a saída dele não foi financeiro e, sim, divergências de rumos.

SEGURANÇA – Também por motivos de segurança, nas viagens a equipe do ex-presidente priorizou cidades administradas pelo PT, onde há presença da militância petista.

O aperto fica demonstrado em números. O PT acumulou neste ano em uma das contas do partido R$ 59 milhões, divididos entre o Fundo Partidário e doações. O total de despesas da sigla, porém, está na casa dos R$ 65 milhões.

A razão dos gastos são compromissos com dívidas judiciais antigas, contratos novos e antigos e o dispêndio em si com a pré-campanha do ex-presidente.

DEVE A SANTANA – Além disso, o partido tem uma dívida de pelo menos R$ 6 milhões com o ex-marqueteiro da legenda João Santana. O débito com o ex-aliado de Lula levou, por exemplo, ao bloqueio de cerca de R$ 200 mil em outra conta que o partido mantém.

A situação reforçou a atuação do próprio Lula, que estimulou doações durante jantar com apoiadores em um restaurante de São Paulo. Segundo participantes do evento, Lula agradeceu as colaborações, afirmando que a iniciativa permitiria cobrir despesas até a formalização da campanha. Desde então, o partido recebeu mais de R$ 5 milhões de doações de pessoas físicas, que podem ser usados para pagar a dívida com Santana.

Com a oficialização da candidatura, o comitê eleitoral terá acesso ao fundo eleitoral, sendo R$ 130 milhões reservados à campanha do ex-presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma campanha pesada, que exige muito em termos financeiros a um partido que está em decadência. Além disso, há o estado físico de Lula, que vai completar 77 anos e não é nenhum atleta, muito pelo contrário, embora tire fotos em academias de ginástica, para se exibir. Na semana passado, ele não se sentiu bem e teve de faltar a um importante encontro com empresários financeiros, sendo substituído por Aloizio Mercadante. O tempo não para e Lula não é mais aquele, é preciso reconhecer. (C.N.)

Aumenta o vexame! Quase 1,6 mil militares ganharam mais de R$ 100 mil líquidos/mês

Charges: Estratosférico!

Charge do Genildo (Arquivo Google)

André Shalders e Daniel Weterman
Estadão

De janeiro a maio deste ano, 1.559 militares das três Forças Armadas tiveram pagamentos líquidos de mais de R$ 100 mil por mês. Juntos, os profissionais receberam R$ 262,5 milhões já depois dos descontos, como Imposto de Renda e contribuição para a Previdência dos militares.

A lista dos beneficiados inclui oficiais que integraram o governo de Jair Bolsonaro (PL), como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello – em março, o general teve rendimentos líquidos de R$ 305,4 mil, ao passar para a reserva remunerada do Exército.

CORONEL GANHOU MAIS – O ex-ministro da Saúde, porém, está longe do topo da lista dos maiores contracheques militares deste ano. O número 1 do ranking é um coronel, lotado no Comando do Exército, chamado James Magalhães Sato, de 47 anos.

Em abril deste ano, o pagamento líquido devido a ele foi de R$ R$ 603.398,92, valor correspondente a 38 anos dos rendimentos de um trabalhador que ganhe o salário mínimo atual, de R$ 1.212. O montante também é cerca de mil vezes maior que o Auxílio Brasil, que terá valor médio de R$ 607 em agosto, segundo o governo.

O nome de Sato é mencionado numa decisão de julho de 2020 da Justiça Militar. Em 2006, ele foi denunciado junto com outros 38 combatentes numa investigação que apurou supostas “fraudes licitatórias e contratuais” no Comando Militar da Amazônia, decorrente da Operação Saúva, da Polícia Federal. No entanto, o coronel foi absolvido de todas as acusações contra si, apesar de vários empresários e militares terem sido condenados.

SEM DETALHES – No cadastro do Exército, Sato aparece como “militar da ativa”. A remuneração básica do coronel é R$ 22,4 mil, mas, em abril deste ano, os rendimentos foram aumentados por uma verba de R$ 733,8 mil recebida sob a rubrica de “outras remunerações eventuais”.

O campo das “observações” informa que se trata do pagamento de “valores decorrentes de atrasos”, sem maiores detalhes. A reportagem do Estadão tentou contato com o coronel, mas não houve resposta até o momento.

Nos últimos meses, alguns militares se aproximaram da cifra de R$ 1 milhão e um brigadeiro recebeu R$ 1,4 milhão. Levantamento feito pela equipe do deputado Elias Vaz (PSB-GO) encontrou o caso de um militar da Aeronáutica cujos vencimentos brutos foram de R$ 818.902,09 em junho de 2021 – este é o montante antes dos descontos.

OUTROS CASOS – Em novembro passado, os rendimentos brutos de outro aeronauta, que ocupou o posto de diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a R$ 719,7 mil. O caso de Pazuello também é mencionado no levantamento feito pelo deputado.

“É um tapa na cara do povo brasileiro, que está passando por uma das piores crises dos últimos tempos. Fica claro que há uma conduta do governo Bolsonaro que privilegia um grupo das Forças Armadas já que esses benefícios não abrangem todos os militares e nem chegam a outros servidores federais, como professores e enfermeiros”, diz Vaz.

“Vamos complementar, com esses dados dos supersalários, uma representação que já fizemos ao TCU pedindo a fiscalização da folha de pagamento de militares”, acrescentou ele.

CASO DE PAZUELLO – A mesma justificativa é apresentada no caso do general Eduardo Pazuello. Em março, a remuneração básica bruta de R$ 32 mil foi acrescida de verbas indenizatórias que somam R$ 282,6 mil em março deste ano, resultando em vencimentos líquidos de R$ 305,4 mil.

Novamente, a informação disponível nos dados abertos do Portal da Transparência é a de que seriam “valores decorrentes de atrasos”. Procurado, Pazuello disse apenas que “todos os valores recebidos foram pagos conforme a legislação vigente”.

Outro expressivo vencimento líquido é de um major-brigadeiro da Aeronáutica, que atua desde fevereiro no Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR), sediado em São Paulo, junto ao aeroporto do Campo de Marte.

AJUSTE DE CONTAS – Em março deste ano, a rubrica “outras remunerações eventuais” no contracheque do militar teve o valor de R$ 376,8 mil, resultando em rendimentos líquidos de R$ 405,7 mil. A justificativa é a de que o militar está “em ajuste de contas” – ou seja, se preparando para deixar a ativa.

A Aeronáutica também proporcionou um pagamento líquido de quase R$ 400 mil a um outro major-brigadeiro do Ar que atua na área de Ensino da instituição. Graças a “remunerações eventuais” de R$ 377 mil, o major obteve, líquidos, R$ 398,5 mil. O valor é mais de dez vezes o salário de um ministro do STF, de R$ 39,2 mil.

As informações foram levantadas pela reportagem do Estadão, usando os dados abertos do Portal da Transparência, e pelo gabinete do deputado Elias Vaz (PSB-GO), usando a mesma fonte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Procurado, o Ministério da Defesa apenas reencaminhou uma nota já enviada dias antes ao Estadão. Diz que “os valores referem-se à remuneração mensal e a indenizações pontuais e a atrasados. Essas indenizações são relativas ao recebimento de férias não usufruídas ao longo da carreira, ou a outros direitos, que são calculados na ocasião da passagem dos militares para a reserva”. É “menas verdade”, como dizia o intelectual Lula da Silva. O brigadeiro Juniti Saito, por exemplo, foi para a reserva em 2015, mas acaba de receber R$ 1,4 milhão. E o Ministério da Defesa deveria mudar de nome, passando a se chamar Ministério da Defesa dos Privilégios dos Militares. (C.N.)

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