quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 


Bolsonaro quer emplacar trégua com TSE e já sabe que ministro da Defesa é um ‘Pazuello 2’

General Paulo Sergio Nogueira vira cabo de Bolsonaro e tenta intimidar TSE - O CORRESPONDENTE

Charge do Edu (Arquivo Google)

Andréia Sadi
g1 Brasília

Com a saída de Edson Fachin e a entrada de Alexandre de Moraes no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – prevista para 16 de agosto –, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu aval ao QG da reeleição para tentar costurar uma trégua com a Corte a dois meses do pleito. Tudo, claro, nos bastidores – até porque, publicamente, o presidente precisa do discurso de embate.

Bolsonaro encarregou interlocutores de buscar um acordo com Moraes, para vender a narrativa de que o TSE teria cedido a pleitos dos militares em relação ao sistema eleitoral. Por outro lado, o QG da reeleição – comandado pelo Centrão – aposta na trégua com o Judiciário como uma forma de evitar mais desgaste do presidente, que segue atrás nas pesquisas eleitorais.

INTERLOCUTORES  – Integrantes do Planalto e ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmam ao blog que interlocutores de Bolsonaro têm buscado os magistrados e avaliam que Moraes, diferentemente de Fachin, tem excelente relação com militares da ativa.

Esses magistrados avaliam, entretanto, que é difícil Moraes topar qualquer acordo que desautorize Edson Fachin ou seja uma armadilha para bolsonaristas divulgarem mentiras sobre as urnas eletrônicas.

E mais: o ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio, está desmoralizado junto a ministros da Corte, após duas gafes consecutivas.

UMA ATRÁS DA OUTRA – Primeiro, o ministro da Defesa pediu acesso urgentíssimo ao código-fonte das urnas eletrônicas, embora eles já estivessem disponíveis havia 10 meses;

Pouco depois, a segunda gafe: teve de engolir a exclusão, pelo TSE, do coronel Ricardo Sant’Anna – que integrava o grupo de fiscalização do processo eleitoral e divulgava informações falsas sobre as urnas.

Bolsonaro ouviu de ministros do STF que a atuação do general Paulo Sérgio Nogueira para desacreditar as urnas, feita a mando de Bolsonaro, repete o roteiro de descrédito de outro militar que foi trabalhar no governo: Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde que, no auge da pandemia, questionou o que chamou de “angústia” pela vacina contra a Covid-19. “Ele é o Pazuello 2”, ironizou um magistrado.

ATRAVÉS DE LEVI – Nesse cenário, interlocutores de Bolsonaro apostam que o canal para melhorar a relação com o TSE é José Levi, que foi Advogado-Geral da União (AGU) e vai trabalhar no gabinete de Alexandre de Moraes.

A questão é que Levi deixou o cargo pois não concordava em subscrever medidas negacionistas de Bolsonaro em relação à pandemia, e tem mais relação com ministros do TSE e do STF do que com integrantes do governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A pergunta que se deve fazer é a seguinte: A quem interessa a trégua? Ora, interessa a Bolsonaro, ao TSE e ao país, porque afasta a possibilidade de golpe. Por isso, todos devem dar força à trégua, que é de interesse nacional. (C.N.)

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