domingo, 3 de julho de 2022

 

Regulamentar é preciso, e a Europa está colocando em ordem o mundo digital

Exagero de tecnologia deixa crianças e adolescentes desconectados do mundo real - Gerais - Estado de Minas

Ilustração reproduzida do Estado de Minas

Pedro Doria
O Globo

A partir de 2024, todo equipamento com bateria que ligamos na tomada e é vendido na Europa terá de usar o padrão USB-C. Os smartphones Android mais modernos já o usam, muitos laptops também, assim como iPads. A entrada USB-C é pequenina, portanto cabe em qualquer aparelho. Não importa se colocamos o cabo de um lado ou do outro, sempre encaixa. Tolera taxas de transferência de dados altas e carregamento rápido.

E, como o mercado europeu representa um PIB de US$ 18 trilhões, todas as empresas se adaptarão. Os iPhones, já no ano que vem, trocarão o lightning da Apple pelo novo padrão.

NO MUNDO TODO – O resultado da política europeia é que o mundo todo adotará um só tipo de entrada. É, pois, hora de a gente prestar atenção. Os centros mundiais da inovação podem ainda ser EUA e China. Mas é a Europa que está organizando o mundo digital para todos nós.

Essa regulação pode parecer boba perante outras brigas que a União Europeia (UE) vem comprando —uns dez processos antitrustes, lei obrigando transparência de algoritmos, regras duras para competição, e por aí vai. Mas só parece boba. Hoje gastamos muito dinheiro com cabos e carregadores.

O preço do que compramos aumenta porque o aparelho tem de vir com a dupla fio mais tomada. Se um só desses pares passar a carregar tudo — do notebook à caixa de som —, a vida de todo mundo ficará mais simples, os custos do equipamento diminuirão e, no conjunto, a indústria passará a ser mais sustentável.

O NOME DELA – No centro da regulação digital europeia está uma política liberal de 54 anos chamada Margrethe Vestager, que já havia servido como vice-premiê e ministra da Fazenda na Dinamarca. Ela é economista e lidera, na UE, a Comissão de Adequação Digital. Não é só a excelência técnica de Vestager que permite à Europa avançar rapidamente perante temas em que outros países, como os próprios Estados Unidos, travam.

A estrutura de governança da UE, para o bem ou para o mal, ajuda muito. Ou, dito de outra forma, burocracia, quando bem estruturada, funciona.

A polarização do mundo travou parlamentos nacionais. É assim por toda parte — alguns ainda conseguem ser minimamente funcionais, mas quaisquer pautas divisivas têm dificuldade de caminhar. Na Europa, as leis que valem para todo o bloco são elaboradas independentemente dos parlamentos. Corpos técnicos foram erguidos para cada área, com gente tecnicamente habilitada e políticos no comando.

EM DETALHES – Cada problema neste mundo complexo em que vivemos é estudado nos detalhes. Um Projeto de Lei é elaborado. Só aí os parlamentos de cada país aprovam ou não.

Descolar a elaboração das leis que tratam de temas complexos da aprovação tornou a Europa eficiente no mundo digital. Com muita frequência, a União Europeia é criticada por burocracia excessiva — e há muito de verdade na crítica.

Mas, perante o problema de pôr ordem nos impérios digitais que buscam se impor aos governos, a burocracia vem funcionando a favor.

DO OUTRO LADO – Afinal, existem também corporações muito grandes, muito ricas, muito poderosas, que desenvolvem tecnologias mal compreendidas. Tecnologias que impactam de inúmeras maneiras nosso cotidiano.

Às vezes, mudando a dinâmica do debate público. Dificultando o fluxo de informação de qualidade em democracias. Estabelecendo monopólios que impedem a entrada de startups inovadoras em mercados estabelecidos. Até influenciando o preço de produtos na manipulação dos marketplaces do comércio eletrônico.

Neste ano, leis europeias pela primeira vez regularão todos esses espaços. Ao fazê-lo, seus efeitos serão sentidos até bem longe do continente.

Cheio de problemas na tensão pré-eleitoral, Jair Bolsonaro prepara seus planos B e C

Charge: Fraude x Golpe. Por Laerte

Charge do Laerte (site DCM),

Eliane Cantanhêde
Estadão

O presidente Jair Bolsonaro está no seu inferno astral, ou com tensão pré-eleitoral, empilhando notícias negativas, uma em cima da outra, o tempo todo. É aquela história: o candidato à reeleição tem vitrine, caneta, verbas, cargos e puxa-sacos, mas também é vidraça. Tem de responder pelo que acontece.

Não bastassem inflação, gasolina, diesel, gás e 33 milhões de famintos, temos o assassinato de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira, jogando luzes na implicância de Bolsonaro com indígenas, e o ex-ministro Milton Ribeiro preso e solto pela PF. Além de revelar que o presidente pôs os dois pastores vigaristas no MEC e lhe passou informação privilegiada sobre a busca e apreensão.

ASSÉDIO NA CAIXA – Agora vêm os relatos de mulheres sobre ataques, mãos bobas e convites indecorosos do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, bolsonarista roxo e arroz de festa nas tais lives de quinta-feira e em viagens dentro e fora do País. Se Bolsonaro já faz piadas sexistas e grosseiras com o presidente de Portugal, imagine-se com o machão amigo.

O governo sabia que Pedro Guimarães tivera problemas num banco privado por assediar as moças e que, já em 2019, ele pulou numa funcionária em plena garagem da CEF.

A preocupação do Planalto não foi com o fato, foi saber se havia algum vídeo ou testemunha. Fazer pode, mas sem deixar rastros…

“NÃO HÁ PROVAS?” – Aliás, a deputada bolsonarista Carla Zambelli – uma mulher – repete o mantra de que “não há provas”, “é só cortina de fumaça”, assumindo a versão do próprio Guimarães na carta de demissão, em que ele se diz alvo de “perversidades”, “situação cruel” e “rancor contra o governo”. Coitadinho.

Como nos casos de Abdelmassih e de João de Deus, a lista de vítimas de Guimarães tende a aumentar depois de a primeira quebrar o silêncio. E Bolsonaro vai mal no eleitorado feminino, quis Michelle Bolsonaro na campanha, é pressionado para pôr a ministra Tereza Cristina como vice e nomeou Daniella Marques na CEF.

Nada, porém, apaga o assédio cafajeste de Guimarães a funcionárias da Caixa e a condenação de Bolsonaro por machismo contra a jornalista Patrícia Campos Mello.

PEC DA REELEIÇÃO – Por essas e outras, governistas criam o pacotaço da reeleição: cheque em branco de R$ 40 bilhões para Bolsonaro comprar votos, contrariando a Lei Eleitoral e explodindo de vez o teto de gastos.

Se não resolver, o plano C já está pronto, “just in case”. O vice Braga Netto diz que sem auditoria não haverá eleição. E ao repórter Felipe Frazão, o filho 01, senador Flávio Bolsonaro, disse que é “impossível” conter um levante de bolsonaristas se o pai perder: “Como a gente tem controle sobre isso?”, indaga.

Mais do que lavar as mãos, soa como autorização.

Presidente de Portugal esnoba Bolsonaro: “Não se morre por um almoço cancelado”

 (crédito: JURE MAKOVEC)

Presidente português quer encontrar Lula, FHC e Temer

Vicente Nunes
Correio Braziliense

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, desembarcou em São Paulo, neste sábado (2/7), disposto a se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, motivo que levou o presidente Jair Bolsonaro a cancelar o almoço que ele teria na segunda-feira (4/2) com o líder português.

Rebelo de Sousa viajou para o Brasil para comemorar o centenário do primeiro voo pelo Atlântico feito por Sacadura Cabral e Gago Coutinho. “Não se morre porque um almoço foi cancelado. Não há drama nisso”, disse o presidente pouco antes de embarcar para o Brasil.

CONVITE DO PLANALTO -Segundo ele, partiu de Bolsonaro o convite para que eles almoçassem. Rebelo de Castro já tinha agenda no Brasil e decidiu estender por mais um dia para o compromisso com o presidente brasileiro.

O deslocamento dele para Brasília, por sinal, exigiria uma logística interna. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) teria que deslocá-lo da capital do país para que ele pudesse embarcar em outra cidade, provavelmente Recife, de volta para Portugal.

“Quem convida para almoçar é que decide se quer almoçar ou não”, afirmou Rebelo de Souza. Ele disse entender o contexto político brasileiro, mas lembrou que, no ano passado, esteve no Brasil e conversou com ex-presidente Lula e, ainda assim, Bolsonaro o chamou para um almoço. ]

TEMER E FHC – “Portanto, há um paralelo na situação”, frisou. Além de Lula, o líder português se encontrará com o ex-presidente Michel Temer e deve falar com Fernando Henrique Cardoso.

Para o presidente português, “é evidente que, se o presidente da República do Brasil entende que não pode, não quer, não é oportuno, não entra na sua programação neste momento manter o convite, que, aliás, me mandou por escrito, que o faça”.

“Quem convida tem a palavra de manter ou não o convite”, frisou.

QUESTÕES IMPORTANTES – Rebelo de Sousa lembrou que há questões políticas importantes, nas quais Portugal e Brasil discordam. “Na questão da Ucrânia, Brasil e Portugal tiveram posições diferentes. Portugal é aliado da Ucrânia, o Brasil, não. Essa é uma situação pesada. O almoço, não”, enfatizou.

No entender dele, porém, nada atrapalha as relações entre os dois países, pois não se trata de pessoas, mas de relações entre povos. Há, segundo ele, mais de 200 mil brasileiros vivendo hoje em Portugal e mais de 1 milhão de portugueses no Brasil.

“Temos, portanto, saber o que é fundamental ou não”, disse. Neste sábado, o presidente português participa da Bienal do Livro.

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