quarta-feira, 20 de julho de 2022

 

Recusa do ministro da Defesa demonstra que o golpe de Bolsonaro fracassou antes da hora

Oposição questiona se Forças Armadas vão respeitar eleições e ministro  mostra Constituição | Política | Valor Econômico

Ministro da Defesa percebeu a tempo que estava sendo usado

Carlos Newton

Embora tenham saído notícias de que foram os militares do governo que lideraram a reunião com embaixadores, evento que desagradou o quartel-general da campanha e políticos da base aliada, a versão mais acertada é um pouco diferente. A ideia realmente teria sido apoiada pelos núcleo duro de militares do Planalto, formado pelos generais Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência, Braga Neto, candidato a vice de Bolsonaro, além do novo assessor do presidente, tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid.

Mas na verdade a proposta surgiu do chamado Gabinete do Ódio, chefiado pelo filho Zero Dois, Carluxo Bolsonaro, e que funciona no terceiro andar do Planalto, ao lado do gabinete presidencial.

RESPOSTA A FACHIN – A ideia surgiu como resposta à iniciativa do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, que a 31 de maio reuniu um expressivo grupo de diplomatas no evento “Sessão informativa para Embaixadas: o sistema eleitoral brasileiro e as Eleições 2022”, quando reagiu às críticas de Bolsonaro às urnas eletrônicas.

Nesta segunda-feira, dia 18, a reunião no Alvorada foi organizada pelo Gabinete do Ódio, que é liderado por Tércio Arnaud, reconhecido como competente especialista em informática. Assim como seu chefe Carluxo Bolsonaro, também Arnaud tem parcos conhecimentos de inglês, o que explica os erros  cometidos nos vídeos do power point desta segunda-feira.

Também partiu do Gabinete do Ódio a divulgação da notícia de que o ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, iria fazer a mais importante preleção aos embaixadores.

“MENAS” VERDADE – Depois da reunião, que não teve a esperada palestra do general Paulo Sérgio Nogueira, o Planalto mandou informar que a participação do ministro da Defesa teria sido cancelada pelo próprio presidente Bolsonaro, por ter achado a apresentação do militar “muito longa”. No entanto, como diria o candidato Lula da Silva, essa informações do Planalto era “menas” verdade. O próprio general Paulo Sérgio Nogueira é que se recusou a fazer a palestra, por entender que estaria  sendo usado politicamente por Bolsonaro.

A ausência do ministro da Defesa esvaziou o evento e levantou novas dúvidas sobre o suposto apoio das Forças Armadas a um golpe de Bolsonaro.

Aqui na Tribuna da Internet, continuamos defendendo a tese de que o Alto Comando do Exército, única instituição que realmente interessa, não compactua nem vai compactuar com o golpe ansiado por Bolsonaro. Ou seja, o resultado das urnas será respeitado.

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P.S. –
 Em tradução simultânea, tudo isso demonstra que o famoso golpe ansiado por Bolsonaro fracassou antes da hora H e do dia D, e o presidente brasileiro agora segue o mesmo caminho de Donald Trump, descendo a ladeira, rumo ao limbo(C.N.)

Aliados dizem que reunião de Bolsonaro com embaixadores foi um vexaminoso “tiro no pé” 

Bolsonaro durante o encontro na segunda-feira (18) com chefes de missão diplomática em que atacou o sistema eleitoral brasileiro, no Planalto. — Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Bolsonaro perdeu uma bela oportunidade de ficar calado

Andréia Sadi
g1 Brasília

Aliados de Jair Bolsonaro (PL) veem como um “tiro no pé” e um “vexame” o evento promovido pelo presidente, destinado a repetir, para uma plateia de diplomatas estrangeiros, ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro.

A ideia do encontro – realizado na segunda-feira (18) no Palácio do Planalto com direito a erro de grafia na apresentação – foi do próprio presidente com o objetivo de desviar o foco da opinião pública de dois escândalos que afetam o projeto da reeleição:

1 – As denúncias de abuso sexual contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, figura recorrente ao lado de Bolsonaro até cair em desgraça;

2 – O assassinato de um tesoureiro do PT por um apoiador do presidente da República – que já falou em “fuzilar a petralhada” – aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”.

DESVIAR O FOCO – Para aliados, Bolsonaro conseguiu, sim, desviar o foco, mas trocou os escândalos pelo que foi descrito como “aberração”. E, ao fazê-lo, o presidente ignorou os apelos do Centrão – que comanda a ala política do governo e a campanha à reeleição – para evitar maior radicalização.

Bolsonaro disse a interlocutores que queria reagir à reunião em que o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou a embaixadores que a comunidade internacional deveria estar “alerta” a “acusações levianas” contra o sistema eleitoral.

O grupo avalia que o evento – para o qual o Bolsonaro contou com o apoio de militares como o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, e Braga Netto, assessor especial da Presidência – “implodiu pontes com o comando do Tribunal Superior Eleitoral” justamente no momento em que tentava uma reaproximação com Alexandre de Moraes, que vai presidir a Corte nas eleições.

TEIA DE RUMORES – Após a reunião, Fachin, reafirmou a segurança do sistema eleitoral brasileiro e criticou – sem citar Bolsonaro – o que chamou de ‘teia de rumores descabidos e populismo autoritário’.

A iniciativa foi considerada, ainda, completamente intempestiva, pois foi realizada no momento em que o governo se preparava para colher os frutos da ampliação de benefícios sociais às vésperas da eleição autorizada pela chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Kamikaze.

A expectativa é que esses benefícios possam tirar Bolsonaro das cordas na corrida eleitoral – o último Datafolha, divulgado em 23 de junho, colocou Lula com 47% das intenções de voto no primeiro turno, ante 28% do presidente. Nos votos válidos, Lula teria 53% contra 32% de Bolsonaro, o que o garantiria vitória do petista no primeiro turno.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Deputados da Oposição aproveitam a oportunidade e pedem ao Supremo que Bolsonaro seja investigado por ataque ao sistema eleitoral em reunião com embaixadores estrangeiros. Na verdade, jamais um presidente brasileiro foi alvo de tantos inquéritos e processos. Bolsonaro detém hoje um recorde que dificilmente será quebrado. (C.N.)

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