Confirmação da candidatura de Simone Tebet não significa praticamente nada para o MDB
Vicente Limongi Netto
A quarta-feira foi de luto, tristeza e melancolia para o MDB. Com trajetórias de vitórias nas urnas e em memoráveis lutas democráticas, o partido de Ulysses Guimarães, José Sarney, Renan Calheiros, Severo Gomes, Michel Temer e Teotônio Vilela, perdeu muito do seu significado e da sua importância política ao oficializar o nome da senadora Simone Tebet candidata à Presidência da República.
A candidatura de Tebet não decola. Insistência tola e burra. Não agrega votos nem sensibiliza eleitores. É um quadro amarelado, na parede, diria Drummond. O MDB ficou exposto ao vexame nacional. Foi confirmada a inutilidade política, o jogo medíocre do amadorismo e da falta de votos.
PROCURA-SE UM VICE – Falta o nome do vice ou da vice. O calejado Tasso Jereissati tirou o dele da reta. As opções são tenebrosas. Fala-se na senadora Eliziane Gama, do Cidadania, que também foi destaque na CPI da Covid, como Simone Tebet.
Não é nada, não é nada, não é nada mesmo. Eleição presidencial é mil buracos mais acima. Os votos de Tebet estão perdidos no firmamento. Encalhou nos 1 a 4 por cento nas pesquisas. No novo DataFolha surge com apenas 1% dos votos dos jovens de 17 a 21 anos.
Largada patética, fantasiosa e sem futuro, eleitoralmente, para Tebet e também para quem se aventurar a ser vice dela.
VIVA A ZONA FRANCA – Irretocável, a meu ver, o texto do artigo, no Estadão do dia 21, do presidente do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Luiz Augusto Rocha, intitulado “Zona Franca de Manaus é boa para o país”.
Como bem frisou o articulista, a Zona Franca de Manaus ajuda a preservação de 90% da floresta do Amazonas, correspondente a cerca de 20% do território do Brasil. Se fosse um país, o Amazonas seria o 16º maior do mundo.
Nesse sentido, são oportunas e pertinentes as declarações do ex-presidente do Cieam, Wilson Périco: “A Zona Franca, longe de ser um paraíso fiscal, significa o paraíso do fisco. O modelo Zona Franca não é parte do problema do Brasil e sim a senha da abertura de novas saídas e soluções”.
MANIFESTO OPORTUNO – O Correio Braziliense informou certo e fez bom jornalismo, ao destacar a importância do manifesto com mais de três mil signatários, entre eles, ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa da democracia e das instituições.
Ao contrário do poderoso e influente Jornal Nacional, da TV-Globo, que tratou do mesmo assunto, mas chamando os ministros aposentados do STF de “ex-ministros”. Coisa feia. Ganham fortunas para informar errado. A patética falha vai ficar por isso mesmo.
O JN não erra, jamais. Elementar, Bonner. Mas acontece que ministro do STF é igual a general e médico. Como se sabe, não existe ex-general nem ex-médico.
UM GRANDE BURACO – Notícia alvissareira em Brasília. Depois de tenebrosos e longos 40 anos, alguém com atilados neurônios, decidiu mandar limpar o medonho, asqueroso e fedorento, buraco que ocupa, pateticamente, um enorme espaço junto às duas pistas principais do Lago Norte. Uma placa arrogante e já gasta pelo tempo, informando “Obra particular, sob judice”, ainda permanece intacta.
Extremamente saudável o movimento de tratadores, escavadeiras e caminhões dentro do famigerado buraco. A curiosidade tomou conta dos populares. O que será construído no buraco infame. Ninguém deixa de palpitar. Não tira o pedaço, porque a satisfação maior é pelo fim do buraco.
Os mais jovens esperam que seja construída pista de motocross, evangélicos fervorosos levam fé que no local será erguida uma bela igreja, mas outros acreditam que o futuro ex-buraco dará lugar para um movimentado parque de diversões, e ainda há quem seja mais otimista e ache que o buracão vai virar extensão das delícias do “Quituart”, a melhor festa junina da capital.
Charge do Duke (O Tempo)
Em reação ao governo, conselho da Petrobras dificulta mudança na atual política de preços
Valdo Cruz
g1 Brasília
Em reação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu nesta quarta-feira (27) mudar a atual governança da estatal sobre a política de preços antes mesmo da assembleia que definirá os novos membros do órgão, agendada para 19 de agosto.
Até então, a política de preços era definida pela Presidência da Petrobras em acordo com as diretorias de Comercialização e Financeira. Pela decisão tomada nesta quarta, a partir de agora, o próprio Conselho de Administração também participará das discussões sobre a definição da política.
PREÇOS “INTERNACIONAIS” -A Petrobras adota desde 2016, no governo Michel Temer (MDB), a chamada política de paridade internacional para a definição dos preços dos combustíveis. Por esta política, os preços cobrados no Brasil seguem os preços cobrados no exterior.
Quando adotou a medida, a empresa disse que a paridade internacional poderia reduzir os preços dos combustíveis cobrados nos postos, mas, na prática, os preços têm aumentado desde então. Nos últimos meses, os sucessivos reajustes levaram à queda de presidentes da empresa e do ministro de Minas e Energia.
Os frequentes reajustes nos combustíveis também geraram impacto na inflação dos últimos meses, que cresceu a ponto de causar preocupação na equipe do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
GUERRA INCESSANTE – Desde o ano passado, o governo vem travando uma guerra contra o atual conselho para tentar controlar a empresa, mas não teve êxito.
Isso porque, em recente reunião, o conselho aprovou relatório do Comitê de Elegibilidade que rejeitou dois nomes indicados pelo governo para compor o grupo.
Desta forma, não bastará ao novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, mudar a diretoria para mudar a política de preços. O indicado de Bolsonaro terá de submeter o tema também ao Conselho de Administração.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A decisão parece ser uma represália contra o governo, destinada a dificultar a mudança na exótica política de preços, mas pode acontecer o contrário. Quando o conselho for renovado, nada impede que essa política antinacional de preços ser sepultada para sempre. Afinal, o custo do petróleo extraído no Brasil é um, enquanto a cotação do petróleo extraído no Golfo do México, usada como vetor, é completamente diversa, não dá para misturar as coisas (C.N.)
Procuradora usa “sinceridade” de Bolsonaro para inocentá-lo dos crimes na pandemia
Elio Gaspari
Folha
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, informou ao Supremo Tribunal Federal que Jair Bolsonaro “acreditava sinceramente” que a cloroquina era um remédio eficaz contra a Covid. A esta altura a pandemia já matou mais de 670 mil pessoas no Brasil.
A doutora disse isso para respaldar o pedido de arquivamento das conclusões da CPI da pandemia. É direito da PGR acreditar sinceramente no seu pedido de arquivamento. Caberá ao STF decidir o que fazer com as denúncias.
ACREDITE SE QUISER – Hoje, estima-se que de cada cem pessoas, 27 não acreditam que os astronautas americanos foram à Lua. Nesse grupo, 21 têm o ensino médio completo. Vinte em cada cem acham que a terra é plana. Donald Trump também acreditava na cloroquina, mas abandonou a sua defesa. Bolsonaro continuou na pregação.
O relatório da CPI que a doutora prefere arquivar informa que no dia 24 de março de 2020 anunciou, em rede nacional, que “o vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”. Como? Talvez com a cloroquina. Voltou ao assunto no dia 24 de outubro: “no Brasil, tomando a cloroquina no início dos sintomas, 100% de cura.” Na véspera haviam morrido 566 pessoas e o total de mortos estava em 156.528.
Bolsonaro tem uma queda por substâncias e iniciativas mágicas. Acredita nos efeitos econômicos milagrosos do nióbio e do grafeno. Chegou a anunciar que visitaria uma empresa de militares americanos que pesquisa a transmissão de energia elétrica sem fios. Seria um milagre para a Amazônia. Felizmente não foi à empresa.
ESTRANHAS TEORIAS – Acreditar que a terra é plana, que o homem não foi à Lula e que a cloroquina controla a Covid, é um direito de cada um. Cardeais e Papas acreditavam em coisas desse tipo. Em 1.600 a Inquisição romana queimou Giordano Bruno por defender as ideias de Copérnico, para quem a Terra girava em torno do Sol. (A estátua de Bruno, no Campo das Flores, em Roma, informa: “Aqui ardeu a fogueira”.)
Em 2020, Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde porque não acreditavam nas virtudes da cloroquina. Bruno metia-se com ocultismos. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, nunca se meteram com mágicas e não foram queimados.
Um terraplanista convicto pode ter acreditado sinceramente que a cloroquina controlaria a Covid. A diferença entre ele e Bolsonaro está na persistência da convicção do capitão e, sobretudo, no fato de ter se baseado nessa crença sincera para demitir dois ministros, irradiando a superstição enquanto pessoas morriam. Registre-se que ninguém morreu porque o vizinho achava que a Terra girava em torno do Sol e, desde o fim da Inquisição, ninguém foi queimado por isso.
MALES DA IGNORÂNCIA – Existem dois tipos de ignorância. A plena e a aquela que mesmo podendo ser sincera, é instrumentalizada. Os cardeais que mandaram Giordano Bruno para a fogueira podiam acreditar que a terra era fixa, mas estavam interessados também em preservar seu poder.
Quando a Inquisição chegava à Bahia, os seus defensores queriam também tomar as propriedades dos judeus. No século 20, essa mesma instrumentalização alimentou o antissemitismo europeu.
Enquanto esteve na moda, a cloroquina pouco teve a ver com a sinceridade da convicção. A partir das evidências científicas da usa inutilidade, foi um instrumento político (e comercial em alguns hospitais e planos de saúde).
Nelson Piquet, fiel bolsonarista, espalhou vídeo ameaçando ministros do STF e Lula
Guilherme Amado
Metrópoles
Nelson Piquet, tricampeão da Fórmula Um, que serviu de motorista a Jair Bolsonaro no desfile de Sete de Setembro em 2021, tem espalhado material com ataques e ameaças de morte aos ministros do Supremo Tribunal Federal e ao candidato petista Lula. Recentemente, Piquet foi um dos que disseminou o vídeo feito por Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, extremista preso por ordem de Alexandre de Moraes, a pedido da Polícia Federal.
No vídeo, Boa Pinto faz ameaças de morte também à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e ao pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, do PSB.
PRISÃO MANTIDA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes prorrogou, nessa segunda-feira (25/7), por mais cinco dias, a prisão temporária do ex-vereador e influenciador digital Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, de 46 anos, conhecido como Ivan Papo Reto.
O ex-vereador foi preso na sexta-feira (22), em Belo Horizonte (MG), após ameaçar ministros da Suprema Corte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e políticos de esquerda.
“Diante do quadro fático exposto, entendo, portanto, a pertinência da medida, imprescindível para que a autoridade policial avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão”, escreveu Moraes, ao prorrogar a prisão temporária. A decisão do magistrado atendeu a pedidos da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa do Boa Pinto tem se manifestado a favor do relaxamento da prisão.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nelson Piquet, um extraordinário tricampeão da Fórmula Um, é fanático bolsonarista. Assim como seu ídolo político, de vez em quando o motorista perde excelentes oportunidades de ficar calado, e agora atingiu o clímax, ao disseminar despropositadas mensagens de ódio. Para quê? Ora, para nada. (C.N.)
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