domingo, 5 de junho de 2022

 

Terceira via começa a decolar e os robôs da polarização passam a “trabalhar” dobrado

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Nani (nanihumor.com)

Carlos Newton

É da maior importância a reportagem de Pedro Venceslau, no Estadão, revelando que aliados da senadora Simone Tebet (MDB) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) estão operando uma aproximação dos dois pré-candidatos à Presidência, através de um pacto de não agressão, em resposta ao esforço da polarização entre o ex-presidente Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nem era preciso falar em pacto de não-agressão, porque a convivência e o respeito entre Simone Tebet e Ciro Gomes sempre foram marcantes, sem jamais ter havido nenhuma rusga entre os dois. Pelo contrário, sempre trocaram elogios. E agora a terceira via enfim pode decolar. 

À MODA ANTIGA – Interessante notar que as campanhas de Ciro Gomes e de Simone Tebel estão sendo feitas à moda antiga, sem esse alvoroço que caracteriza a presença do apoiadores da polarização, que há meses travam disputas nas redes sociais e nos portais, sites e blogs de informação na web.

Aqui na Tribuna da Internet já estamos acostumados. Em todo ano eleitoral, é a mesma coisa. O espaço dos comentários fica invadido por robôs de todas as espécies e tecnologias. 

No caso de candidatos como Ciro Gomes e Simone Tebet, eles tem sido apoiados na web por comentaristas normais, não parece que existam robôs profissionais entre eles, mas é provável que também passem a usar essa prática robótica já consagrada em outras legendas.

SÃO IRRITANTES– A diferença entre o comentário normal e o robotizado é a repetição de argumentos, sempre na tentativa de vencer no grito, como se dizia antigamente. Chegam a ser tão irritantes que até desanimam os comentaristas de verdade.

Esta semana o gaúcho Duarte Bertolini fez um desabafo contundente. ”O que existe é o desencanto com este lixo político, estas manadas enlouquecidas de gado fanatizado que impedem qualquer debate minimamente civilizado. Sempre gostei de conversar, escrever e trocar ideias. Também gosto de uma boa polêmica, mas com algum embasamento. No entanto, percebo que fica cada vez mais difícil trocar ideias na Tribuna, devido à invasão dos robôs. É briga de bugios, como se diz aqui no Sul. Somente em novembro é que saberemos o que vai sobrar desta carnificina de bestas apocalípticas. Isso, é claro, se ainda houver mundo civilizado aqui no Brasil, após a calamidade eleitoral”, disse Duarte Bertolini.

Concordando com essa reflexão, podemos sugerir que os robôs passem a ser fabricados com um botão de “simancol” na testa, para que defendam suas teses sem desrespeitar o pensamento dos outros.

BALANÇO DE MAIO – Como sempre fazemos, vamos publicar agora as contribuições feitas ao blog em maio, agradecendo muitíssimo o apoio dos amigos.

De início, os depósitos na Caixa Econômica Federal:

DIA  OPERAÇÃO  REGISTRO            VALOR
05     051144         DP DIN LOT……..230,00

06     061603         DP DIN LOT……….60,00
10     101155         DP DIN LOT……..100,00
12     121243         DP DIN LOT……..230,00
24     241241         DP DIN LOT……..100,00
27     272004         CRED TEV………….30,00
27     700001         DOC ELET………….35,00

Agora, as contribuições feitas através do Itaú/Unibanco:

03   TED  033.3591/ROBSNA………..200,00
17   TED 001.5977/JOSAPER………..200,17
27   TED 001.4416/MARACRO……..250,00
31   TBI 0406.49194-4 C/C…………..100,00
31   TED 033.3591/ROBSNA…………200,00

E, por fim, as contribuições na conta do Bradesco:

04   0535621 LROBESORD…………….50,00
11   0241040 LCBPAIM………………..200,00
25   0535815 LROBESORD…………….30,00
30   0241492 LCBPAIM………………..200,00

Agradecendo muitíssimo aos amigos que nos apoiam nesta utopia de manter um espaço independente na internet, vamos em frente, sempre juntos, em busca de um futuro melhor.

Ser chamado de comunista e esquerdista é original no currículo de um conservador

João Pereira Coutinho sobre uma nova onda da esquerda no mundo: “É  possível” - YouTube

O humor cáustico de Coutinho fez sucesso no “Roda Viva”

João Pereira Coutinho

O extremismo político tomou conta do palco, à esquerda e à direita, e eu confesso que ri com o artigo de Colin Wright no “Wall Street Journal”. Conta o autor que ficou feliz quando Elon Musk compartilhou no Twitter o seu cartum, embora Colin tenha recebido “hate mail” em quantidades industriais.

Explico. Em 2008, Colin Wright definia-se como de centro-esquerda. Os seus companheiros “liberais”, no sentido americano e progressista do termo, estavam um pouco mais à esquerda, “ma non troppo”.

FOI MUDANDO – As coisas começaram a mudar em 2012, quando os “liberais” começaram a correr para os extremos, arrastando o chão com eles. Colin, esse, ficou no mesmo lugar, com as mesmas ideias. Mas, agora, estava muito próximo do centro.

Em 2021, não havia dúvidas, o autor estava à direita do centro.

Não porque mudou de camiseta, mas porque o ambiente mudou – e os “liberais” de ontem, ou uma parte significativa deles, mergulharam no “wokestão”, esse charco onde a liberdade de expressão é um perigo, o tribalismo é mais importante do que a justiça cega para todos, e os direitos das mulheres são menos importantes do que os direitos daqueles que se declaram mulheres.

QUER QUE EXPLIQUE? – Sempre fui um conservador liberal, para quem a busca de perfeição política é uma quimera perigosa e a confiança cega na natureza humana é um erro epistemológico.

Isso tem implicações: a recusa do radicalismo político, seja revolucionário ou reacionário, e a preferência por uma forma de governo limitada pela lei nunca me abandonaram.

Como diz um ilustre colega meu, evocando a imagem de Ulisses e das sereias, quero um político bem atado ao mastro do navio, e que ele não vá ceder aos encantos do abuso, da corrupção ou da arrogância. Porque são os indivíduos, livremente, que devem procurar, acertar ou falhar por sua conta e risco.

APOIO DA TRADIÇÃO – Nesse processo de busca da individualidade, as tradições têm um papel relevante. Não como imposição dogmática de valores ou condutas, mas como patrimônio que pode ajudar à construção de um caráter.

Com a devida vênia ao filósofo, as tradições são como uma língua: convém entender as regras, embora isso nada nos diga sobre o conteúdo do que podemos ou devemos dizer.

Fatalmente, tudo mudou em 2016, com a eleição de Donald Trump. Uma parte substancial da direita entregou-se a uma espécie de “wokismo” do avesso, trocando as virtudes da individualidade pelos confortos do tribalismo, do messianismo e da dogmática.

ENRUSTIDO – É a mesma direita, aliás, que aparece regularmente no meu e-mail para me denunciar como esquerdista enrustido, falso conservador, globalista e até comunista, o que não deixa de ser uma originalidade no meu currículo.

Essa turba voltou a emergir recentemente, depois de uma entrevista minha ao programa Roda Viva, para me acusar de todos os crimes ideológicos.

Perdoo-lhes, porque eles não sabem o que fazem. Nessas 45 primaveras, estive sempre no mesmo lugar. O que mudou foi o chão que pisamos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – João Pereira Coutinho, um pensador português que já escreve à brasileira, é um extraordinário cronista, que se diverte expondo as contradições e idiotices que marcam a falsa guerra ideológica nos dias de hoje, quando essa disputa já deveria estar encerrada na Antiguidade, com o poder sendo exercido pelo melhor candidato, não interessa se de direita, centro ou esquerda. O que na verdade importa é que o governante se limite a agir da forma mais acertada, conforme propôs Sidarta Gautama, o Buda, mais de 500 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, que tinha o mesmo pensamento. Pensar e agir de forma diferente, hoje em dia, é zurrar como um asno. (C.N.)

Bolsonaro faz crítica velada ao STF e fala em “ir à guerra” pela livre manifestação

 (crédito: Isac Nóbrega/PR)

Bolsonaro diz que o povo armado jamais será escravizado

Ingrid Soares
Correio Braziliense

Em mais um capítulo da crise entre Executivo e Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar indiretamente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ontem, em Umuarama (PR), o chefe do Executivo chamou apoiadores “à guerra” contra o que chamou de “ladrões que querem roubar nossa liberdade”. A declaração ocorreu durante visita a trecho da Estrada Boiadeira (BR-487).

“Como se não bastassem os problemas no país, nós todos aqui temos problemas internos no Brasil. Hoje, temos não mais os ladrões de dinheiro do passado. Surgiu uma nova classe de ladrão, que são aqueles que querem roubar a nossa liberdade”, disparou. “Eu peço que vocês, cada vez mais, se interessem por esse assunto. Se precisar, iremos à guerra. Mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está fazendo e de por quem está lutando.”

SACRIFÍCIO DA VIDA  – Segundo Bolsonaro, cabe às Forças Armadas e à população defender o país. “Nós todos aqui não podemos chegar lá na frente, 2023, 24, 25, ver a situação que se encontra o Brasil e falar: ‘O que nós não fizemos em 2022 para que nossa pátria chegasse à situação que se encontra?’”, ressaltou.

“Todos nós temos um compromisso com o nosso Brasil, não apenas os militares que fizeram o juramento de defender a pátria com sacrifício da própria vida. Todos nós temos de nos informar e nos preparar. Não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns outros países aqui na América do Sul”, acrescentou, citando a Venezuela e a Argentina.

Bolsonaro afirmou que os presentes ao evento sabiam do que ele estava falando. “É a verdade. Até pouco tempo, o povo brasileiro não estava acostumado a ouvir a verdade. Eu não digo o que vocês querem ouvir, eu digo o que vocês devem ouvir”, continuou, sob aplausos.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – O chefe do Executivo defendeu, mais uma vez, o que chamou de direito à liberdade de expressão e lembrou o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques às instituições democráticas; e a anulação da cassação do deputado Fernando Francischini por disseminação de fake news nas eleições de 2018.

 “Nós defendemos, além do direito de expressão, o direito de ir e vir. Não posso admitir a prisão de um parlamentar por causa de algo que eu não gostaria de ouvir. A liberdade de expressão, ou nós temos, ou não temos”, frisou.

Pautas como aborto, ideologia de gênero e armamento também fizeram parte do discurso. Ele também criticou a campanha de desarmamento no Canadá.

ARMA DE FOGO – “Vocês sabem que a arma de fogo é garantia para sobrevivência de suas famílias e questão de segurança nacional. Povo armado jamais será escravizado”, destacou.

“Poucos na Praça dos Três Poderes podem muito, mas nenhum deles pode tudo. A nossa liberdade não tem preço, e parece que alguns não querem entender. A liberdade é mais importante do que a própria vida”, repetiu.

Na semana que vem, o presidente brasileiro participará da Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, onde o tema meio ambiente deverá ser um dos principais assuntos a serem debatidos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Bolsonaro joga suas fichas no confronto. Como a maioria do povo é iletrada, suas declarações são entendidas da maneira que Bolsonaro pretende, em estilo de teoria conspiratória. Não há dúvida de que ele sabe se comunicar com o povão. É um estilo da Jânio Quadros militarizado, digamos assim (C.N.)

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