sábado, 4 de junho de 2022

 

Se uma usina em Sergipe foi comprada por R$ 6 bilhões, a  Eletrobrás não vale apenas R$ 67 bilhões

Termelétrica de Sergipe é uma das maiores da América do Sul

Pedro do Coutto

Na edição de O Globo de quinta-feira, dia 2, o repórter Ivan Martinéz-Vargas publicou matéria revelando que a empresa Eneva comprou as Centrais Elétricas de Sergipe (Celsepar) por R$ 6,1 bilhões. A empresa termelétrica de Sergipe é uma das maiores da América do Sul, localizada em Barra dos Coqueiros, no litoral do estado.

Curioso é que o seu fornecimento de energia está contratado pela própria Eletrobras até o ano de 2044. A usina utiliza gás natural trazido para Sergipe na forma de gás natural liquefeito (GNL) e regaseificado na unidade.

AÇÕES –  O presidente da Eneva, Pedro Zinner, diz que o empreendimento é estratégico para a empresa. Além disso, vejam só, a Eneva comprará todas as ações da CelsePar, que tem os direitos de expansão da termelétrica do porto de Sergipe e que possui um passivo de R$ 4,1 bilhões. Com isso, a transação total sobre a termelétrica supera R$ 10 bilhões.

A privatização da Eletrobras, por outro lado, está prevista em R$ 67 bilhões, valor de mercado, R$ 25 bilhões à vista e R$ 42 bilhões em 30 anos. Não é possível que 49 hidrelétricas da Eletrobrás, incluindo as linhas de transmissão de Furnas, e mais 40 usinas eólicas, tenham um valor apenas dez vezes maior do que a negociada em Sergipe. Há algo estranho nesse valor subestimado.

AÇÕES DA ELETROBRAS – Por outro lado, Lucas Bombana e Cristiane Gercina, Folha de S. Paulo desta sexta-feira, revelam que a Petrobras fixou um prazo até o dia 8 para que os interessados em adquirir as ações da Eletrobras através do saque do FGTS possam concretizar as suas operações. O valor mínimo de aplicação é de R$ 200.

Se a Petrobras coloca à venda ações a serem financiadas pelo FGTS, verifica-se uma transferência de renda dos titulares das contas, assalariados, para a privatização da estatal, e quanto maior for a adesão ao Fundo de Garantia, menor será o dispêndio das empresas que participarem do processo de privatização do comando administrativo e operacional da holding. Antes, Furnas terá que resolver a questão do passivo da Santo Antônio Energia.

Quanto às ações da Eletrobras a serem adquiridas pelo FGTS, a matéria mostra um quadro estatístico sobre a aquisição através dos bancos, comparando os percentuais cobrados por cada um deles a título de taxa de administração. Não são iguais e é importante que os eventuais compradores de ações da Eletrobras verifiquem isso.

RECUO – O ingresso de jovens pela primeira vez no mercado de trabalho pode contribuir para que aparentemente o desemprego desça, mas na realidade ele se mantém no patamar anterior ao mês de maio. Carolina Nalin e Jéssica Marques, O Globo, destacam o recuo do desemprego no país de 12,2% para 10,5% no trimestre encerrado em abril.

Seria assim uma recuperação em cerca de um milhão de postos de trabalho. Porém, o Cadastro de Empregos registra o total de empregados e desempregados no país. Mas os que ingressaram no mercado de trabalho pela primeira vez, não pertenciam ao bloco de desempregados.

ANÁLISE – Assim, é possível que o mercado de trabalho tenha sido acrescido de novos empregados, mas que o desemprego não tenha baixado. Pode não ser esse o fenômeno, mas é preciso considerá-lo para termos uma análise mais profunda sobre o mercado de trabalho brasileiro.

Além disso, o trabalho sem vínculo atingiu 39% da força de trabalho brasileiro, indicando que em 100 milhões de pessoas que formam a mão-de-obra ativa do país, 39 milhões não têm vínculos empregatícios. E o governo abate o trabalho informal do desemprego, mas isso não aponta um aumento de receita para o INSS ou para o FGTS.

DECISÃO POLITICA –  O ministro do STF, Kássio Nunes Marques, através de liminar cassou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que por seis votos a um tinha cassado o mandato do  deputado Fernando Francischini, por divulgação de fake news sobre as urnas eletrônicas.

Na Folha de S.Paulo, Isac Godinho apresenta reportagem com declarações do governador do Paraná, Ratinho Júnior, contra as urnas eletrônicas. Assim, no fundo, tanto o ministro Nunes Marques quanto o governador Ratinho Junior revelaram uma concordância com as restrições feitas às urnas eletrônicas. Fica o registro dos fatos aqui assinalados.

Campanhas de Tebet e Ciro enfim articulam um pacto de não agressão e agenda comum

Ciro Gomes elogia Simone Tebet e diz que ela está sendo traída | Pesquisa  eleitoral MG: Zema lidera - YouTube

Arte reproduzida do MyNews (YouTube)

Pedro Venceslau
Estadão

Aliados da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) tentam promover uma aproximação dos dois pré-candidatos à Presidência. A iniciativa visa estabelecer uma convivência pacífica – espécie de pacto de não agressão –, em meio à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles podem construir uma agenda mínima.

Entre as pautas convergentes estão os desafios da economia – a inflação, o desemprego e a pobreza –, a defesa da democracia e a crítica à radicalização imposta no atual ciclo pré-eleitoral.

TERCEIRA VIA – Simone e Ciro se colocam como pré-candidaturas do centro democrático. Porém, enquanto ela se situa na chamada terceira via, ele se posiciona mais à esquerda no espectro político.

Em outra frente, o MDB abriu um canal de diálogo com o Podemos para tentar ampliar a coligação da senadora. O partido chegou até a lançar a pré-candidatura do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Sérgio Moro, mas a iniciativa foi frustrada com a migração do ex-juiz da Lava Jato para o União Brasil. Atualmente, após a chancela da cúpula emedebista para representar a terceira via, Simone conta apenas com o apoio do Cidadania e espera pela palavra final do PSDB.

O primeiro sinal do movimento entre Ciro e Simone se deu na participação, na quarta-feira passada, do ex-senador gaúcho Pedro Simon, decano do MDB, em um programa apresentado pelo pedetista nas redes sociais. Na ocasião, Simon classificou como um desastre a “dobradinha” Lula e Bolsonaro e disse que os pré-candidatos do MDB e do PDT precisam “caminhar, discutir e debater com grandeza”.

DIÁLOGO ABERTO – Ciro concordou, elogiou Simone e o pai dela, o ex-senador Ramez Tebet, e se colocou à disposição para o diálogo. “Em qualquer mesa em que o senhor estiver, eu estarei na cabeceira. Me convoque que eu estarei”, afirmou ele.

Os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do MDB, Baleia Rossi, reforçaram a ideia. “Estamos abertos para o diálogo com a Simone. Esse é o caminho natural”, disse Lupi. “Temos de conversar com todos aqueles que são alternativas à polarização. O diálogo está no DNA do MDB. Não se faz política com veto. Temos de buscar os pontos de convergência”, afirmou Baleia Rossi.

A articulação no centro político esbarra, porém, em questões regionais, especialmente no Ceará. No Estado, o MDB e o PDT são rivais históricos. Uma reunião entre Ciro e Simone neste momento, dizem aliados, acirraria os ânimos com o grupo do ex-senador Eunício Oliveira, que é próximo de Lula e se opõe à pré-candidatura da emedebista.

PERTO DO PODEMOS – Do lado da senadora, enquanto os tucanos caminham para um acordo na disputa presidencial, o MDB abriu um canal de diálogo com o Podemos, que ficou sem candidato próprio. As conversas ainda são preliminares, mas integrantes do MDB avaliam que a chapa de Simone com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) na vice, que já indicou que pode aceitar o posto, tem o que chamam de afinidades históricas com o Podemos.

Há resistências. Segundo o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), a sigla estaria dividida entre lançar candidatura própria ou liberar os filiados.

EM PORTO ALEGRE – Simone deve ir próxima semana a Porto Alegre para uma rodada de conversas com líderes locais do MDB e com o ex-governador Eduardo Leite (PSDB).

O acordo local passa pela desistência do deputado estadual Gabriel Souza (MDB) de disputar o Palácio Piratini para apoiar o candidato tucano, que deve ser o próprio Eduardo Leite, com muitas chances de vitória.

Após a desistência de João Doria de disputar o Palácio do Planalto, o PSDB estabeleceu como contrapartida ao apoio a Simone que o MDB abrisse mão de lançar candidatos próprios em três Estados para apoiar tucanos: Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Nos dois últimos Estados, já está certo que a pré-candidata terá dois palanques. (Colaborou Gustavo Queiroz)

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, a poeira está baixando e de repente tudo começa a caminhar bem para a terceira via. A união entre Simone Tebet e Ciro Gomes é o que faltava para garantir uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. Não importa quem esteja à frente da chapa, a chamada maioria silenciosa não aceita votar em Lula ou Bolsonaro e vai apoiar entusiasticamente  Ciro/Simone ou Simone/Ciro, uma dupla que tem muita chance de vencer esta eleição. Aliás, se chegar ao segundo turno, a vitória estará garantida. (C.N.)   

No tempo em que Carlos Fernando era menino e brincava tangendo carneiros no sertão

TRIBUNA DA INTERNET | Lembrando Carlos Fernando, um dos maiores compositores de Pernambuco

Carlos Fernando, compositor pernambucano

Paulo Peres
Site Poemas & Canções

O compositor pernambucano Carlos Fernando (1938-2013), na letra de “O Menino e os Carneiros”, discorre sobre a sua vida desde a infância. A música foi gravada por seu parceiro Xangai no CD Mutirão da Vida, em 1998, pela Kuarup.

O MENINO E OS CARNEIROS
Xangai e Carlos Fernando

No tempo que eu era menino
Brincava tangendo
(chiqueirando) carneiros
Fim de tarde na rede sonhava
Belo dia seria um vaqueiro
Montaria de pelos castanhos
Enfeitados de prata os arreios

Minha vida hoje é pé no mundo
Sem temer a escuridão
Jogo laço quebro tudo
Meu amigo é meu irmão
Sou a sede de boa palavra
Sou a vida raios de sol
Tenho tudo não tenho nada
Tenho fé no coração
Só que isso tudo
Era no tempo que nós ”era” menino 

Lula representa um passado imaginário e Bolsonaro simboliza um futuro inviável

Paraná Pesquisas: no RS, Bolsonaro tem 40,1%; Lula marca 34,2%

Bolsonaro e Lula são “dois perdidos numa eleição suja”

William Waack
Estadão

Talvez os marqueteiros consigam encontrar a “faísca” para as campanhas, mas Lula e Bolsonaro se dedicaram até aqui à improvisação. As falas dos dois líderes nas pesquisas seguem, por enquanto, aquilo que cada um acha que funciona, e são dirigidas sobretudo aos já convertidos. Obedecem claramente às respectivas intuições.

Curioso notar que dentro das duas campanhas há dúvidas sobre a eficácia das falas de ambos, tidos pelos respectivos seguidores como infalíveis.

HÁ RESTRIÇÕES – Os profissionais da política no Centrão queixam-se de que os ímpetos antidemocráticos por parte de Bolsonaro não estão trazendo benefícios eleitorais. Mesmo considerando o fato de que acusar o Supremo de impedi-lo de governar, e de favorecer o adversário, encontre forte ressonância muito além do bolsonarismo raiz.

Os profissionais de campanha do PT confessam que faria bem a Lula uma “tutela” – que ele recusa – quanto ao uso de temas de apelo restrito a círculos de esquerda universitários.

Para não falar da utilização das ferramentas digitais, nas quais o bolsonarismo está ganhando do lulopetismo. Ser velho na política não é necessariamente um fator negativo, mas os conselheiros políticos de Lula (aliás, vários ao redor dos 70 anos de idade) dizem em particular que ele por vezes soa desgastado.

NÃO OUVEM NINGUÉM – Ocorre que Lula e Bolsonaro chegaram a um ponto na trajetória de vida política e pessoal no qual ficou difícil que ouçam conselhos. Ou que possam ser “reinventados” por algum marqueteiro genial.

Por sabedoria política, intuição, preguiça mental ou circunstâncias que mudam em questão de horas (ressonância nas redes sociais), ambos têm se esquivado de qualquer debate abrangente ou de profundidade.

Era um fato inevitável diante da principal característica na qual afundou a eleição de outubro: cada um dos dois principais personagens assumiu a mesma postura de ser “o bem” contra “o mal”.

VIDA PIORANDO – Lula pode se dar ao luxo de parecer pouco focado e sem a preocupação de postular novas ideias em qualquer setor. Os ventos que o empurram são poderosos, embora não o controlem: é o sentimento geral de que a vida está piorando, carestia aumentando, sem que o governo tivesse encontrado até aqui um paliativo convincente mesmo arrebentando a boca do cofre ou dominando redes sociais – prova de que a popularidade digital não é igual a popularidade na vida real.

O grande quadro é que permite ao favorito nas eleições defender a volta a um passado que é pura imaginação.

Seu adversário, correndo o risco de perder já no primeiro turno, oferece um futuro que deixou mais distante.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o grande ator e dramaturgo Plínio Marcos, os candidatos Bolsonaro e Lula são dois perdidos numa eleição suja. (C.N.)

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