domingo, 26 de junho de 2022

 

Pastores do MEC, incluindo Milton Ribeiro, destroem a candidatura Bolsonaro

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

Os pastores que atuavam na sombra no Ministério da Educação, negociando verbas para prefeitos e buscando receber comissões com o aval do então ministro Milton Ribeiro, terminaram por destruir a candidatura do presidente Bolsonaro à reeleição nas urnas de 2 de outubro.

O escândalo que já tinha marcado a demissão de Milton Ribeiro foi ampliado de forma colossal pela divulgação de conversas telefônicas entre o próprio ex-ministro e sua filha, quando ele disse ter sido alertado por Bolsonaro sobre um provável processo de busca e apreensão que seria feito. Foi uma explosão excepcional, mesmo tratando-se de política no atual governo, deixando o Palácio do Planalto numa situação extremamente vulnerável.

AMEAÇA – As gravações incluíam também o pastor Arilton Moura preocupado com o envolvimento de sua mulher nas ações da Polícia Federal. Nesse ponto, Arilton Moura ameaçou “explodir tudo”, afirmação enigmática apenas para os que não acompanham o caso. No O Globo a reportagem é de Aguirre Talento, Bruno Abbud,Eduardo Gonçalves e Natalia Portinari. Na Folha de S. Paulo, o texto é de Fábio Serapião, José Marques e Paulo Saldaña.

O episódio em cenário algum acrescenta pontos para Bolsonaro. Deve tirá-los, não muitos, porém decisivos, sobretudo porque o Datafolha em pesquisa divulgada na última semana apontou o índice de 70% de votos cristalizados; ou seja, aqueles que estão com Lula ou Bolsonaro não pretendem alterar seus votos até o momento.

LULA NA FRENTE – Essa cristalização favorece o candidato do PT, que se encontra à frente de acordo com último levantamento realizado pela Folha de S. Paulo. Lula está na frente junto aos eleitores que ganham até dois salários mínimos, os que ganham entre dois a cinco salários mínimos, perdendo a vantagem na faixa dos que  recebem acima de cinco pisos salariais.

Há também reflexos em virtude da possível criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado sobre os últimos acontecimentos. O governo se empenhou em impedir uma CPI, mas os sinais de sexta-feira na área parlamentar indicavam o contrário. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, acha difícil o governo ter êxito para impedi-la. A impressão é que a desarticulação no Planalto se generalizou.
 
AUXÍLIO BRASIL –  Sentindo o panorama contrário à candidatura de Jair Bolsonaro, o Palácio do Planalto resolveu partir para uma ofensiva que a meu ver não resolverá o impasse governamental. Reportagem de Manuel Ventura, O Globo, mostra que o governo decidiu lançar um pacote de bondades, incluindo a elevação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, o “Pix Caminhoneiro” de R$ 1 mil e a ampliação do vale-gás. O custo fiscal das medidas teve um salto e já chega a R$ 34,8 bilhões

O presidente da República pretende que o conjunto de bondades seja pago fora do teto de gastos. As iniciativas serão incluídas na PEC dos Combustíveis, que inicialmente foi elaborada com o objetivo de compensar os estados que decidissem zerar a alíquota do ICMS sobre diesel e gás até o fim do ano. Para isso, estava previsto um montante fora do teto de R$ 29,6 bilhões. Essa iniciativa foi deixada de lado.

DECISÃO ABSURDA –   A grande maioria das mulheres tem absoluta razão, penso, em lamentar profundamente a decisao da Corte Suprema dos Estados Unidos, derrubando o dispositivo constitucional que permtia o aborto no pais. Pela decisão, contraditória, uma matéria de amplitude nacional passa a ser do arbítrio dos governos estaduais.

É um absurdo defender, como no Brasil se defende, a criminalização do aborto. Para combater o aborto só existe um caminho: o planejamento familiar efetivo e organizado. Caso contrário, continuarão a ser praticados no país mais de 1,5 milhão de abortos por ano, dos quais 300 mil acarretam complicações hospitalares.

Bolsonaro segue no páreo com a caneta de presidente, mas a reeleição está complicada

Bolsonaro: não tem como Lula estar com "45% das intenções de voto"

Ilustração reproduzida do Metrópoles

Silvio Cascione
Estadão

Entre 25% e 30% dos eleitores consideram que o presidente Jair Bolsonaro faz um bom ou ótimo governo. Ainda que não seja popular, Bolsonaro tem níveis de apoio razoáveis para os padrões da América Latina hoje, com presidentes que sofrem com luas de mel curtas e uma grande insatisfação popular. Com esses números, Bolsonaro ainda está na disputa para a reeleição.

Há uma semana, neste mesmo espaço, argumentei que a rejeição a Lula tende a subir, o que tornaria a eleição mais competitiva. Se, enquanto isso, Bolsonaro também conseguir recuperar popularidade, a eleição será ainda mais apertada.

MESMO DESAFIO – Bolsonaro tem o desafio de repetir Lula e Dilma, que viram seus índices de aprovação subir durante suas campanhas à reeleição, ainda que em contextos diferentes. Lula, em 2006, começou o ano com 36% de aprovação, viu a economia crescer e terminou o primeiro mandato com taxa de ótimo/bom acima de 50%.

Dilma, por sua vez, viveu uma situação parecida com a de Bolsonaro hoje – com grandes desafios econômicos. Na época, o Brasil estava à beira da recessão, e mesmo assim Dilma viu seus índices de aprovação saltarem de 32% para 42% entre julho e outubro de 2014.

Bolsonaro espera ter a mesma sorte em 2022. Isso, aliás, vinha ocorrendo no primeiro trimestre do ano, quando sua popularidade subiu três pontos percentuais.

PERDENDO FÔLEGO – Naquele momento, no início do ano, a economia se recuperava da pandemia, com crescimento do emprego e da renda. Mas essa recuperação já vem perdendo fôlego.

Com sua popularidade estacionada, e preocupado com uma iminente derrota, o presidente tem tentado atacar o principal problema reportado pelos eleitores – a inflação – mexendo na Petrobras e pressionando o Congresso e estados a baixarem impostos sobre as contas de luz e os combustíveis.

Quando a campanha esquentar, Bolsonaro também conta com uma forte propaganda para reconquistar eleitores que, hoje, o rejeitam.

NOVOS REAJUSTES – Há condições para que Bolsonaro vire o jogo. A economia, hoje, está melhor do que em 2014, e uma campanha eficiente pode ajudar o presidente da mesma forma como ajudou Dilma.

O problema, para ele, é que não basta uma pequena melhora: a julgar pelas pesquisas, ele precisa acelerar o passo para alcançar Lula, e o cenário econômico ainda deve trazer muitos obstáculos pela frente – a começar pela possibilidade grande de novos reajustes de combustíveis.

Além disso, a rejeição a Bolsonaro é bem maior do que a enfrentada por Lula e Dilma em eleições anteriores. A tendência é a de uma eleição competitiva – mas com Lula favorito.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Desconfio muito dessas análises que falam apenas em Lula e Bolsonaro, desconhecendo a existência dos outros candidatos. Na verdade, significam apenas ridículas tentativas de fortalecer a polarização, que é a única maneira de Lula ou Bolsonaro vencerem. Se a candidatura de terceira via passar para o segundo turno, a eleição deles já era… Mas quem se interessa? (C.N.)

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