segunda-feira, 20 de junho de 2022

 

Desempenho da terceira via na França e Colômbia anima as candidaturas de Ciro e de Simone

TRIBUNA DA INTERNET | Campanhas de Tebet e Ciro enfim articulam um pacto de não agressão e agenda comum

Reprodução do site My News, Arquivo Google)

Carlos Newton

Na França, a polarização foi para o espaço há cinco anos, quando aurgiu um político pouco conhecido do eleitorado, que jamais disputara eleições e tinha sido ministro da Economia nos últimos três anos de governo socialista de François Hollande. O consultor financeiro Emanuel Macron, com apenas 39 anos, concorreu pelo movimento alternativo “República em Marcha”, que se definia como não sendo de esquerda nem de direita.

Havia dois candidatos de direita – o ex-primeiro-ministro François Fillon, pelo partido “Os Republicanos” e a extremista Marine Le Pen pelo “Reagrupamento Nacional”. E mais dois de esquerda – Benoît Hamon, pelo “Partido Socialista”, e Jean-Luc Mélenchon, pelo movimento “França Insubmissa”.  

DOIS EXEMPLOS – O resultado foi surpreendente e consagrador. Macron, como terceira via, passou ao segundo turno e teve vitória consagradora, com 65,8% dos votos, contra a reacionária Marine Le Pen. Agora em 2002, derrotou novamente Le Pen, com 58,54% e 41,46%.

Neste domingo, a Colômbia também foi às urnas após ter rejeitado no primeiro turno a eterna polarização, formada pelos partidos tradicionais de direita ou de centro-direita, que governaram o país por décadas.

A eleição foi vencida pelo esquerdista Gustavo Petrou, que teve 50,51%, com o empresário Rodolpho Hernández recebendo 47,22%.

AQUI NO BRASIL – Os exemplos da França e da Colômbia são eloquentes e reforçam a teoria da “maioria silenciosa”, criada pelo ex-presidente americano Richard Nixon para explicar mudanças nas expectativas das eleições.  E aqui no Brasil ainda há possibilidades de crescimento para uma candidatura de terceira via, favorecendo Ciro Gomes (PDT) ou Simone Tebet (MDB).

Em recente artigo no Estadão, o cientista político Carlos Pereira fez uma importante análise das pesquisas. Destacou que, segundo a último levantamento do Ipespe, o potencial de voto de Simone Tebet seria de 32%, resultado da soma dos 7% dos eleitores que indicaram que votariam nela com certeza e 25% que sinalizaram que poderiam votar na senadora.

Além do mais, a sua rejeição é bem menor (31%) quando comparada com os 43%, 59% e 40% que não votariam de jeito nenhum em Lula, Bolsonaro e Ciro, respectivamente.

MUITOS INDECISOS – O cientista político Carlos Pereira acentuou que a pesquisa do Ipespe também indicou que há muitos indecisos e 36% dos eleitores nem conhecem Simone Tebet o suficiente, o que sugere um potencial de crescimento.

Outra pesquisa qualitativa Genial/Quaest, também de junho, confirmou que 42% dos eleitores ainda estão indecisos, sem saber em quem votar, e 35% de eleitores podem ainda mudar seu voto (dos quais, 23% em Lula, 71% nem Lula nem Bolsonaro e 28% em Bolsonaro).

As pesquisas indicam, ainda, que Ciro Gomes e Simone Tebet também são lembrados como segunda opção de votos entre eleitores de Lula e Bolsonaro, o que significa viés positivo no primeiro e no segundo turnos.

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P.S.
 – É preciso lembrar que tanto Ciro Gomes quanto Simone Tebet somente têm chances de chegar ao segundo turno se fizerem uma chapa conjunta, unindo forças para vencer a polarização. A própria senadora Simone Tebet está consciente desta necessidade e declarou ao Estadão que os dois – ela e Ciro – inevitavelmente chegarão a um acordo. É justamente isso que a maioria silenciosa está esperando, para virar essa eleição de cabeça para baixo – ou ponta-cabeça, como dizem os paulistas. (C.N.)

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