sexta-feira, 6 de maio de 2022

Jornal do Brasil

 

Coisas da Justiça: Luiz Antônio Tranjan, o ‘bilionário advogado dos pobres’

Dono do Bar Luiz perde dois sítios em ação trabalhista promovida por Tranjan e se suicida

Foto: JB
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Luiz Antônio Jean Tranjan não foi condenado como autor da morte de Bruno Kurowsky, ex-proprietário do icônico Bar Luiz. Mas é o responsável pelo óbito do empresário. Tranjan atua em ação indenizatória movida por Francisco Rios, garçom que trabalhou por cerca de 10 anos no Bar Luiz, processo que resultou em mais de R$ 3 milhões a título de decisão judicial. (Processo nº 0116000- 95.1987.5.0 1.0031)

Em outras palavras, o ex garçom recebeu, somente de indenização pelos 10 anos que trabalhou no icônico restaurante, cerca de R$ 25 mil mensais!

Para esse “bilhete de loteria”, do qual Tranjan ficou com 35% do valor (R$ 1 milhão), o “bilionário advogado dos pobres” , como é conhecido na Justiça do Trabalho, se apossou de dois sitios de Kurowsaky, após leilão judicial, o que levou o empresário a não desejar mais viver, depois de tantos anos se dedicando ao pequeno negócio. O advogado ainda cobra, além dos dois sítios, mais R$ 1 milhão em fase de execução.

 

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Crise leva Bar Luiz a anunciar fechamento (arquivo) (Foto: Reprodução do Facebook do Bar Luiz)



Fora esse processo em que resultou na morte do proprietário do Bar Luiz, Antonio Tranjan é patrono de diversas ações contra o estabelecimento, o que o torna, segundo vários frequentadores do bar, o maior responsável por seu fechamento.

Dr. Tranjan é conhecido como um homem mal-educado e ríspido com seus colegas de profissão. E não esconde de ninguém seu poder, acumulado ao longo de seus quase 50 anos de militância na Justiça do Trabalho. E, por isso, ele propaga em todos os corredores dos tribunais sua amizade com juízes e desembargadores, os quais, segundo ele mesmo, recebe para jantares em seu luxuoso apartamento no bairro do Flamengo.

Um de seus desafetos, que pediu anonimato (ele é vingativo e tem muita influência nos tribunais), declarou ao JB: “O Tranjan sabe que sua incomensurável riqueza foi conseguida por sentenças que quebrou dezenas de bares e restaurantes do Rio, levando à garra pequenos comerciantes que tiveram suas vidas arruinadas por serem condenados a pagar valores inimagináveis a favor de garçons, caixas e ajudantes de cozinha, cujos valores alcançaram, muitas vezes, a casa do milhão, como é o caso do Bar Luiz. Como pode um garçom, caixa ou cozinheiro receber milhões em indenização, valores que os donos desses estabelecimentos jamais ganhariam ou ganharam em suas atividades ? O Tranjan e a Justiça do Trabalho são os grandes responsáveis pela quebra do Bar Luiz e de dezenas de outros bares e restaurantes do Rio. A maioria dos empresários do setor é gente simples, que mal tem casa própria, e a Justiça do Trabalho, ao avalizar essas decisões e valores, arruína com o sonho de muita gente que investiu suas economias para ter um pequeno negócio próprio. E foi assim, com esses absurdos, que Tranjan acumulou sua incomensurável fortuna”, assegurou.

No caso que levou ao suicídio o dono do Bar Luiz, Tranjan disse que “pouco me importa: não matei ninguém. Só tirei dele o que a justiça me deu. E se ele se matou, o problema não foi meu”.

O que se diz nos corredores dos tribunais de justiça é que os dois sítios, mesmo ficando em nome do reclamante, serviram depois para pagar os honorários de Tranjan, que chama atenção nos tribunais por não ter foto sua em lugar algum na  internet, apesar de toda fama. 

O caso do Bar Luiz e os de tantos outros bares que fecharam por conta dos valores de ações não param. Tranjan não deixa em paz os arruinados por suas ações. Ele mesmo vai aos estabelecimentos, consome, pega a nota e pede bloqueio judicial dos valores. Quando a justiça dá provimento ao seu pedido, o dono do pequeno bar tem valores bloqueados que deveriam ser direcionados para salários e fornecedores.

Resultado: o estabelecimento não paga, perde o crédito e vai à garra. E, na maioria dos casos, a justiça atende ao pedido de Tranjan, que embolsa 35% do valor bloqueado.

Perguntado se não se preocupa com o desemprego de centenas de trabalhadores que perderam seus empregos por suas ações milionárias, Tranjan é curto e grosso : “não é problema meu”.

Perguntado, também, se acha normal um garçon ter indenizações de milhões, Tranjan também responde: “quem decide é o Juiz, a justiça. Só quero é receber meus 35 %”.

E assim é.

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