sábado, 28 de maio de 2022

 

Bolsonaro segue movimentos de Dilma para segurar preços de combustíveis nas eleições

 (crédito: VANDERLEI ALMEIDA)

Dilma segurou preços dos combustíveis para se reeleger

Rosana Hessel
Correio Braziliense

Ao trocar o comando da Petrobras pela quarta vez, o presidente Jair Bolsonaro (PL) dá uma nova cartada para tentar segurar a disparada dos preços dos combustíveis em um movimento bem parecido com o que fez a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para garantir a reeleição, em 2014.

Naquela época, os reajustes dos combustíveis e da energia elétrica foram represados e houve interferência no câmbio. As medidas não se sustentaram e a necessidade de correção dos preços acabou levando a inflação para 10,67% em 2015.

MAIOR ESPAÇAMENTO – Na avaliação de agentes financeiros, a atual política de preços internacionais da estatal, a polêmica PPI (Paridade de Preços Internacional), está com os dias contados e será modificada. As sinalizações do governo e do novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, são de que haverá um período maior para o reajuste dos preços dos combustíveis, de três meses a 100 dias.

Contudo, eles lembram que o dólar, que voltou a cair frente ao real devido à desaceleração global, tem ajudado a reduzir a defasagem dos preços praticados no mercado doméstico com os internacionais.

Conforme dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média estava ontem em 1% para o óleo diesel, e em 2% para a gasolina, considerando o dólar a R$ 4,79 e o barril do petróleo tipo Brent negociado acima de US$ 110.

IGUAL À DILMA – Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset, ressaltou que a troca do comando da Petrobras é um movimento de Bolsonaro muito parecido com o de Dilma. “Sim, totalmente. Mais um movimento populista e irresponsável”, lamentou. Ele reforçou que o mercado tem reagido mal à possibilidade de um espaçamento nos reajustes em torno de 100 dias.

Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, destacou que, por enquanto, o governo ainda não partiu para o congelamento de preços, como fez Dilma. “Nesses quatro anos de governo, não podemos afirmar que houve interferência na política de preços da Petrobras. Mas aumentou a probabilidade do ‘cenário Dilmês’, embora não seja momento de ficar especulando”, afirmou Velho. E

le considerou a reação do mercado exagerada, mas alertou que um congelamento de preços poderá gerar problemas futuros para quem estiver no poder em 2023, “seja quem for o vencedor das eleições”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O caso de Dilma era um pouco diferente, porque naquela época ainda não havia essa insana Política de Paridade Internacional nos preços da Petrobras. Agora, ao invés de mudar a forma errônea de fixar os preços, Bolsonaro quer apenas adiar os aumentos. Ou seja, está empurrando com a barriga. (C.N.)

Câmara terá a última palavra no caso do deputado Daniel Silveira, diz Arthur Lira

Arthur Lira, presidente da Câmara, é xingado durante sessão – Mais Brasília

Lira diz que cada um dos poderes deve saber seus limites

Eduardo Gayer e Izael Pereira
Estadão

Em entrevista nesta sexta-feira, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL, afirmou que o desfecho do caso Daniel Silveira vai deixar claro o limite de cada Poder na República.

O Supremo vai decidir se é constitucional o decreto de graça que perdoou o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a prisão, multa e perda dos direitos políticos pelo plenário do tribunal.

DISSE LIRA –  “Nós vamos levar essa discussão nos limites institucionais e constitucionais para termos uma saída clara de qual é o limite de cada Poder na República, e isso vai ficar claro no desfecho desse caso”, disse.

Lira acha que é mal compreendido e muitas vezes apanha dos dois lados – da esquerda “porque acham que sou aliado de Jair Bolsonaro”, e da direita “que acha que eu sou capacho do STF”. “Eu não sou nem uma coisa nem outra […] Converso com os parlamentares, converso com o parlamentar do caso, com os ministros e com o presidente da República, é a minha função”, afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Lira disse ver excessos de todos os lados envolvidos no caso, “senão nós não estaríamos nessa polêmica”.

ÚLTIMA PALAVRA – O presidente da Câmara disse compreender que o presidente pode e tem o direito constitucional da graça. Da mesma forma, sabe que o Supremo pode julgar parlamentares, mas ressalva que é o Congresso quem tem a última palavra.

“Essa limitação nós deixamos bem clara. É importante que as pessoas tenham consciência de que é preciso haver limites para todos, e a falta de limites para todos é que causa essa polêmica”, disse, sem deixar o papel que a Câmara terá nessa polêmica discussão entre o Executivo e o Judiciário.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– O caso está se complicando e agora, claramente, já atinge os Três Poderes. Mas Lira parece estar extrapolando. A Câmara é quem decide se um deputado pode ser preso ou não, mas a Constituição é omissa quanto à possibilidade de o Legislativo discutir também outras penas, como perda dos direitos políticos e pagamento de multas. No entanto, juridicamente tudo é possível no Brasil de hoje, que está em flagrante retrocesso na punição de improbidade, corrupção e lavagem de dinheiro. Se o crime tiver “motivação eleitoral”, então é uma festa, como está acontecendo no cancelamento das condenações do ultracorrupto José Roberto Arruda pelo ministro tremendamente evangélico André Mendonça. Como se sabe, Arruda também é tremendamente bolsonarista. (C.N.)

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