quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Acende o sinal de alerta para o governo: capital externo reduz aplicações na Bovespa

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Charge do Quinho (Arquivo Google)
Pedro do Coutto
No período de janeiro ao início de agosto, investidores estrangeiros retiraram 19 bilhões de reais das aplicações na Bovespa. Consequência clara da desconfiança, e que pode levar à incerteza quanto o projeto político do governo Bolsonaro. Reportagem de Juliana Machado e Lucas Hirata, no Valor de terça-feira, com base em exemplos anteriores, mostra que se trata de um sinal de alerta, consequência da falta de rumo definido pelas vacilações da política brasileira.
O período focalizado refere-se aos últimos sete meses. A matéria sustenta que esse processo superou até idêntico período de 1996.
EFEITO NEGATIVO – Esse sintoma, a meu ver, vai se refletir negativamente no projeto de privatização de empresas estatais, pois sem o capital estrangeiro a colocação de ações no mercado passa a ser menor. E, claro, dificilmente qualquer projeto de desestatização sofre as consequências de uma oferta menor no mercado financeiro, pois na época de crise a preocupação central dos investidores estrangeiros volta-se para diminuir sua participação no universo econômico do país.
Outro fato que destaca o temor foi a queda, embora pequena, dos negócios realizados no movimento de segunda-feira. A situação política funciona como um termômetro do mercado financeiro. As idas e vindas na esfera do Executivo causam o temor refletido nos negócios da Bovespa, provocando alta do dólar.
ALTERNATIVAS – A retirada de 19 bilhões de reais das aplicações acentua que capitais estrangeiros resolveram retornar a seus países ou então aplicar em outros mercados econômicos.
Sem a participação do capital externo torna-se particularmente difícil a oferta de novas ações no universo de negócios.  Isso porque se estrangeiros se afastam, dificilmente empresas nacionais poderão substituí-los.
É o caso da Eletrobrás cuja privatização foi anunciada para 2020 e terá como base um novo projeto de lei. Isso porque a Eletrobrás, segunda maior empresa estatal brasileira para ser privatizada necessita de lei aprovada pelo Congresso. O repórter Manoel Ventura, O Globo, focalizou os pontos que seriam os principais do processo de desestatização.
NOVAS AÇÕES – Ventura destaca que o governo teria que colocar novas ações no mercado, porém analistas vêm apontando redução nas disposições de empresas em assumir a participação majoritária no universo da estatal.  Por sua vez, terá de ocorrer um aporte muito grande de recursos financeiros, uma vez que Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul na realidade sustentam as posições da holding.
Com o lançamento de novas ações, qual seria o preço dessa privatização? Pessoalmente, penso que a subscrição de ações reduzirá o valor da Eletrobrás em matéria de sua presença no mercado acionário. A compra de ações vai conduzir o processo e poderá sair a custo zero para os compradores. Isso porque os que assumirem as ações passam a ser proprietários dos papeis a serem emitidos.

Sem juros subsidiados, o BNDES não serve para nada, nem mesmo para financiar jatinhos

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Fotomontagem reproduzida do Arquivo Google
José Vidal
Os empréstimos concedidos pelo BNDES visam ao desenvolvimento da indústria nacional. Até sei que esses empréstimos estavam dentro do programa de financiamento chamado Finame. O vendedor precisava credenciar seus equipamentos nacionais junto ao banco para estar apto a vender. O comprador, que precisa ser pessoa jurídica, tem de preencher requisitos para obter o financiamento. Isso, para mim, é uma ótima maneira de estimular nossa indústria.
No caso da Embraer, esses estímulos a ajudaram a crescer. As construtoras também obtém ou obtinham créditos a juros subsidiados pelo BNDES. Da mesma forma, muitas prefeituras e Estados conseguiram empréstimos subsidiados.
PAIXÃO IDEOLÓGICA – Aliás, é só pesquisar e verificar o que esse grande banco de fomento fez pelo desenvolvimento do país, em todas as áreas.  Eu apoio, sim, o trabalho e a missão do banco de fomento, mas infelizmente, parece que a paixão ideológica está conseguindo destruir sua imagem.
Quase todos os países fazem isso, estimulam suas próprias indústrias. Como eu gostaria que o Brasil aumentasse esse tipo de incentivo… Mas nós aqui, os espertos, achamos um escândalo e aplaudimos as importações de manufaturados e a exportação de produtos primários subsidiados. A obsessão por Lula e o PT parece que embotam o raciocínio dos debatedores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Gostei deste texto do Vidal. Os brasileiros precisam entender a importância do BNDES. O banco praticava juros subsidiados, mas não pratica mais, por burrice de Joaquim Levy, que ama o Aterro do Flamengo e vive fotografando a natureza legada por Burle Marx, mas deve tomar cuidado para não tropeçar e cair de boca na grama.
Levy jamais conseguiu entender que o BNDES precisa ter juros baixos para apoiar a indústria nacional. Se o empresariado brasileiro investir com financiamento bancário comum e juros à la Febraban, irá logo à falência, jamais poderá competir com a multinacional que se capitaliza paga juros correntes em seu país, que às vezes são até negativos.
IDIOTA COMPLETO – No governo Lula, quando era secretário do Tesouro, Levy vivia dizendo que os juros do BNDES tinham efeito inflacionário, o que era um verdadeiro absurdo. Na época, o economista Carlos Lessa presidia o BNDES e achava Levy um idiota completa.  
Levy esperou 15 anos até conseguir eliminar os juros subsidiados do BNDES. Hoje, o banco oferece quase 500 linhas diferentes de crédito, mas a procura é ridícula. O resultado dessa política bestial de Levy, como dizem nossos irmãos lusitanos, é que a indústria nacional está estagnada, a economia entrou em estagflação (recessão com inflação ao mesmo tempo), e as multinacionais batem palmas.
Carlos Lessa e seu parceiro Darc Costa dirigiram o BNDES durante apenas dois anos, mas inflaram as velas da economia. Quando Lula deixou o governo, em 2010, o PIB subiu 7,5%, ainda como reflexo da política de Lessa e Darc. Depois, veio o dilúvio de Mantega, Dilma e Cia. Ltda. Agora, com o apatetado Paulo Guedes à frente da economia, a tendência do Brasil é piorar, desculpem a franqueza.
JATINHOS – Quanto ao financiamento de jatos da Embraer, isso sempre houve, mas somente empresas do setor (companhias aéreas) poderiam se beneficiar dos juros beneficiados, mediante o apoio que o BNDES deu às empresas nacionais na era Lessa/Darc. Depois, os petistas abriram as torneiras para beneficiar figuras patéticas com Huck e Doria.
De toda maneira, apoiar a Embraer foi melhor do que financiar Cuba, Moçambique, Venezuela etc., que jamais vão pagar os empréstimos. A Embraer hoje brilha no céu do mundo inteiro e agora deveria estar concorrendo com a decadente Boeing, ao invés de ter sido “entregue” de bandeja ao grupo norte-americano.  (C.N.)

Senado vive uma “guerra de pareceres” sobre a indicação de Eduardo Bolsonaro

Charge do Ivan Cabral (www.ivancabral.com)
Daniel Weterman
Estadão
A indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, para a embaixada brasileira em Washington criou uma “guerra de pareceres” no Senado. Após a divulgação de um documento elaborado pela consultoria legislativa da Casa que aponta nepotismo na possível nomeação, outro parecer, também de consultores, afirma o contrário: a indicação não configuraria favorecimento indevido de um parente por parte do presidente da República.
O parecer favorável a Eduardo foi requisitado pela liderança do governo no Senado e encaminhado ao presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS). O colegiado é responsável por sabatinar os indicados para representações diplomáticas. Já o documento que considera nepotismo foi encomendado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), contrário à indicação.
LEVANTAMENTO – Bolsonaro ainda não encaminhou o nome de Eduardo para o Senado e espera que o filho tenha votos na Casa para só então enviar a indicação. Conforme levantamento do Estado, 15 senadores afirmam que pretendem votar a favor do nome do “filho 03” do presidente, enquanto 29 dizem ser contra – 29 não quiseram responder e 7 se declararam indecisos. São necessários no mínimo 41 votos para que ele seja aprovado.
Elaborados por técnicos da consultoria legislativa do Senado, os pareceres, que podem ou não ser usados pelos parlamentares na hora do voto, costumam apresentar interpretações às demandas dos senadores. A distribuição dos pedidos para elaboração de notas técnicas ocorre de acordo com a área de atuação e a disponibilidade dos profissionais, por isso podem ter conclusões diferentes.
DIVERGÊNCIA – O conflito no conteúdo dos pareceres favorável e contrário a Eduardo está na divergência sobre a natureza do cargo de um embaixador. A súmula número 13 do Supremo Tribunal Federal diz que a nomeação de um familiar até o terceiro grau para cargos de confiança viola a Constituição Federal. O STF já se manifestou com a interpretação de que, para agentes políticos, a súmula não se aplica. A dúvida é justamente se um representante diplomático é um agente político ou não.
Para os consultores Renato Monteiro de Rezende e Tarciso Dal Maso Jardim, que assinam o parecer pedido por Vieira, os embaixadores “não são titulares de órgãos de cúpula do Estado, nem atuam com a independência funcional que caracteriza os agentes políticos”. O entendimento diverge do outro parecer, que não teve o conteúdo divulgado.
NEPOTISMO – Segundo Nelsinho Trad, os diferentes entendimentos servirão como base para o relator da indicação de Eduardo elaborar seu parecer. “São vários consultores. Alguns entendem que tem (nepotismo), outros entendem que não tem. É igual no Supremo Tribunal Federal com os ministros”, disse Trad ao Estadão/Broadcast. “Tem pareceres para todos os gostos e tipos. O importante é que o relator ou relatora a ser escolhido vai ter todos esses elementos em mãos, vai fazer o relatório dele e, aí, o colegiado vai decidir se é nepotismo ou não.”
Autor do pedido do parecer contrário a Eduardo, Vieira afirmou ser preciso avaliar tecnicamente o assunto. “Não conheço o parecer (favorável a Eduardo), é preciso avaliar. Mas não adianta tapar o sol com a peneira, a única razão para a indicação é o vínculo familiar. Todo o resto é balela.”

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