sábado, 13 de dezembro de 2025

 

Trump enterra estratégia do clã Bolsonaro e expõe fiasco da ‘Operação Eduardo

Decisão ocorre quando bolsonarismo tentava respirar

Igor Gielow
Folha

Numa dessas ironias da política, coube ao ídolo do clã Bolsonaro assentar o último prego no caixão da tática encontrada pelo grupo para tentar salvar o patriarca da cadeia e punir seus adversários por meio de pressão externa.

Quando ficou claro que Jair Bolsonaro (PL) iria ser condenado pela trama golpista de 2022 no Supremo Tribunal Federal, a família enviou o filho deputado Eduardo (PL-SP) para os Estados Unidos para também engendrar uma maquinação.

ANALOGIA – Apoiado pelas franjas extremistas encarnadas por Steve Bannon e outros, Eduardo conseguiu ser ouvido na Casa Branca. Apresentou o caso de seu pai como análogo aos processos a que Trump foi submetido na Justiça americana, tendo sido eleito presidente com uma condenação criminal.

Na teoria, pressionar o Brasil com a guerra comercial seria uma forma de colocar na conta de Lula (PT) a suposta caça às bruxas contra o seu antecessor —na fantasia comprada por Trump, Executivo e Judiciário são a mesma coisa nos trópicos, um ente dedicado a perseguir a direita.

Na salva econômica, o impacto da ação dos Bolsonaros foi enorme. Eles tentaram um duplo carpado retórico dizendo que os EUA estavam punindo o antiamericanismo de Lula, mas as digitais ficaram expostas na carta com que Trump anunciava as sanções: ele queria Bolsonaro solto.

CASSAÇÕES – Depois, vieram cassações de vistos de ministros do governo e do Supremo e, cereja do bolo, a inclusão da nêmesis do bolsonarismo, Alexandre de Moraes, na draconiana Lei Magnitsky.

Desenhada para punir violadores de direitos humanos, ela tem alcance amplo na vida financeira de seus alvos: mesmo bancos brasileiros que operam bandeiras de cartões de crédito americanas ficaram sujeitos a sanções secundárias.

O bolsonarismo ficou em delírio nas suas redes, mas de curta duração e míope observação política. Primeiro, o trabalho do vice-presidente Geraldo Alckmin, empresários e do Itamaraty para reabrir canais com o governo Trump deu resultado. Do melhor clima e do caráter mercurial do americano saíram o esbarrão na ONU com Lula e a subsequente reunião entre ambos na Malásia.

CRISE – Mais algumas conversas e as sanções econômicas começaram a ser amainadas, um processo que deverá continuar salvo reviravoltas —como a crise entre Trump e a ditadura da Venezuela, que pode acabar em guerra.

A suspensão da Magnitsky nesta sexta-feira (12), também para a mulher de Moraes, mata o lado político da “Operação Eduardo”, que já havia fracassado no objetivo principal. Todo o trabalho do diligente deputado e seus associados nos EUA poderá ao fim apenas resultar a eles condenações judiciais por coação e talvez, no caso do filho presidencial, uma hoje improvável cassação de mandato.

Para Moraes, é um alívio que ocorre no momento em que as relações do escritório de advocacia de sua família com o malfadado Banco Master o colocaram na berlinda.

TIMING –  Do lado do clã, o “timing” é péssimo: pressionado com Bolsonaro preso, o lançamento da candidatura presidencial do filho Flávio bagunçou o jogo de uma direita que trabalhava para migrar para um Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), original ou genérico, em 2026.

Agora, mais um pedaço da propaganda eleitoral de uma eventual campanha do senador pelo PL-RJ foi jogado ao mar, justamente pelo homem que inspirou todo o movimento que assumiu o poder em 2019.

VITÓRIA DE LULA – O corolário de tudo isso seria uma vitória política de Lula, ainda que, por óbvio, Executivo e Judiciário sejam independentes. Afinal, qualquer derrota de Bolsonaro cai no crédito do petista, mas o problema é que as pesquisas mostram que esse efeito já se diluiu.

Na mais recente rodada de avaliação de governo do Datafolha, o gás que o combo “Brasil Soberano” e condenação de Bolsonaro havia dado a Lula se mostrou exaurido. Além disso, a eleição está a séculos de distância no tempo da política.

Isso dito, ao fim o ônus do fracasso está com os Bolsonaros: ganharam a pecha de traidores da pátria, desfraldando bandeiras americanas no 7 de Setembro, e nem a vingança pessoal contra Moraes conseguiram sustentar.

Sputnik

 

'Conversa bem-sucedida e frutífera': Erdogan avalia seu recente encontro com Putin no Turcomenistão

O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, durante as conversas realizadas em Asgabate, no Turcomenistão. - Sputnik Brasil, 1920, 13.12.2025
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, avaliou positivamente as negociações com o presidente russo, Vladimir Putin, realizadas na sexta-feira (12), em Asgabate, no Turcomenistão, à margem do Fórum do Ano Internacional da Paz e da Confiança, informa o canal de TV NTV.
Erdogan destacou que teve uma conversa muito bem-sucedida, frutífera e abrangente com o presidente russo, Vladimir Putin, durante a qual enfatizou que aguarda novos encontros com seu homólogo russo a qualquer momento.

"Por isso, concordamos que precisamos nos encontrar o mais rápido possível. Ele respondeu: 'Cumprirei minha promessa'. Espero que possamos realizar essa visita em breve", ressaltou.

Segundo o líder do Estado turco, as relações entre Moscou e Ancara não se baseiam em interesses momentâneos, mas têm raízes históricas profundas, uma base diplomática sólida e confiança mútua.
Presidente Putin se reúne com seu homólogo turco Erdogan - Sputnik Brasil, 1920, 12.12.2025
Panorama internacional
Putin e Erdogan discutem os temas mais atuais de hoje no encontro em Asgabate
Além disso, ele salientou que, durante a conversa, foram discutidas principalmente questões relacionadas ao conflito na Ucrânia e sua resolução pacífica.
Neste contexto, Erdogan apontou que, assim como todos os outros participantes, Putin conhece muito bem a posição da Turquia sobre essa questão.
"Consideramos que essa guerra deveria ter terminado há muito tempo e declaramos isso abertamente a todos os nossos parceiros", concluiu.
Na sexta-feira (12), Putin visitou Asgabate em uma viagem de trabalho. Ele participou do Fórum do Ano Internacional da Paz e da Confiança.
A agenda do presidente russo também incluiu várias reuniões internacionais: ele manteve negociações com os presidentes da Turquia, do Irã, do Iraque e do Turcomenistão, bem como com o primeiro-ministro do Paquistão.

 

Câmara vai mesmo cumprir a ordem de Moraes para cassar Carla Zambelli?

O ministro da Justiça e sua "delação verdadeira". Por Jânio de Freitas - TIJOLAÇO

Charge do Kacio (Arquivo Google)

Carlos Newton

Do alto de sua empáfia e arrogância, o corruptíssimo ministro Alexandre de Moraes, aquele que “vendeu” proteção ao fraudulento banqueiro Daniel Vorcaro por R$ 129,6 milhões, em 36 parcelas de R$ 3,6 milhões, deu 48 horas de prazo para a Câmara Federal cumprir sua ordem de cassar o mandato da deputada Carla Zambelli.

Moraes não tem caráter, escrúpulos, ética e dignidade para dar ordem a ninguém. Aliás, deveria curvar a cabeça em respeito, toda vez que cruzasse na rua com um trabalhador brasileiro que o sustenta e paga as contas de sua família, quando meliantes como Vorcaro por acaso não o fizerem.  

POR UNANIMIDADE – Como sabe que não tem moral para dar ordens a ninguém, o desmoralizado ministro teve de se socorrer na Primeira Turma do STF, para pedir que sua decisão fosse aprovada, e conseguiu que isso ocorresse por unanimidade, o que demonstra o baixíssimo nível dos ministros que hoje integram a Suprema Corte, que já não faz jus ao nome.

Mas não se esperava outra coisa, em função do deplorável corporativismo reinante, já que foram eles que condenaram Carla Zambelli, apesar de não existir nos autos uma só prova material contra ela, salvo o depoimento de um criminoso notório e reincidente, e não fica bem ministros admitindo que se equivocaram.

Em nenhum país civilizado que respeite a democracia, representante do povo é cassado sem haver provas contundentes contra ele. Mas aqui em Pindorama, como dizia Ivan Lessa, a democracia é relativa, e por isso ele pegou o avião e foi morar na Inglaterra.

DIZ A LEI – Até deputados antibolsonaristas ficaram preocupados com a interpretação da Constituição que Moraes tenta impor, sem qualquer base legal. Sabem que podem ficar na mesma posição de Zambelli, no vaivém da política.

Não está em jogo apenas a independência dos Poderes. O que vai se discutir é a imposição do Supremo como poder máximo.  A Constituição é clara, em seu artigo 55, inciso VI, ao dizer que perde o mandato o parlamentar condenado criminalmente.

Mas em seguida, no parágrafo segundo, faz importantíssima ressalva, ao prever que a última palavra é da casa legislativa: “a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa”.

PODE REVERTER – Isso significa, por óbvio, que a Câmara pode reverter a cassação e, consequentemente, a condenação criminal, caso seja considerada equivocada, como é o caso. Se a Câmara mantém o mandato, o parlamentar tem de exercê-lo livremente, não pode ser preso, é óbvio.

Na Comissão de Constituição e Justiça, o parecer do deputado Diego Garcia (Republicanos-PR) esmiuçou os autos por inteiro e não há nenhuma prova de que Carla Zambelli tenha ela contratado o hacker para gravar autoridades. Não existe essa prova, que o relator Moraes jamais apontou.

“A decisão do ministro Alexandre sobre Carla Zambelli nos mostra, outra vez, um Judiciário que deixou de aplicar a lei e passou a criar sua própria lei para interferir na política”, disse a deputada federal Bia Kicis (PL-DF).

ABUSO DE PODER – “Quando um ministro substitui a Constituição por seus pensamentos, não há Justiça, há abuso de poder. Cassar um mandato sem provas é uma grande injustiça e será também uma abertura de um precedente extremamente perigoso”, argumenta Bia Kicis.

Para a parlamentar do PL, a decisão da Câmara pode ser fundamental para que Carla Zambelli seja liberada na Itália, onde foi presa o pedido da Justiça brasileira.

“Lá na Itália, o julgamento dela é dia 18. E ela vai poder levar a informação de que a Câmara dos Deputados não coincide com a cassação dela porque sabe que a busca dela, que a específica é fruto de perseguição política”, salienta Bia Kicis.

###
PS – 
O prazo de 48 horas dado por Moraes termina neste sábado, dia 13. É evidente que não será cumprido, pois a Câmara não funciona nos finais de semana. O Jornal Nacional já anunciou que o suplente vai tomar posse. Será mesmo. Acredito que o presidente Hugo Motta irá convocar sessão para ouvir os deputados. E isso só pode acontecer terça-feira, na última semana antes do recesso. Posso estar errado, mas o plenário tentará manter o mandato de Carla Zambelli, abrindo assim uma gravíssima crise institucional. (CN)

ISTOE

 

‘Verdade prevaleceu’, diz Moraes sobre fim de sanções dos EUA

Decisão ocorre em meio à aproximação entre Lula e Trump e finaliza impasse diplomático iniciado em julho

Alexandre de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes  Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou nesta sexta-feira (12) a retirada das sanções econômicas da Lei Magnitsky, que foram aplicadas pelo governo dos Estados Unidos contra ele, sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes, e a empresa Lex – Instituto de Estudos Jurídicos, ligada à família do ministro.

+ O que muda para Moraes com o recuo de Trump na Lei Magnitsky

Durante o lançamento do canal SBT News, em São Paulo, o ministro disse que a “verdade prevaleceu” e agradeceu o empenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela atuação da diplomacia brasileira para convencer o governo do presidente Donald Trump a revogar as medidas. Lula também estava no evento.

“A verdade venceu hoje, presidente. Em julho, quando o Supremo se reuniu na presidência para tratar dessas sanções contra o Poder Judiciário brasileiro, eu pedi ao presidente que não ingressasse com nenhuma ação, que não tomasse nenhuma medida, porque eu acreditava que a verdade, no momento que chegasse às autoridades norte-americanas, prevaleceria”, afirmou.

Moraes considerou que a retirada das sanções contra ele representa uma vitória  do Judiciário, da soberania nacional e da democracia brasileira.

“O Judiciário brasileiro não se vergou a ameaças, coações e não se vergará, e continuará com imparcialidade, seriedade e coragem”, garantiu.

O ministro também avaliou que o país dá exemplo de democracia a países estrangeiros. “O Brasil chega ao final do ano dando exemplo de democracia e força institucional a todos os países do mundo”, completou.

Sanções

As sanções foram aplicadas em julho deste ano após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, atuar junto ao governo do presidente Donald Trump para retaliar Moraes pelas decisões contra Jair Bolsonaro.

A Lei Magnitsky prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras nos Estados Unidos, a proibição de transações com empresas americanas que estão no Brasil, além do impedimento de entrada no país.

Apesar das sanções, a medida teve impacto reduzido. Moraes não tem bens nem contas em bancos sediados naquele país.  O ministro também não tem o costume de viajar para os Estados Unidos.

No mês passado, Eduardo Bolsonaro virou réu no Supremo pelo crime de coação no curso do processo. O parlamentar foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela atuação do parlamentar junto às autoridades norte-americanas.

Pesar

Após o anúncio da retirada das sanções, Eduardo e o blogueiro Paulo Figueiredo, que também é réu por fomentar as sanções, declararam que receberam a notícia  da revogação com “pesar”.

“Lamentamos que a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais. A falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual”, declararam.